domingo, 29 de janeiro de 2006

Ervas daninhas renascem mais fortes, quando adubadas

"A democracia brasileira ainda é frágil. Se compararmos nosso estágio político com o da evolução do Homem poderíamos dizer que saímos apenas do período Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada (Ditadura) para o período intermediário da evolução da espécie humana, o Mesolítico (Eleição direta)".
Este é o trecho inicial do meu artigo semanal no Diário do Pará, publicado na coluna PERÍPATOS. Acesse o restante do texto intitulado "Ervas daninhas renascem mais fortes, quando adubadas", no link da coluna.
E falando na coluna Perípatos, a coleguinha Cleuma Lima (centro), jornalista santarena que reside em Manaus, fez o seguinte comentário sobre o post "BBBem longe da televisão":
Oi Ninos, o polêmico,

Entrei agora no blog e achei muito oportuno seu texto BBBem longe da televisão.
Já tem um bom tempo que raramente assisto a programação da tv aberta, salvo uma única opção, a TV Cultura de SP.
Pois bem. Com relação ao BBB, deveria chamar-se Big Besteirol!!!
Acompanhei trechos da primeira edição pra eu ter certeza, que jamais perderia meu tempo assistindo um programa que em nada acrescenta ao telespectador.
Ser ex-big brother virou "profissão"! Entrar na casa do Grande Irmão; traz fama! Mas o que é ser famoso? Apenas aparecer na televisão? Ser famoso é muito mais que isso. Ser famoso, é fazer algo que possa beneficiar a sociedade. Fica a pergunta: Que tipo de contribuição o tal BBB deixa? A idiotização da TV. Sou solidária a você Ninos: Também vou ficar BBBBBBBBBBBBBBem longe da Televisão!
Beijos,
Cleuma Lima
Falando em Manaus, interessante a polêmica levantada no Blog do Jeso, sobre o conflito entre manauras e paraenses, que ganhou contornos de tragédia amazônica!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

Diário do Tapajós na Net

"Carnaval? Que carnaval? Há muito tempo que a quadra momesca em nossa cidade não passa de uma tragicomédia de erros.
Este ano, com a saída do competente (um dos poucos da atual administração)coordenador de Cultura, Roberto Vinholte, o tal do “carnaval santareno” ganhou ainda mais em tragédia, mas no final, sem dúvida, não passará de uma triste comédia".


O texto acima faz parte do meu artigo semanal que escrevo na Coluna Perípatos, publicada na edição regional do Diario do Pará.
A partir de hoje não vou inserir o texto completo em meu blog, pois agora já pode ser lido no próprio site do jornal de Belém, que passou a publicar todas as reportagens e artigos num link próprio para o Diário do Tapajós.

Leia o restante do meu artigo "Aqui, nem tudo acaba em samba..." clicando AQUI. Só faltou ser colocado o crédito deste escriba, mas na próxima publicação creio que o erro será reparado.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

BBBem longe da televisão(*)

