domingo, 23 de outubro de 2005

Recomendo:

Nesta segunda-feira, a TV Globo exibe em Tela Quente, a comédia americana Casamento Grego, uma excelente oportunidade de conhecer um pouco sobre a essência da sociedade grega atual. Há momento caricatos, mas muito do que está no roteiro se aproxima da realidade, pelo menos referente à determinadas regiões da Grécia. Eu já estive num casamento grego de cidade do interior, no norte da Grécia, dancei, me empaturrei e quebrei pratos, como reza a tradição. Recomendo o filme. O roteiro foi escrito pela atriz principal, que é descendente de gregos e viveu praticamente toda aquela situação.

Peripatos - A um passo da indignidade

Texto divulgado em minha coluna Peripatos, sexta-feira, no tablóide regional do Diário do Pará, o Diário do Tapajós, editado pela jornalista Albanira Coêlho:

Segunda-feira, 24 de outubro, Santarém completa 157 anos na condição oficial de “cidade”. Esta é uma data que não se comemora há 24 anos, desde que foi oficializada como data de fundação de Santarém, o dia 22 de junho (de 1661). Talvez fosse interessante que nossa urbis pudesse refletir um pouco sobre essa condição, nestes tempos de desalento.
Bastaram 97 anos para que aquela aldeia tapajoara, transformada em missão jesuíta pelo padre Bettendorf, evoluísse a tal ponto que a Província do Grão-Pará a elevasse à categoria de “vila” (em 1758) e outros 90 anos depois, à categoria de cidade. Ou seja, dos 344 anos recém-comemorados por Santarém, evoluímos satisfatoriamente antes de completar o segundo século de existência, mas ao que parece estagnamos no sesquicentenário seguinte!
Vivemos o sonho secular de nos transformamos em um novo Estado, mas “a bola só tem batido na trave”, como se diz no futebol (vai ver, compraram o juiz do nosso jogo...). Aí nos confortamos com a idéia de um “inimigo externo”. Quando não é o governador de plantão, e o deputado paraquedista ou o presidente da vez. Falta olharmos pro nosso umbigo e ver que o inimigo mora do outro lado do espelho.
Passamos por ciclos históricos de extrativismo como o da borracha, da juta, do ouro, da madeira, e de repente nos preparamos para o ciclo da produção de grãos. Vemos a estrada querendo chegar, o terminal graneleiro ameaçando sair, o embate entre dezenas de ONG´s ambientalistas e as “classes produtivas” de Santarém, mas não conseguimos submergir da lama em que nós mesmos nos metemos. Literalmente temos jogado nossa querida “pérola” aos porcos e trilhado o caminho da indignidade.
Senão vejamos: de todos os ciclos que vivenciamos, creio que o mais nefasto seja o das “lideranças políticas”. Nossa história registra momentos históricos de disputas entre coróneis de barranco e populistas de ocasião ( ou vice-versa). Isso nos tem criado uma séria crise de identidade política, ao ponto de centenas de aventureiros quererem lançar mão em campanhas estapafúrdias a cada ano (só para 2006, já há pelo menos uns 30 candidatos a candidato para ser um novo líder...).
Nossa política é parecida com saco de farinha em feira: todo mundo mete a mão. É só ver as pessoas que compõem a linha de frente pela criação do Estado do Tapajós: tirando meia dúzia de abnegados, a grande maioria não passa de oportunistas de olho no voto fácil. Resultado: não elegemos ninguém ou elegemos os mais medíocres. Há algum, tempo afirmei que que nossos políticos quando não são medíocres, são hilários. Agora nem isso são...
Santarém, parabéns pelo seus 157 anos como cidade. Que teus filhos sejam um dia mais dignos de tua história.

Um santareno no Rio de Janeiro

Recebi, a semana passada, um comentário no blog de um cunhado, corretor de imóveis, que mora há muito tempo na Maravilhosa...
Graande Jota!
Estive vendo seu blog... E vi coisas muito interessantes a respeito de nossa cidade, e me trouxe grandes recordações...
Vi que você mudou pouca coisa, aparentemente, lógico.
Parabéns, muito sucesso pra você, e beijos a minha querida irmã Graça e a todos os demais de Santarém.
Divaldo Pedroso (seu cunhado, Rio de Janeiro)

Esse Juva...

Tô eu aqui, atualizando meu blog depois de alguns dias parado, e o Juvenísssimo Arrudésimo, ou melhor Juvêncio Arruda, vem logo em meu socorro, postando um comentário direto de Belém...
Não peça desculpas, Jotérico.
Peça torcida aos seus leitores...quem sabe voce ganha na sena e compra uma moderníssima estação, um digitador, três repórteres, um pauteiro, um editor...... eta! Já pensou?
E as covas novas? Tem um monte de gente que já morreu, mas continua voltando por aí, né? Erráticos, errados, finados.
Er...desculpe, o poeta é voce.
Grande abraço.
Comentário do Blog: Falou Juve... Tdosos nós blogueiros inveterados precisam um dia ter uma estrutura dessa, para poder blogar à vontade... até lá continuaremos capengando... Quanto aos mortos, els devem estar ouriçados com a aproximação da data deles... o Dia dos Finados está chegando...
Juvêncio se refere ao debate sobre aproveitamento de espaços urbanos que vem se desenvolvendo no blog do jornalista Jeso Carneiro. Eu, Juvêncio e outros interresados em cultura, temos defendido o aproveitamento da escola Frei Ambrósio como espaço cultural e o padre Edilberto andou cobrando um novo cemitério, enquanto o coordenador de Cultura, Roberto Vinholte, que apóia a proposta sobre o Frei Ambrósio, estaria de olho numa das áreas do 8° BEC, para um futuro espaço cultural. E Juvêncio disse que o melhor seria utilizá-lo para o tal cemitério lembrado por Edilberto. Visite o Blog do Jeso e acompanhe este debate.

Minhas fotos

Volto a divulgar uma nova foto de algumas que tirei da cidade, em uma tarde qualquer de um domingo: Na foto, a Igreja da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, vista de um ângulo diferente. A imponência arquitetônica secular que encanta até mesmo um coração ateu.

