sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Frei Ambrósio Affair

O Blog do Jeso Carneiro começou um novo debate que está esquentando.
Primeiro foi o publicitário Eduardo Dourado, que apresentou uma proposta interessante na área cultural (Leia AQUI).
Depois foi a vez do irrequieto Juvêncio Arruda apresentar uma proposta tentadora baseada nas afirmações de El Dourado. (Leia AQUI)
Por fim, eu entrei na história com minhas considerações. (Leia AQUI).
Creio que esse debate está só começando...

Dia "D"

Hoje é o dia "D" de quem quer mudar de partido para enfrentar as eleições de 2006.
Em Santarém, o quadro pode já estar definido, mas há quem diga que por todo o dia de hoje, políticos sem mandato ou vereadores, devem se filiar em outros partidos para disputar as próximas eleições.
O PL já perdeu, ontem, um dos três vereadores eleitos em 2004: Valdir Mathias Jr. assume o PV e deve ser candidato a deputado estadual. Antes dele, outros três vereadores já haviam abandonado seus partidos de origem: Marcela Tolentino (migrou do PFL para o PDT), Luis Alberto (deixou o PSDB pelo PPS) e Reginaldo Campos (saiu do PTB para o PSB). Os dois últimos também podem tentar uma vaga na Assembléia Legislativa.
Há fortes indícios que o vereador e ex-prefeito Ruy Corrêa assine ainda hoje a ficha do PMDB, retornando ao partido para tentar uma vaga na Câmara Federal. Mas é possível que Ruy, na última hora, acabe ficando mesmo no PP, desde que tenha uma vaga garantida para disputar as eleições. Outro que poderia deixar a bancada do PL, seria Emir Aguiar, mas ao que parece resolveu no partido para tentar uma vaga na AL, com uma diferença: não deverá fazer dobradinha com o ex-prefeito Lira Maia, e sim com o deputado federal (natural de Santarém) Raimundo Santos, do mesmo partido.
Previsões por baixo, indicam que em 2006 teremos na região oeste do Pará, algo em torno de 20 candidatos para disputar as 41 vagas da Assembléia Legislativa . O resultado é só um: elegeremos, se muito, um ou dois candidatos.
Nossos políticos continuam olhando primeiro para suas ambições pessoais, do que para as necessidades regionais. A pulverização de votos com tantos candidatos favorece candidaturas de Belém no processo.
Assim, nunca teremos uma representação consistente para que os interesses da região, entre eles a criação do estado do tapajós, entrem na pauta do dia. Para deputado federal, já estão confirmadas pelo menos três candidaturas da região. Mas não duvidem que o número dobre.

Dando nomes aos bois

O sempre caustico e deliciosamente anárquico, despudoradamente crítico Juvêncio Arruda, primeiro e único, volta a visitar este humilde blog, para deixar duas notinhas safadas, comentando dois tópicos aqui apresentados e dando nomes aos bois:
Com referência à nota Sindicato debate compromisso do radialista (Leia AQUI)
Jota,
Clenildo Vasconcelos não foi aquele que, ao apagar das luzes da campanha em 2004, exibiu no Esculhambação matérias de arquivo de 1999, da jornalista Adriana Lins, sem menção alguma a época em que as matérias foram exibidas pela primeira vez?
Será que ele atravessou a "linha tênue" entre o dono da empresa e seu afã, ou "alargou" o quanto foi combinado?
Ei Jota, temos que começar a discutir essas campanhas! Antes que eu morra. De ódio ou de rir.
Mas tudo bem, eu espero terminar a (gostosa) proto-história do PT de Santarém.
Enquanto isso,gasolina com solvente, na memória da gente.
Abraço, Juva
Com referência à nota Mensalinho no Pará (leia AQUI)
Pois é Jotão,
são quatro deputadas: Tetê, Suzana Lobão, Elza Miranda e Eunice Gouveia.
Quem será que deixou de ser "de..." e entrou "na"...?
Seus editores em Belém devem saber.
Pergunte a eles e diga prá nos...rsrsrsabs,

