segunda-feira, 11 de abril de 2005

Contribuição

Colegas que trabalharam comigo no Fórum de Ananindeua, onde formamos a “Confraria do Criminal” (um fórum de debates sobre as varas penais, das quais éramos os escrivães), são assíduos leitores do blog.

Elzamar, Fábio e Glauber, me mandam sempre algum comentário. Glauber foi mais longe e enviou esta colaboração, inspirado pela reforma agrária que não chega...


"Povo de Pé no Chão

Ê, povo sofrido, cansado, de pé no chão
Acampado na beira da estrada, plantando, lutando,
esperando e cantando a mesma canção
Regando a coragem com o sangue das mãos
Semeando esperança na desilusão

De bisavô pra avô, pra pai, de pai pra neto, fique certo: a herança é a falta desse chão
A foice quebra, a lona rasga, mas persiste a vontade de plantar no seu quinhão
A minha terra é "muito pouca" e nesse pouco eu planto pouco e ainda divido com os irmãos
E há quem tenha tanta terra, e ainda assim lhe falte espaço pra plantar tanta ambição, ê...

Ê, povo sofrido, cansado, de pé no chão
Acampado na beira da estrada, plantando, lutando,
esperando e cantando a mesma canção
Regando a coragem com o sangue das mãos
Semeando esperança na desilusão

As fendas que o sol forte abre em minha testa
é o que resta pra quem busca redenção
Feito borralho incandescente, a terra queima os pés da gente,
que se arrasta pelo chão

Já esperei por muito tempo
Fez, em mim, mais calo a espera do que a enxada em minhas mãos
Nós esperando a tal reforma, mas é o poder que carece de uma reformulação."

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