Problemas técnicos

Que me desculpem os leitores do Blog. A falta de atualização nos últimos dias se deve a problemas técnicos que estou enfrentando com meu computador.
Até o final do mês estarei atualizando o blog de forma deficitária, ou seja, não diariamente. Estou contando com a internet de amigos ou de cybercafés.
Em novembro já terei sanado o problema com a aquisição de um novo computador, já que o meu foi pro beleléu...
"Inde datae leges, ne firmior omnia posset". [Ovídio]

"As leis foram feitas para que o mais forte não possa tudo".

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

O referendo da desilusão (Peripatos)

Artigo que escrevi ontem, na coluna Peripatos, do Diário do Tapajós:
Pra início de conversa: VOU VOTAR SIM, NO REFERENDO DE DOMINGO.
Porque? Por questão de princípios éticos e morais: sou um pacifista e não acredito que armas sejam a solução para qualquer conflito. Mas essa defesa, sei, é vaga, diante de tantos argumentos apresentados na ridícula campanha no horário gratuito de rádio e TV.
E ao que tudo indica, o NÃO tem tudo pra ganhar. Porque? Por que este referendo está fadado a marcar por definitivo a desilusão do cidadão comum pelas causas nobres. Com todas as pessoas, esclarecidas ou não, que tenho conversado a resposta sobre a pergunta tem sido a mesma: NÃO! A maioria não sabe porque, mas diz NÃO!
Chego à conclusão que o NÃO uníssono não é contra o desarmamento e sim contra tudo o que está aí. O cidadão está dizendo NÃO à corrupção, à proibição, à situação, à oposição, à poluição, à toda confusão de mais uma eleição fora de época!
O referendo já estava previsto no Estatuto do Desarmamento, quando este foi sancionado em dezembro de 2003 e a população mostrou que aprovava a medida ao entregar armas que tinha em casa. Mas agora, na hora do referendo diz NÃO! Porque então houve essa mudança?
Primeiro, porque de lá pra cá a conjuntura política nacional se deteriorou: os escândalos no governo Lula acabaram com o último pilar da moralidade no País. O Congresso, com renúncias ou cassações, enfrenta sua maior crise. E até o futebol vive as mazelas da corrupção, tirando o brilho da maior paixão do povo brasileiro. A auto-estima da nossa gente está, literalmente, na lama...
Por outro lado, entidades civis que defenderam o Estatuto como forma de diminuir a violência, não se prepararam para o referendo. Em dois anos, não ouvi falar de comitês ou plenárias regionais para amadurecer o assunto. A Igreja Católica começou uma campanha recentemente, a OAB também foi omissa e outras entidades populares sequer levaram o debate para suas bases. E os políticos da Frente Parlamentar pelo SIM estavam mais preocupados em salvar seus traseiros. O resultado é que vem por aí: um sonoro NÃO!
O lobby do comércio das armas encontrou um ambiente favorável para uma campanha movida pela negação ao princípio básico da paz, inclusive com apoio de revistas nacionais como a VEJA. Não adiantou artistas da Globo ou intelectuais de peso, como Chico Buarque, defenderem o SIM.
Conversando com jovens que defendem a rebeldia como bandeira e sempre se identificaram com o NÃO, sinto que, de repente, o referendo acabou sendo uma forma de expressar essa negação.
Acho que o SIM pode até ganhar, por uma pequena diferença. Mas tudo indica que NÃO.
Por tudo isso, remo contra a corrente da desilusão e digo: SIM!
A única arma que me permito usar é minha palavra e meu voto. Porque esse é o meu jeito de dizer não.

(Visite o site
www.referendosim.com.br)

Fim da BR-163?

Do blog do jornalista Paulo Leandro Leal:

Ministra diz que barrou asfaltamento da BR-163
Em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, a ministra Marina Silva confessou que o Ministério do Meio Ambiente trabalha para atrapalhar e impedir a instalação de obras de infra-estrutura na Amazônia.
Perguntada se seu ministério estava perdendo a guerra contra a devastação ambiental, ela disse que não, que o desmatamento estava diminuindo e que "nós conseguimos impedir o asfaltamento de uma grande rodovia na Amazônia".
Isso mesmo, pela primeira vez, a ministra confessou que trabalha para que o asfaltamento não saia do papel. Ela disse que se o asfaltamento fosse executado, aconteceria o desmatamento de 50 quilômetros de cada lado da rodovia - o que já aconteceu há muito tempo.
Ficou claro, com a entrevista da ministra, que este governo cedeu à pressão do aparato ambientalista internacional. Pior, o governo mente quando diz que está trabalhando pelo asfaltamento da rodovia, pois o Ministério do Meio Ambiente, que é do governo federal, trabalha claramente para impedir que a obra aconteça.
Comentário do blog: os estudos sobre o "desenvolvimento sustentável da BR-163" realizados pelo IPAM - Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia, na região há dois anos, já indicavam que as ONG´s pretendiam a criação de áreas de conservação no entorno da BR, como indicam os relatórios e estudos no site do IPAM, e que tiveram entre seus coordenadores na região, a advogada e Mestre em Planejamento e Desenvolvimento pelo NAEA/UFPa, Socorro Pena, cunhada da prefeita Maria do Carmo. Atendendo àquele estudo, foram criadas as áreas de conservação, como foi noticiado recentemente pela imprensa. Por isso, me soa estranho que a Ministra fale em "impedir o asfaltamento" desta BR. Se análise do PL Leal estiver correta, realmente estamos sendo enganados pelo governo federal. Não sou contra as ONG´s ambientalistas, mas acho que às vezes cometem exageros. Também não sou favorável a um asfaltamento da BR sem os devidos cuidados para a invasão de projetos que venham prejudicar a região, mas acho que enquanto o Governo Federal não tiver um plano para a Amazônia, continuaremos sendo apenas o famoso "celeiro da biodiversidade". É preciso aparelhar os órgãos de fiscalização (Ibama e Incra) para que qualquer política desenhada para cá seja efetivamente acompanhada. Mas não asfaltar a BR seria um grande equívoco.

sábado, 15 de outubro de 2005

Fundação do INKA

A foto registra a reunião dos sócios fundadores que integram a primeira diretoria do INKA - Instituto Kauré de Pesquisa e Promoção do Patrimônio Artístico-Cultural. No centro, Alenilson Ribeiro, o presidente da nova entidade. O local, no Centro Cultural João Fona, como disse no texto abaixo, foi-nos cedido pelo artista plástico e diretor do CCJF, Laurimar Leal, que também participa como membro-fundador da entidade. Além de Laurimar, também participam do INKA, o professor-doutor Anselmo Colares e a radialista e educadora Leíria Rodrigues, que não aprecem na foto pois estavam com as câmeras na mão...