No dia 31 de dezembro, enquanto pipocavam fogos de artifício e alguém me encharcava de champagne, me concentrei em meus votos pessoais para 2006 como faço todos os anos. Defini algumas prioridades tipo “este ano vou emagrecer 10 quilos” ou “tentarei acertar meu voto”. Mas talvez uma das mais importantes foi... “não assistirei ao Big Brother Brasil”!
É o segundo ano consecutivo que me imponho esta última barreira, como forma de não me idiotizar por completo com este tipo de programação.
Desde criança, me acostumei a conviver com o fascinante mundo da TV. Parte da minha cultura advém dessa mídia e da leitura de livros e revistas, além da condição sine qua non de ser cinéfilo (numa cidade de um cinema só, é quase impossível praticar este último vício). Criei um filtro e busco sempre um pouco de vida inteligente na TV.
Posso dizer que convivi com um período rico da produção televisiva no país, que perdeu muito de seu conteúdo da década de 1990 para cá. Hoje as opções são algumas boas novelas (raras), minisséries ou seriados americanos (24 horas é um dos ótimos da nova safra).
Mas uma das grandes pragas da TV atual são os tais “reality shows”, como o BBB.
Confesso que assisti a 1ª edição por curiosidade e acabei engatando a 2ª versão, quando percebi que não passava de um grande besteirol. E num puro masoquismo, ainda acompanhei a 3ª versão tentando me convencer de que fazia isso como forma de “ter uma visão crítica” daquela baboseira! Lêdo engano. Cheguei à conclusão de que estava sendo dragado para o lado fantasmagórico da TV como a menininha do filme “Poltergeist”, uma das primeiras obras-primas de Steven Spielberg.
Resolvi parar com a nóia e me “enclausurei” no mundo: ano passado não assisti nenhum dos programas, mas quando chegava no trabalho a primeira coisa que ouvia dos colegas era “assistiu o BBB ontem?”. Diante de minha negativa, a pessoa solidariamente passava a me narrar com detalhes o capítulo... “Me desculpe, mas não quero saber”, dizia eu tentando explicar que havia decidido não me corromper com o programa. De repente, sentia sobre mim olhares de menosprezo ou no mínimo de comiseração. Talvez alguém até me chamasse de doido. “Como pode alguém ficar sem ver o BBB?”
Este ano vou repetir a dose, mesmo sabendo que é quase impossível não ficar sabendo do que ocorre no programa. Primeiro, que a todo intervalo terá sempre a mãe de algum BBB chorando e implorando ao público que não vote em seu filho. “Ele(a) é uma pessoa tão boa!”, dirá a mãe com o olhar choroso de quem sente que aquele milhãozinho esta se esvaindo entre os dedos. Além disso, em todo o lugar que se vá terá sempre alguém comentando as virtudes ou defeitos de um dos BBB´s, ou suspirando pelas “boazudas” e pelos “gatos”...
A mediocridade está no ar.
E eu, BBBem longe da TV.
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(*) Artigo inserido em minha coluna Perípatos, publicada nesta sexta-feira (13.01.2006) no Diário do Tapajós, encarte regional do Diário do Pará.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

Falhar é humanamente necessário (*)

Esta semana participei de mais uma das muitas mesas-redondas para as quais fui convidado por colegas jornalistas. O objetivo era avaliar o último pronunciamento do ano do presidente Lula, que viveu o seu pior ano de inferno astral por conta do famigerado “mensalão”. A certa altura do debate, o colega jornalista (Ormano Sousa) que participava do mesmo programa, chamou a atenção para a postura um tanto messiânica do presidente, que há algum tempo declarou que “todos têm o direito de falhar, eu não”. Dizia o colega que tal postura revelava uma tendência para a divinização, típica de muitos políticos que tem como conselheiro o próprio espelho.
Pensando nisso, passei a refletir o quanto esse tipo de atitude no nosso dia-a-dia pode prejudicar nossa consolidação como ser humano. E aí lembrei de um bonito texto que circula na internet de autoria de um professor, cujo nome não recordo, que falava exatamente dessa necessidade de se conviver com as falhas que cometemos no cotidiano.
Em seu texto, o autor partia da comparação entre uma metrópole que é sempre afetada por abalos sísmicos por conta de falhas geológicas e outra onde tudo parece perfeito, por não ter esse tipo de falha. Ele defendia que “pessoas perfeitas são como, uma cidade quase perfeita: linda, sem fraturas geológicas, onde tudo funciona e você quase morre de tédio”.
Para ele, “as pessoas, como as cidades, não precisam ser excessivamente bonitas. É fundamental que tenham sinais de expressão no rosto, um nariz com personalidade, um vinco na testa que as caracterize! (...) Precisam ser limpas, mas não a ponto de não possuírem máculas. É importante suar na hora do cansaço, ter um cheiro próprio, uma camiseta velha para dormir, um jeans quase transparente de tanto que foi usado, um batom que escapou dos lábios depois de um beijo, um rímel que borrou um pouquinho quando chorou”.
O texto dizia ainda que “as pessoas, como as cidades, têm que funcionar, mas não podem ser previsíveis. De vez em quando, sem abusar muito da licença, devem ser insensatas, ligeiramente passionais. Devem demonstrar um certo desatino, ir contra alguns prognósticos, cometer erros de julgamento e pedir perdão depois. Aliás, pedir perdão sempre, para poder ter crédito e errar outra vez”. E concluía que é “é bom agradecer suas falhas pois isso é o que nos humaniza e fascina os outros."
Visto desse ângulo, seja na figura de um presidente da República, seja no cotidiano de cidadãos comuns, é errado exigir a perfeição em todos os atos que praticamos. Muito embora se espere que um governante seja algo aproximado da perfeição. Mas, por ser humano, pode falhar. Admitir o erro é assumir essa condição.
Quantas pessoas topamos em nosso dia-à-dia que são incapazes de fazer um auto-crítica e admitir que errou? É sempre mais fácil culpar outrem.
Ou se dizer traído.
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(*) Artigo inserido em minha coluna Peripatos, publicada na edição desta sexta-feira (06.01.06) do Diário do Tapajós, encarte regional que circula às terças e sextas no Diário do Pará.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

