quarta-feira, 26 de julho de 2006

Comentando Lei Amarildo (II)

Por respeito ao debate democrático, publico o texto abaixo que extrai da caixa de comentários ao post Lei Amarildo, no Blog do publicitário Juvêncio Arruda, que linkou meu artigo para debates:
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O bang-bang, de novo
Celso Schröder
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Mais uma vez os arautos do mundo do bang bang, sem ordem e sem lei, se jogam em bando contra a organização profissional dos jornalistas. Como as milícias do velho oeste, com a grande imprensa como chefe, brandem os editorais em refrão e querem linchar qualquer um que tente regulamentar ou, mesmo, disciplinar a atividade jornalística.
Desta vez o assalto é contra o projeto PLC 079/04 assinado pelo deputado federal Pastor Amarildo em 2003 e que tem sua origem no projeto apresentado pela Deputada Cristina Tavares em 1989 que foi, por sua vez, atualizado e referendado no Congresso dos Jornalistas de Curitiba, de 1994, quando os jornalistas delegados chegaram à conclusão que era necessário mudar a lei que regulamenta a profissão.
Esta decisão congressual foi formatada numa reunião específica do Conselho de Representantes dos sindicatos dos jornalistas do Brasil e, sob a forma de projeto de lei foi apresentado à Câmara em 1995, pelo deputado Marcelo Barbieri. Assim como no caso do Conselho Federal dos Jornalistas, a discussão sobre a ampliação das funções dos jornalistas foi longa, cansativa e democrática. Só não se inteirou dela aqueles que são estranhos à atividade profissional ou não se disponham a acompanhá-la.
A idéia sempre foi a de agregar à regulamentação existente as funções que surgiram depois de 69 e que não constavam da lei. Por isso as atividades de assessoria de imprensa, assim como as de diagramador e repórter cinematográfico e fotográfico, entre outras, foram listadas neste projeto que amplia as funções jornalísticas. Nada mais do que isso. Nem mesmo estamos rediscutindo, como querem os espertos, a obrigatoriedade do diploma, já garantido por lei federal e assegurado por decisão judicial.
Então qual é a razão de mais uma vez se reunirem o bando de salteadores da profissão de jornalista? Para ser justo a horda não é homogênea, além dos liberais que vêem nas leis eternos empecilhos de maximização de seus lucros, temos seus porta-vozes autorizados, existe também uma esquerda populista que confunde ocupação de terras com usurpação de profissão e alguns mal-informados que não se dão o trabalho de ler o projeto e nem mesmo de confiar nos seus companheiros que tiveram o saco de participar de maçantes assembléias e reuniões quando se discutia a melhoria da atividade profissional.
Temos ainda os neo-jornalistas ou meta-comunicadores, oportunistas que não se dispuseram a estudar jornalismo e com o beneplácito dos patrões ocuparam ilegalmente cargos em redações. Deste saco de gatos, o grunhido que sai é generosamente amplificado pela grande mídia, secundada por parte da mídia “alternativa” que escolheu o papel de coadjuvante domesticado neste bang-bang classe B que vai ao ar mais uma vez.
A tática de ataque é a mesma quando do massacre do Conselho Federal dos Jornalistas, o cerco ao carroção da FENAJ por todos os lados e tiroteio sem cessar. O intuito é impedir que a cavalaria do executivo e do legislativo, assustada, saia do forte. Aliás, não é preciso muita gritaria para correr com esta cavalaria, até porque boa parte de seus soldados são, na verdade, parte da turma do assalto. A argumentação, como é da característica dos fortões, é o que menos interessa.
Misturam-se mentiras com meias verdades, jogam-se opiniões com supostas informações, tudo temperado com um absoluto desrespeito com as organizações sindicais e tem-se a receita que irá alimentar por semanas a desinformação e a mistificação. Sem a menor oportunidade dos jornalistas de fato, aqueles que garimpam a informação, aqueles que com seus salários miseráveis sustentam os jornais impressos, os noticiários de TV e rádio, poderem explicar porque acham que a diagramação de um jornal ou de uma revista não é a mesma coisa do que fazer uma embalagem. Ou realizar uma reportagem fotográfica não se confunde com retratar uma lata de salsichas. Tampouco tiveram chance os cursos de Jornalismo deste país de relatarem suas experiências pedagógicas no ensino destas cadeiras ao longo destas década.
Sou um chargista e diagramador, vindo do curso de arquitetura e que desenhava antes de aprender a escrever, mas que ao fazer Jornalismo supostamente não emburreceu nem perdeu sua inspiração, apenas descobriu uma profissão maravilhosa, essencialmente coletiva e complexa que não pode ser pautada pelos xerifes da mídia, seus cúmplices de cavalgadas ou ingênuos oportunistas.
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Secretário Geral da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e
Coordenador do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação.

Um comentário:

Val-André Mutran  disse...

Bonitas palavras do dirigente da Fenaj, só não disse o que fará com os desempregados que farão fila na porta de sua entidade quando forem demitidos.
Há profissionais com mais de 10, 15 e até 20 anos de carreira que nunca obtiveram o registro defiitivo e que são, inclusive, considerados referência no meio profissional.
São inúmeros no Pará, que se encontram nesta condição.
O Ministério da Justiça encaminhou ontem parecer ao presidente.
Recomendação: veto à todo o Projeto sob a justificativa de "cerceamento ao direito da comunicação".