Peripatos - Uma nova alternativa cultural

Texto publicado em minha coluna Peripatos, no Diário do Tapajós (14.10.05):
Desde meu retorno à Santarém, em novembro de 2004, depois de um período em que fui lotado pelo TJE para assumir a Diretoria da 6ª Vara Penal de Ananindeua, voltei imbuído de me envolver em atividades culturais.
Até então não era visto como um agente cultural, apesar de sempre achar que o comunicador de rádio ou o jornalista são vetores de propagação cultural. Além disso, minha veia poética e literária, meu passado como ator amador e meu pendor pelas artes gráficas (gibis) e pelo cinema, me empurravam para este caminho.
Como publicitário já havia sido convidado em 1998 para produzir uma peça cujo texto era de meu ídolo Chico Buarque, pelo então recém-criado Grupo de Teatro Kauré (GTK) liderado pelo pedagogo e ator Alenilson Ribeiro. No início deste ano ele voltou a me convidar desta feita para dirigir o mesmo espetáculo de então, uma boa oportunidade de mostrar que além de jornalista polêmico, de marketeiro com sucesso relativo, eu era também um agente cultural.
O espetáculo infantil (“Os Saltimbancos”) foi um sucesso de público e crítica, principalmente por introduzir duas inovações: a realização de duas sessões num mesmo dia e portas fechadas para quem chegasse atrasado para a primeira sessão.
Foi então que começamos a discutir no grupo a necessidade de profissionalização ou ainda de se criar uma ONG cultural com objetivos mais abrangentes. Na terça-feira, dia em que o GTK completou 7 anos de existência, a nova entidade cultural nasceu de fato, num local especial: o centenário prédio do Centro Cultural João Fona. Trata-se do Instituto Kauré de Pesquisa e Promoção do Patrimônio Artístico-Cultural da Amazônia , ou simplesmente INKA.
A novidade do INKA é que não se limitará às artes cênicas, abraçando as chamadas 7 Artes Clássicas, com pequenas adaptações: Teatro, Literatura (Poesia), Música, Dança, Pintura, Escultura e Audiovisual (Cinema). O grupo pretende criar 7 Núcleos de Artes, para debater cada uma destas artes e discutir propostas de incentivo, promoção e pesquisa destas. Dois núcleos já estão formados: Teatro e Dança, que serão compostos pelos atuais integrantes do GTK. Os outros virão aos poucos.
O INKA, liderado pelo próprio Alenilson, eleito na terça-feira, traz a marca do Kauré, codinome do ator santareno Manuel Maria Duarte, que faleceu precocemente vítima de câncer há 9 anos e entre os povos da Amazônia, segundo nossos folcloristas, Cauré (do nheengatu, Ka´uré) é um pequeno gavião, também conhecido por tem-tenzinho, que entre diversas lendas é tido como um símbolo de fortuna e felicidade doméstica a que muitos aspiram. É nesse espírito que o INKA, surge para ser uma nova alternativa cultural.
Por enquanto tudo é incipiente. Temos muito trabalho burocrático e a luta para angariar recursos. Mas sem utopia não se vive.

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Medo de mototaxi

A jornalista Jeane Oliveira (Diário do Tapajós), comenta o penúltimo artigo que escrevi na coluna Peripatos, republicada AQUI no blog:
Oi, Ninos
Teve um tempo no qual eu também não aceitava andar de mototaxista clandestino, mas, no meu caso, é por medo mesmo. Se já tenho receio de andar com legalizados, o receio é triplo quando se trata de clandestinos.
Mas, a pressa ou a falta de paciência para esperar um transporte legalizado nos levam aos clandestinos. Na última quarta-feira mesmo, tive que usufruir desse tipo de transporte e o cidadão parecia que ia tirar a mãe da forca ou apagar um grave incêndio tal qual a sua pressa em me deixar no meu destino.
Para completar o capacete não tinha qualquer segurança. A situação foi tão apavorante que não tive qualquer reação de pedir que ele parasse a fim de que pudesse encontrar outro transporte. Fiquei paralisada de medo e dediquei o tempo da viagem naquela moto para rezar.
Comentáriodo blog: Jeane, ao que parece com a pressão feita nos últimos dias pelas empresas de ônibus e táxis, acho que os dias estão contados para os clandestinos. Mas que isso não sirva apenas para que ônibus e táxis se acomodem e continuem prestando um mau serviço. Afinal, é público e notório que o surgimento dos mototaxistas foi uma necessidade coletiva de um transporte alternativo, ao mesmo tempo que serviu como alento para muitas pessoas desempregadas. O problema foi o descontrole do serviço após criado, que gerou as discrepâncias. Eu preferiria mil vezes andar de ônibus, se o serviço fosse bem realizado. Não faço apologia do serviço de moto-táxi, mas ainda hoje ele é imprescindível para pessoas que precisam se deslocar rápido e barato.
"De minimis granis fit magnus acervus". [Anônimo]

"De pequeninos grãos se junta grande monte".

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Idéia usurpada

A jornalista Núbia Pereira visita o blog indignada com o que chama de "apropriamento" da idéia de um vereador de Belterra por um deputado estadual em campanha, sobre notícia postada AQUI:
Só pra efeito de informação Ninos... que não sei por quem foi dada.
O projeto não pertence ao deputado Antonio Rocha e sim ao vereador Naldo (de Belterra), inclusive o Projeto foi feito por mim, a pedido do Naldo, quando eu ainda era secretária de turismo e meio ambiente, lá.
Achei uma injustiça o apropriamento, afinal de contas, eu presenciei o esforço do vereador pra transformar a estrada em rodovia. Também sei que ele ficou muito chateado de não ter sido citado no Projeto e já fez reclamações ao deputado.
Sacanagem né?
Comnetário do Blog: É Núbia, e daqui pra frente vai ter mais... Cada qual que cuide do seu cada qual... O negócio é se eleger... Não se espante que em Belém você vai ver coisas piores...