Última capa

O jornal Diário do Tapajós circula hoje com a seguinte capa:

Da edição de hoje, destaco o artigo que eu mesmo escrevi:

Nem todo limite deve ser ultrapassado


Capitulei.
Meus limites de simples ser humano estancaram minha vontade de me multifacetar em hiperatividades complexas, como se eu tivesse vários clones à minha disposição. Não suportei a vida dupla/tripla e atribulada de escrivão/escritor/escrevinhador/escravo... de mim mesmo.
Foram quatro meses assumindo a tarefa de editar este suplemento regional do Diário do Pará, em concomitância com minha outra atividade como serventuário da Justiça. Quando fui convidado a assumir a tarefa, em abril, refuguei inicialmente, mas depois aceitei acreditando que o Super-homem que eu acreditava existir dentro de mim superaria todos os infortúnios. Mas no meio do caminho havia uma pedra... de kryptonita! E aí nem um super-homem dá jeito!
Esta é a última edição do Diário do Tapajós que eu edito. Depois de quatro meses, fui vencido pela estafa de tantas atividades, pois além das já citadas me envolvi também com atividades culturais (grupo de teatro), sociais (conselho da comunidade) e “internáuticas” (meu blog na internet)! Sem contar o Curso de Gestão em Jornalismo na FIT. E quase sempre, uma ou outra acaba penalizada.
Além disso, a mulher reclama, os filhos mendigam meu carinho e o bocejo passou a ser minha rotina. O livro que eu ia escrever, mofa nas prateleiras. Meus cinco cachorros já me olham desconfiados e parecem dizer: “será que esse cara é um ladrão entrando em casa de madrugada? Ele até parece com meu dono, que há tempos não vejo”... Felizmente, antes de me morderem, reconhecem meu cheiro (pra eles, pelo menos é bom...)
Houve uma época em minha adolescência que cunhei uma frase como minha favorita e que expressava todo o gás que sempre tive para assumir tarefas hercúleas, principalmente se envolvessem atitudes radicais: “um homem só conhece seus limites, depois que os ultrapassa”. Apesar de ter abandonado essa filosofia sectária há tempos, hoje sinto que ela se materializou nesta minha jornada. Ultrapassei meus limites e meu corpo reagiu.
Mas sou jornalista, não desisto nunca. Deixo a edição, mas continuarei escrevendo como colaborador. Minha saída acontece no momento em que o Diário prepara uma nova investida neste projeto arrojado, tendo à frente Jader Filho, com quem tive excelente parceria. Saio, mas deixo uma equipe bem mais preparada para esse novo desafio, que exigirá maior empenho para as mudanças que virão. Continuarei por aqui, escrevendo uma coluna ou matérias especiais. E quem sabe um dia possa voltar a integrar a equipe, quando o Diário do Tapajós, for realmente um Diário, como prevê o plano inicial.
Como diz Chico Buarque: “(...) Me dá, só um dia, que eu faço desatar a minha fantasia...”


P. S. Agora poderei atualizar meu pobre blog, com mais freqüência. Espero todos lá:
www.jotaninos.blogspot.com

Comentário do blog: como já havia dito aqui no blog, um dia teria que optar em deixar uma de minhas funções. Agora, livre da responsabilidade de fechar o Diádio do Tapajós (um novo editor assume na terça-feira), terei mais tempo para este blog e as outras 499 atividades que sobraram...

Pérolas da Comunicação – Edinaldo Mota

A seção que tem por objetivo homenagear os grandes nomes da comunicação em Santarém, volta depois de longo e tenebroso inverno. A primeira e única edição foi no dia 07/09, quando homenageamos o jornalista Milton Corrêa, o Miltinho (leia AQUI).