O “Fome Zero” da alma (*)

Tenho enviado para a minha lista de e-mails uma mensagem que recebi há algum tempo e guardei em meus arquivos, por achá-la apropriada para ser difundida nesse período de fim-de-ano quando nos preparamos para uma nova andança.
Diz a parábola que um velho índio teria descrito seus conflitos internos afirmando que, "dentro de mim existem dois cachorros: um deles é cruel e mau, o outro é passivo e muito bom. Os dois estão sempre brigando." Quando então lhe perguntaram qual dos cachorros ganharia a briga, o sábio índio parou, refletiu e respondeu: "aquele que eu alimento".
Quando pensamos no nosso dia-a-dia, podemos chegar à mesma conclusão do sábio índio. Conheço pessoas que não alimentam nenhum dos dois “cães da alma”. O resultado pode ser que os “cães” passem por um processo de autofagia ou ainda dilacerem as entranhas do dono.
Partindo desse ponto, creio que poderíamos tentar aplicar, de forma mais acertada, a fórmula “Fome Zero” lançada no governo Lula. Mas no nosso caso, evitaríamos o viés assistencialista da proposta, sem cartões ou bolsas disso ou daquilo e que acabou não se consolidando como política pública de inclusão social. O nosso “Fome Zero” serviria para alimentarmos os “dois cães” de forma mais dosada, dando a ambos o alimento capaz de arrefecer-lhes tanto a crueldade quanto a passividade.
Numa sociedade movida pela dicotomia maniqueísta entre “sim” e “não”, porque não oferecer a dúvida do “talvez”? Aristóteles já afirmava que a virtude se baseia no meio-termo. Que todos os extremos sejam extirpados!
Não pensem que esteja pregando uma utopia de centro ou uma filosofia típica do tucanato. Minha mensagem está mais para a não-violência pregada por Gandhi para libertar os indianos, sem que isso significasse passividade ou rebeldia sem causa. Algo como a metáfora de Cristo (o maior de todos os revolucionários, sem a crosta divina que lhe foi impingida pela Igreja): dar a outra face.
Sem pensar na “humanidade” e me deter na vizinhança - algo mais palpável - diria que ainda assim é difícil defender tal filosofia de vida, principalmente numa sociedade que privilegia o confronto, o conflito, a intriga. Literalmente, soltamos nossos cachorros pra tudo que acontece em nossa volta e dificilmente temos o bom senso de puxar a coleira. Ou então, deixamos o cão de guarda amarrado e com focinheira, quando seria necessária uma ronda no quintal. Aí vem o ladrão e rouba nossas mentes de madrugada...
Neste último artigo do ano, gostaria de deixar essa reflexão, meio tosca, meio poética, mas sincera: ainda há lugar para ensinamentos como os de ídolos acima citados (Gandhi e Cristo) que representam filosofias espirituais de mundos dicotômicos como o ocidente e o oriente.
Mas cabe aqui outra lição de vida de um outro líder revolucionário sulamericano, que transita entre os dois: “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”. Jamais!
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(*) Artigo inserido em minha coluna Perípatos, publicada na edição de 30.12.2005, no Diário do Tapajós, encarte regional do Diário do Pará