Moto-táxi: entre o céu e o inferno

Na coluna Peripatos, que publico no Diário do Tapajós, escrevi nesta terça-feira:

Na minha condição de quase-eterno andarilho-transeunte, desde que meu fusquinha azul 73 quase pegou fogo comigo dentro, há 11 anos ando por aí na dependência de uma carona ou do transporte da empresa em que estiver, para chegar mais rápido a qualquer lugar. Isso porque nosso sistema de transporte coletivo sempre foi deficitário. Esperar um ônibus é pagar por todos os pecados da nossa “pérola” (e o pior que esse pessoal não melhorar o serviço e só pensa naquilo... aumento do preço da passagem!).
Vai daí que o século 21 nos trouxe uma novidade que poderia ser a solução dos problemas dos sem-veículo: o moto-táxi. Desde o surgimento deste serviço em Santarém, tenho sido um freqüente usuário e posso dizer que já tenho know-how no assunto.
Houve um tempo em que eu, por questões éticas, só admitia pegar os regulares. Afinal, um servidor da lei não poderia andar por aí clandestinamente... Mas, de repente, mandei a ética às favas e prostituí meu assento (no bom sentido), sentando-me na primeira moto que passasse à minha frente. Isso foi acontecendo à medida em que me envolvia com tarefas das mais diversas e precisava estar, às vezes, em três lugares ao mesmo tempo...
Mas um das piores coisas desse serviço é dividir o fétido capacete que todo mundo usa. Pior ainda é a sensação de medo quando o moto-taxista quer dar uma de Valentino Rossi. E haja ziguezague entre carros... olha a velhinha!! Ei, aquele sinal não era vermelho? Cuidado com o ônibus! Mas aquela placa dizia PARE!
Na ânsia de ganhar mais trocados, muitos moto-taxistas esquecem que tem um idiota atrás e seguem tresloucadamente pelas ruas desta cidade desvairada. Marronzinhos e PM´s assistem impávidos o desvario. Autoridades discutem os índices de acidentes nas mesas-redondas do rádio e o otário aqui, esquece que o capacete fede e já se imagina dentro de uma cova!
Mas uma coisa que nunca gostei de um taxista ou moto-taxista é você dizer: vamos pra tal lugar e o cara virar e te perguntar descaradamente: “onde fica isso?” Aí é demais! Já na basta o circo de horrores que me reserva tal viagem e o cara ser um analfabeto em termos de localização?
Mas há sempre o outro lado da história. Apressado, pego o primeiro moto-táxi-de-capacete-fétido-que-passa e digo: praça São Raimundo! O cara fica estático e não diz nada. Acelera quase parando e me dá a sensação de que não sabe para onde está indo. De repente, enquanto ziguezagueia na Tapajós se vira e diz: “que praça é essa?” A vontade é descer, mas a pressa me faz engolir as palavras e mostrar com a mão: “sobe ali, é a praça que fica nesta rua!”. Ao chegarmos à praça, desço e já me preparo para esculachar o cara e dizer que poderia nem pagar pelo abuso, quando ele candidamente me diz: “me desculpe senhor, pensei que essa fosse a praça do Centenário...”
Cumprimento o cara, afinal, o jegue era eu, já que esse é o nome verdadeiro da praça. Chego à conclusão, neste meu peripatos motorizado que, “ainda há vida inteligente em alguns fétidos capacetes”...

terça-feira, 11 de outubro de 2005

Triturado e queimado pelo PT

Recebo, pela primeira vez, visita no blog, do Frei Florêncio Vaz (digno representante do povo Maytapu, do Pará):
Jota,
Cara, eu estava atrás de notícias sobre o Círio de Nazaré. Aí, um link me remeteu a outro e mais outro. Pronto! Cheguei ao teu blog para ler a polêmica sobre o Colégio Frei Ambrósio.
Como, perto dele estava a estrelinha vermelha do PT, entrei na série das tuas memórias sobre a origem santarena do partido. Não consegui mais parar. Tu tens o talento de autor de novelas. Um capítulo chamava o outro. E eu fui, fui, de um por um, até... que acabou!
Já estou na espera do próximo. Parabéns pelo jeito como tu contas a história, com emoção, graça e respeito pelos fatos. Me pareceu interessante porque falas de uma história que eu não conhecia, pois retornei dos estudos somente em 1996, quando comecei a me envolver com a criação da Reserva Extrativista (RESEX).
De repente, muita coisa começou a se encaixar na minha mente. Até compreendi porque eu, um reles mortal que fui sempre um "simpatizante" do PT, a partir de 2001 virei "persona non grata" para os caras, a ponto de ser "triturado e queimado" de todo jeito. Tudo porque ajudei também na emergência política dos "índios" daí da região do Tapajós dentro da mesma RESEX. E os índios estariam "dividindo" o movimento dos trabalhadores rurais extrativistas.
Como as comunidades indígenas não paravam de crescer (chegaram a 45, algo como 8 mil índios, em poucos anos), seria necessária uma maneira de neutralizá-los. E os índios e o Florêncio foram sacrifícados pelos tais "companheiros".
Você devia ter me contado esta história antes...
Comentário do blog: como é sabido não tenho sido displicente na atualização de meu blog. Pra completar meu computador está no estaleiro e já não tenho à minha disposição o computador do jornal, onde, no fim da noite após fechar mais uma edição, fazia minhas atualizações. O computador do fórum, nem pensar... Mas até o final desta semana resolvo meu problema e virá um novo capítulo fresquinho sobre o PT. Lá na frente quem saiba exista algo onde encaixar os "índios do Florêncio"...

Ainda o Frei Ambrósio

Como diria o Zé Simão: "continuo com a minha heróica e mesopotâmica campanha" por um espaço cultural na cidade. O artigo publicado na minha coluna Peripatos de terça-feira e republicada AQUI no blog, recebeu esse comentário de Juvêncio Arruda, meu colega marketeiro de Belém:
Jotarraz,
Especialmente a última frase de seu post remete a discussão a um novo patamar, mais elevado que o anterior.
E, o que é melhor, encurrala os (vamos marquetar?) inimigos da cultura santarena...rsrsrs.
Abraço

Novo movimento

Mais uma vêz, lideranças empresariais se movimentam para tentar tirar a região Oeste do Pará do marasmo econômico e social:
A formação de quatro comissões - Econômico e Social, Articulação Política, Marketing e Articulação Regional - foi a primeira medida tomada por entidades empresariais, populares, de ensino superior e instituições públicas, com o objetivo de formar uma frente de articulação regional com a finalidade de fortalecer a região do ponto de vista político e econômico.

Desde o dia 17 de setembro uma série de reuniões vem sendo realizada na sede da Associação Comercial e Empresarial de Santarém, tendo alguns pontos já definidos: busca do entrosamento e apoio de empresários e políticos nos 25 municípios do Oeste do Pará; início de estudo para montagem de um banco de dados econômicos, ações a serem desenvolvidas em favor de candidatos locais para as próximas eleições; cobrança de participação das prefeituras.
Nessa linha, a coordenação do movimento reuniu, quarta-feira última com o ex-prefeito Lira Maia, o vereador Rui Corrêa, o representante da prefeita Maria do Carmo e o representante do deputado Antonio Rocha. O encontro teve o objetivo de cobrar deles maior compromisso com a região e ações para combater a forte crise econômica que atinge os municípios do Oeste paraense.

As comissões devidamente constituídas, nas suas respectivas funções já começaram atuar. A que trata da parte econômica e social, que tem a coordenação do economista José de Lima Pereira, já está trabalhando na formatação de um banco de dados para subsidiar todo o movimento; a comissão de articulação política, coordenada pelo presidente da Associação Comercial e Empresarial de Santarém, Renato Dantas, já convidou para uma reunião os possíveis candidatos a cargos eletivos para o Consegresso Nacional e Assembléia Legislativa, com a finalidade de esclarecer a eles as propostas do Movimento, dentre elas o fortalecimento político regional nas próximas eleições; a comissão de marketing, que tem como coordenadora a diretora executiva da TV Tapajós, Vânia Maia, trabalha na definição das estratégias de divulgação para conquistar principalmente o apoio da massa popular; e a comissão de articulação regional, sob a coordenação do professor Edivaldo Bernardo, está articulando a realização de encontros regionais. O primeiro deverá acontecer em Santarém e os demais em cidades estratégicas da região Oeste do Pará.

Razões - O Movimento pela Dignidade partiu da iniciativa das principais entidades empresariais de Santarém diante da grave crise enfrentada em todos os setores da economia. Começando pelo setor madeireiro, onde as demissões de trabalhadores já ultrapassam as 500, com várias empresas paradas, atingindo o comércio com elevado índice de inadimplência. O setor de grãos está com um grande volume de produção sem ter onde estocar. Além disso, muitos produtores estão impedidos de produzir por falta de documentação fundiária e devendo para os bancos.

Na outra extrema estão as leis ambientais que engessam toda a economia, priorizando o extrativismo. Os governos federal e estadual lançaram o manto do abandono sobre a região e não realizam obras capazes de ajudar no desenvolvimento. Fazem apenas obras paliativas para atender a grita internacional contra a devastação ambiental que é monitorada por ONGs do mundo inteiro instaladas na região. Diante de tudo isso, a idéia é fazer um levante regional que signifique uma reação popular a tudo isso, desenvolvendo campanhas mensais sobre temas específicos, com manifestações de protesto e busca de soluções.
Comentário do blog: não serei eu a melar qualquer movimento que traga desenvolvimento para a região, mas infelizmente estou cético em relaçao a mais este movimento, pois acho que nosso problema é a falta de lideranças comprometidas REALMENTE com o desenvolvimento. A crise é crônica e só fica evidente cada vez que chega uma eleição. A Associação Comercial tem se esforçado para ser o vetor destas forças, mas sinceramente, não tem sido competente para aglutinar a grande massa. Por outro lado, os movimentos sociais estão ineptos e nossos políticos continuam pensando em seus umbigos. Conclusão: vamos continuar sem representação política e os sonhos de desenvolvimento continuarão adiados. Apesar de tudo, acredito que um dia chegaremos lá. Só não sei quando...
"Vis consilii expers mole ruit sua". [Horácio]

"Força sem prudência desmorona pelo seu próprio peso".

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Peripatos - Espaço cultural

Publicado no Diário do Tapajós, hoje, o segundo artigo de minha coluna Peripatos:
A cultura tapajônica precisa de espaço

As novas gerações culturais de Santarém viram surgir movimentos na década de 1980 como o Canto de Várzea, os grupos de teatro da ATAS e até uma iniciativa pioneira de um grupo denominado Arte Clube Acauã, que trouxe para Santarém sessões de filmes clássicos de cinema, numa tentativa de estabelecer um cineclube.
Mas estas manifestações encontraram a barreira da falta de espaços adequados para seu desenvolvimento. Se antes havia um Teatro Vitória, um Centro Recreativo ou ainda um Cinema Olímpia, onde a cultura parecia se perpetuar, a nova geração foi vendo seus espaços se minguarem, reduzindo-se a malfadada Casa de Cultura.
Recentemente participei de um interessante debate na internet sobre a possibilidade de criação de um novo espaço cultural, no que restou da antiga Fortaleza do Tapajós onde se situa o mais bonito mirante da cidade (foto). O problema é que lá existe o tradicional colégio Frei Ambrósio e qualquer movimento que seja feito neste sentido, recebe uma reação ruidosa que usa sempre o pretexto da tradição do colégio de 105 anos.
A escola Frei Ambrósio, apesar de ser de ensino fundamental, está vinculada ao Governo do Estado e o prédio faz parte do patrimônio estadual. Para que o município possa, efetivar qualquer projeto na área, seria necessário primeiro municipalizar o ensino e a administração municipal absorver todas as escolas de nível fundamental, inclusive as instalações, coisa que a atual administração estadual se recusa em providenciar.
Volto a defender aqui, repetindo o que já disse no debate na internet, três aspectos fundamentais que derrubam a tese da tradição do local para o colégio e espero ampliar este debate com o diretor do colégio, que se mostra sensível à cultura:
1) a Escola Frei Ambrósio realmente tem mais de 100 anos de fundação, mas o prédio original não foi construído neste espaço. Na verdade, segundo anotações históricas, este é o terceiro lugar onde funcionou a instituição e em nada afetaria a tradição do colégio uma nova mudança de local;
2) Os alunos que estudam no Frei Ambrósio, em sua imensa maioria vêm da periferia, onde inclusive já existem escolas para atendê-los. Nada contra alunos quererem estudar no centro, mas dentro de um processo de municipalização e levando-se em conta gastos com meia passagem, seria prudente que eles optassem por escolas mais próximas de suas residências.
3)Para finalizar, a construção de um centro cultural ou qualquer coisa do tipo naquele local, seria um benefício a toda a cidade e não somente a um grupo de alunos.
Será que é difícil se pensar em sentimentos mais coletivos e não segmentados?

Pra descontrair

Piada que circula na Internet.

Mulheres de Chico

A letra de Mulheres de Atenas divulgada no blog (acesse AQUI), gerou os seguintes comentários:
Sônia Lira
Muito obrigada. A música é um primor. Sempre uso como exemplo do que nós mulheres não devemos fazer.
Jeane Oliveira
(jornalista, do Diário do Tapajós)
Eu também gosto bastante dessa música. Não sou uma grande fã de Chico como você, mas também aprecio algumas letras.

Caravana do esporte em Santarém

Dez municípios indicados pelo Unicef - Fundo das Nações Unidas para a Infância, com base no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), vêm recebendo desde o ínicio de 2005 a visita da Caravana do Esporte, programa apoiado pela ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei, Ana Moser (foto), fundadora da ONG Instituto Esporte e Educação.
Os municípios escolhidos para receber a caravana são: Alcântara (MA), Soure (PA) e Caiarapó (MS) Boa Vista do Ramos/AM, Curaçá/BA, Formosa/GO, Palmeira dos Índios/AL, Caracol/PI, Conceição do Coité/BA e Santarém/PA
A Caravana veio a Santarém através de indicação do UNICEF - Fundo das Nações Unidas pela Infância devido a parceria existente com a Diocese de Santarém através do Projeto Rádio pela Educação.
Chegada a Santarém
A Caravana do Esporte chega neste sábado (08/10) a Santarém, às 15h00.
De acordo com a coordenação do projeto, na equipe vêm os atletas:
- Patrícia Medrado – tenista medalha de prata nos jogos Pan-americanosdo México em 1975
- Suzete Gobbi – ex-capitã da seleção brasileira de basquete (jogou com Hortência)
- Manoel Maria – ex-jogador de futebol, santareno, foi parceiro de Pelé e fez carreira no Santos
- Daniel Rodrigues – campeão brasileiro de canoagem.
No dia 11 de outubro está prevista a chegada do atual Secretário de Juventude do Estado de São Paulo, o iatista Lars Grael.
Cidadania
A proposta do Caravana do Esporte é levar a prática esportiva segura para regiões do interior do País e possibilitar que crianças e adolescentes de baixa renda tenham acesso a aulas de basquete, vôlei, futebol, tênis, handebol, atletismo e jogos cooperativos. A Caravana fica dez dias em cada localidade e oferece às comunidades ações esportivas adaptadas a cada realidade. São técnicas de desenvolvimento motor e raciocínio, além de atividades lúdicas complementares à educação, como arte, música, comunicação, preservação ambiental, saúde e saneamento.
A Caravana trabalha com crianças e adolescentes de 7 a 14 anos, professores de escolas públicas, lideranças comunitárias e familiares. O programa, que tem o apoio de 13 institutos, fundações ou atletas, visa resgatar valores como auto-estima, companheirismo e convívio social. A meta é atender 5 mil pessoas este ano."A nossa intenção é possibilitar, por meio de uma linguagem acessível, o acesso ao esporte, aliando atividade esportiva à inclusão social e à educação. Queremos mostrar a ação eficaz do esporte como elemento educacional de transformação social", explicou Ana Moser.
Programação
As atividades com as crianças da Rede Municipal de Ensino começam nodomingo pela manhã no campo do DER – na Prainha, obedecendo a seguinte programação:
Domingo (09.10) – Escolas Santa Luzia e Ubaldo Correa (Santarenzinho)
Segunda (10.10) – Escolas Delfina de Jesus (Aeroporto Velho) e Princesa Isabel (Nova República)
Terça (11.10) – Escolas Padre Manuel Albuquerque (Prainha) e alunos de Belterra
Quarta (12.10) – Escola de Vila Franca (região de várzea)
Quinta (13.10) – Escola Frei Rainério (Urumari) e Escola MárioImbiriba (Interventoria)
Mais de 500 crianças vão ser atendidas. Nesse mesmo período também vai ser realizada capacitação de professores que vão receber orientações para continuar as atividades esportivas nas escolas.
Comentário do blog: fui um dos primeiros a noticiar a chegada da Caravana à Santarém, quando ainda estava no Diário do Tapajós. Na época, depois de um contato inicial com a Ansleíria Rodrigues, do Projeto Rádio Pela Educação, busquei informações na internet sobre o projeto. O que me estranha na relação acima é que não tem estrelas do esporte mais conhecidas, que constavam da relação dos que visitaram outros municípios no primeiro semestre. Na relação que divulguei no jornal constavam os nomes da própria idealizadora do projeto, Ana Moser, Fernanda Keller (triatletismo), Flávio Canto (judô), Jackeline Silva (volei de praia), Janeth Arcain (basquete), Jorginho (futebol de areia), Raí e Sócrates (futebol). Ou eles tem agenda cheia ou Santarém não está no mapa deles. Mas enfim, às vezes não basta uma estrela para se fazer um bom trabalho.
"Sanis hominibus publica privatis potiora sunt". [Sêneca]

Para os homem de bom senso, os interesses públicos vêm antes dos particulares.

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

Momento Chico - a pedidos

A leitora do blog que se assina Sônia Lira, encantada com o último "Momento Chico" divulgado AQUI, implora:
"Gostaria de ver também a letra da música Mulheres de Atenas, que é espetacular. É uma reflexão fantástica sobre o que a mulher não deve ser: submissa.
Sônia Lira"
Comentário do blog: seu pedido é uma ordem, Sônia, principalmente tratando-se de Chico Buarque. E essa canção é realmente uma pérola da MPB e o que você notou realmente é verdade. Mulheres de Atenas é um libelo à emancipação feminina, muito embora não tenho sido entendida pelo movimento feminista brasileiro, na década de 1970, quando Chico a lançou. Usar a imagem de submissão das mulheres retratadas na Odisséia e na Ilíada de Homero, foi uma grande sacada de Chico, para denunciar essa condição. Dedico essa canção ao amigo Grazziano Guarany (fã especialmente desta música) e à minha filha, que também se chama Helena, como homenagem a mais famosa das Helenas da mitologia. Eis a belíssima letra:
Mulheres de Atenas
Chico Buarque - Augusto Boal (1976)
Para a peça Mulheres de Atenas de Augusto Boal
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas
Quandos eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
Carícias plenas
Obscenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas
Helenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos, só têm presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas
Morenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas

Minhas fotos

Mais uma foto produzida por mim, num momento de inspiração, numa tarde de domingo qualquer... O velho coreto da praça da Matriz, vista de outro ângulo. Com uma digital na mão fica fácil...

Convite tentador

O onipresente Juvêncio Arruda (aquele que gosta de dar "teco" nas coisas de Santarém, mas considera ser apenas um "tico"), traz uma observação é um convite para o blog:
Jotíssimo,
Tens que atualizar o...não sei se é assim...o frontispício do teu blog, agora sem a função no Diário. Mas dá um jeito de manter aquele final sobre a tinta que corre nos canos...é muito legal,vale a pena ficar.
Abraço do já amigo Juva.
P.S.: já chegaram os patinhos, vou buscar a maniçoba amanhã, na quinta tempero um pernil prá assar sábado no forno da padaria debaixo do prédio - que faz os melhores sonhos e caracóis da cidade - e ainda tem um miolo de alcatra prá aplicar uma receita familiar, mal passado, sangrando.
A cunhada vai trazer pastéis de Santa Clara. Você sabe,cunhada ou é xodó ou é porrada..rsrs.
Estão convidados, ok?
Comentário do blog: taí uma tradição pai d´égua em Belém. Infelizmente fica pra próxima, Juva. Quanto ao "frontispício", ou perfil no alto da página, se você notar, já foi mudado. Ainda estou tentando me acostumar com a nova realidade. Apesar de ter mais tempo, ainda preciso mudar minha conexão caseira de discada para banda larga, e aí sim, poder atualizar com mais freqüência, este pobre blog...

Peripatos

Lancei ontem, no suplemento regional do Diário do Pará, uma nova coluna jornalística: PERIPATOS. A partir de agora, todas as terças e sextas escreverei esta coluna no Diário do Tapajós, que agora terá como editora a colega Albanira Coêlho.
A coluna será divulgada aqui no blog sempre no dia seguinte à publicação. Eis o texto de estréia:
Um novo passeio filosófico

Começo aqui e agora um novo caminho jornalístico, nesta coluna de nome esquisito. Pra quem me conhece, ou estudou um pouco de filosofia grega, deve saber que a palavra é de origem grega, como eu.
Ao retornar da Grécia, onde vivi entre 1988/1991, imaginei trilhar novos caminhos baseados nos ensinamentos filosóficos de meus ancestrais gregos, principalmente Aristóteles de quem me tornei fã. Estudei na universidade que leva seu nome, em Salônica, visitei as ruínas do castelo onde Alexandre, o grande, recebeu seus ensinamentos e sempre que ia para Atenas, não deixava de visitar a ladeira norte da Acrópolis, onde podia andar no antigo peripatos, o caminho coberto que fazia parte do Liceu, ginásio dedicado a Apolo Lykeios no qual o filósofo teria começado a ensinar sua doutrina.
Segundo consta nos apontamentos históricos, as aulas e discussões ocorriam naquele passeio coberto (em grego, peripatos), surgindo assim a filosofia peripatética de Aristóteles, baseada no diálogo com seus discípulos, enquanto caminhavam.
Aristóteles premiava o diálogo e a divulgação do conhecimento para a consecução do saber, ou seja, tudo que saía dos debates nas longas caminhadas era transformado em algo escrito. A leitura de outras obras embasava suas teorias, deixando de lado o empirismo de outros sábios, como Platão, seu mentor.
Vai daí a idéia que eu tinha em escrever sobre esta cidade, a partir de caminhadas, filosofando sobre esta “pérola abandonada”, meu Olimpo de observações. Não que eu possa chegar aos pés de um Aristóteles! Nem é essa a intenção. Na verdade, através do que eu possa escrever, seja feita uma homenagem ao método empregado pelo grande mestre.
Como não tenho um veículo próprio há muito tempo e precisava caminhar para queimar “algumas gordurinhas”, me propus a conhecer a cidade de ponta-a-ponta vendo os detalhes bons ou maus e fazendo juízo de valor. Sem discípulos, encontro as pessoas que me contam estórias e me dão opiniões. Elas não buscam um sábio, mas querem um porta-voz jornalista para suas ansiedades.
No meu peripatos do dia-a-dia encontrei o primeiro percalço: as calçadas de Santarém. Como andar numa cidade cujas calçadas são extensão das casas e cada pessoa a molda à sua imagem e semelhança? Cheguei a pelo menos uma conclusão: se a filosofia ocidental, predominantemente marcada pelos ensinamentos aristotélicos, dependesse do “peripatos da pérola”, já teria se acabado num tropeção... Triste vida de um filósofo dos trópicos...
Mas continuarei por aqui, no Diário do Tapajós, andando neste peripatos, ou melhor, driblando todos os empecilhos que possa imaginar nossa vã filosofia...
"Ab amante lacrimis redimas iracundiam". [Publilio Siro]

"Acalma com tuas lágrimas a cólera de quem te ama".

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

Jura Secreta

A música Jura Secreta é uma das canções mais lindas da MPB:

Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que eu não roubei
A jura secreta que eu não fiz
A briga de amor que eu não causei
Nada do que posso me alucina

Tanto quanto o que não fiz
Nada do que quero me suprime
Do que por não saber que ainda não quis
Só uma palavra me devora

Aquela que o meu coração não diz
Só o que me cega, oque me faz infeliz
É o brilho do olhar que eu não sofri

Sueli Costa & Abel Silva

Se vocë quer saber como ela foi criada entre no Blog Planeta Música, de Pedro Fernando (acesse AQUI)

domingo, 2 de outubro de 2005

Momento Chico

Depois de algum tempo sem divulgação, volto com a seção Momento Chico, onde você pode curtir algumas das mais belas canções do maior poeta deste Brasil, do qual sou fã nº 0, sendo um dos objtivos deste blog (leia no perfil acima) a divulgação deste mito. Com vocês...

Basta um dia (1975)
Para a peça Gota d´água
de Chico Buarque e Paulo Pontes

Pra mim
Basta um dia
Não mais que um dia
Um meio dia
Me dá
Só um dia
E eu faço desatar
A minha fantasia
Só um
Belo dia
Pois se jura,
se esconjura
Se ama e
se tortura
Se tritura,
se atura e
se cura
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só
O que eu pedia
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia
Só um
Santo dia
Pois se beija,
se maltrata
Se come e
se mata
Se arremata,
se acata e
se trata
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só
O que eu pedia, viu
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia

Imagens de domingo

No meu primeiro domingo livre da responsabilidade de editar um jornal, dei uma volta por alguns pontos da cidade que sempre me encantaram desde que cheguei aqui, em março de 1978.
Com uma máquina digital na mão, testei meu potencial como fotógrafo e registrei as seguintes imagens:
O coreto da praça da Matriz, parte do complexo arquitetônico que vai da praça Monsenhor José Gregório até a praça do relógio. Uma sugestão à Maria do Carmo: já que a onda é revitalizar praças, porque não fazer isso nestes cartões postais? A da Matriz até que não está feia, mas a do Relógio e adjacências...
A foto acima é o 3 x 4 de uma tragédia urbana contra o patrimônio histórico de Santarém. O velho sobrado apela para que se PARE com o seu abandono. Ele está novamente à venda, mas na verdade, seu abandono é uma morte lenta, até que ele caia, e surja em seu lugar algum prédio moderno e frio.
Quando é que alguma autoridade vai criar vergonha e salvar um dos poucos prédios de arquitetura tão bonita, que pede socorro?

Para encerrar essa primeira série de fotos, uma cena lúdica que eu vivenciei logo nos primeiros meses que aqui cheguei, o joguinho de praia em frente ao antigo Hotel Uirapuru. Nunca fui craque, mas pelo menos sempre tive vaga, nem que fosse no "time da grade". A praia voltou a ser limpa para a prática deste esporte, quem sabe um dia desses vou lá lembrar dos meus tempos de Robinho (com cãimbra)...

Aeroporto

Também no Diário do Pará deste domingo, uma nota interessante na coluna de Mauro Bonna:
Santarém recebeu um incremento de 42,86% em carga aérea, no acumulado até agosto. O maior entre os aeroportos do Pará.
Comentário do blog: se isso é verdade, porque o Infraero, que administra 66 aeroportos em todo o Brasil, não melhora as instalações de nossa pobre estação de passageiros? Fui em busca de informações no site da estatal e ao digitar a palavra "Santarém", para saber sobre algum investimento para o aeroporto local, encontrei apenas esta notícia, de 21/06:

Acesso sem fio à internet é ampliado nos aeroportos brasileiros

Para atender a um público cada vez mais exigente e constantemente conectado, a Infraero disponibilizou a infra-estrutura de rede local de comunicação de dados nos aeroportos para fornecimento de conexão sem fio à internet. Em junho de 2005, 29 aeroportos em todo o Brasil são hotspots para conexão Wi-Fi (wireless fidelity, ou fidelidade sem fio). Em breve, mais 14 aeroportos administrados pela Infraero contarão com este serviço, implementado em parceria com a Vex (Pointer Networks S/A), Brasil Telecom (BrT Serviços de Internet S/A) e Telefônica (Assist Telefônica S/A). As empresas são responsáveis pela instalação dos equipamentos nos pontos de acesso (...)

(...) Até o final do mês de julho estarão sendo contemplados os aeroportos de São Luiz, Santarém, Cuiabá, Palmas, Uberaba, Montes Claros, Corumbá, Boa Vista, Porto Velho, Rio Branco, João Pessoa, Maceió, Teresina e Aracajú.
(Leia a notícia completa AQUI)
SERÁ QUE ISSO É VERDADE?

Uma PA em Belterra

Deu na coluna do Hélio Gueiros, neste domingo, no Diário do Pará:
"Belterra teve a primeira pista para pouso de avião no Baixo Amazonas. Em Belterra, também, foi instalado o primeiro aparelho de Raio X na Amazônia.
Relembrando esses fatos, o deputado Antônio Rocha acha que o governo do Estado deve dar maior atenção às necessidades e reivindicações do município que dispõe de 22 belíssimas praias, entre elas a de Aramanaí, um recanto tão bonito como Alter do Chão.
- O problema - diz o deputado - é que o acesso a essas maravilhas da natureza tapajônica está prejudicado pelo péssimo estado das rodovias.
Antônio Rocha apresentou projeto na Assembléia Legislativa transformando a Estrada 07, que interliga grande parte de Belterra, em rodovia estadual, o que será importante fator de desenvolvimento da economia e do turismo de Belterra.
Para Antônio Rocha, o município não dispõe de recursos financeiros para execução das obras mas a transformação da ligação em rodovia estadual pode resolver o assunto.
O parlamentar santareno espera sensibilizar o governador Simão Jatene para o problema".
Comentário do blog: o deputado Antonio Rocha corre atrás de votos em Belterra propondo a criação desta PA. Mas será que a solução para o asfaltamento desta estrada é transformá-la numa via estadual? Se assim fosse, a Curuá-Una estaria um tapete...

Solidariedade marketeira

O já amigo Juvêncio Arruda, presta sua solidariedade ao ex-editor do Diário do Tapajós (Leia AQUI)
Tenho certeza que os leitores do Diário vão perder...
mas a mulher, os filhos, os cachorros, o grupo de teatro, a Justiça, o curso de jornalismo, os amigos e o blog (ufa!) vão ganhar.
Meu apoio, Grego.
"Non opus est verbis, credite rebus". [Ovídio]

"Não há necessidade de palavras; confiai em fatos".