Hoje tenho a honra de destacar um mestre da comunicação em Santarém: Edinaldo Luiz da Mota. Nascido em Óbidos em data não revelada, Edinaldo é cidadão da Amazônia, tendo se estabelecido em Santarém (depois de uma passagem por Belterra), além de ter “forte descendência arapixunense” herdada do lado materno, que segundo ele “se revela de quando em vez, pelo sotaque interiorano expresso em vogais com sons fechados”, principalmente na troca do “o” pelo “u”.

Começou como locutor de alto-falantes em quermesses no Colégio Dom Amando ou nos arraiais de Santo Antonio, em Belterra. Daí foi evoluindo para locutor, apresentador e animador de comícios, shows e cerimônias das mais festivas à mais fúnebres...

Profissionalmente, começou no rádio em 1967, quando disputou com outros 74 candidatos uma vaga para Locutor da Rádio Rural. E lá ficou por longos 18 anos conquistando uma audiência cativa, que o acompanhou fora da rádio.

Com o amigo Ércio Bemerguy, participou do históricos eventos como animador de auditório dos programas E-29 Show e MusiArt Show, entre outros.

Na Rural adquiriu ainda a habilidade no gerenciamento de diversos departamentos como o Comercial, o de Programação, além de ter assumido a Gerência da emissora diversas vezes.

Em 1985 migrou para o rádio FM, levando a experiência adquirida na Rural. Foi o responsável por uma nova linguagem nos canais FM, ousando em não se contaminar pelo padrão adotado então, e mantendo o mesmo estilo da AM e de seu “Papo informal”.

Na Guarany, comanda desde então, o programa “Bom Dia em Alto Astral”. Já se vão outros 20 anos de atividade no rádio santareno.

Formado em Direito, exerce ainda a atividade de Defensor Público e não perde a verve humorística, desanuviando sisudas audiências contando causos do interior (jurando que tudo é verdade!).

Especializou-se também na arte do Cerimonial, tendo feito diversos cursos. Na vida pública já foi também secretário de Cultura e chefe do Cerimonial da Prefeitura.

Há 38 anos ininterruptos, o rádio santareno tem a presença marcante de uma das figuras mais carismáticas da comunicação: Edinaldo Mota, uma Pérola da Comunicação!

Dossiê PT – estórias que não gostaria de contar

Capítulo III – A “pré-história” do PT em Santarém (parte final)

Nas duas partes anteriores deste capítulo terceiro (leia AQUI o capítulo anterior), revelei passo-a-passo o trabalho para a formação de quadros do movimento popular, com a utilização de técnicas de dramaturgia engajada. A idéia sempre foi criar um movimento paralelo de trabalhadores urbanos ao incipiente movimento no campo, onde continuava o crescimento do trabalho nas delegacias sindicais, depois da vitória da Corrente Sindical Lavradores Unidos (CSLU), à frente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém. Como o trabalho com o grupo de jovens não avançou nas periferias, abandonou-se momentaneamente a organização popular que ajudariam a criar futuras associações de moradores (no fundo, ficou uma semente).

O raciocínio de Antonio Vieira, o guru da CSLU, era lógico: para haver um processo revolucionário no país, a partir de um movimento criado na Amazônia, não bastaria a organização de trabalhadores rurais. Uma vez ouvi ele dizendo numa conversa reservada: “não existe na Amazônia o conceito de trabalhador rural”. Na verdade e com razão, todas aquelas pessoas que participavam do movimento, eram pequenos e médios agricultores abandonados à mercê da própria sorte no meio da mata, pelo governo, sem qualquer investimento para produzir, levando-os a tal estado de penúria que mais se pareciam com bóias-frias do interior de São Paulo, estes sim, verdadeiros trabalhadores rurais, sem terra e apenas com a força de trabalho nos braços.

Num estudo interno da CSLU, chegou-se à conclusão que era preciso investir numa categoria de trabalhadores da cidade, mas como não haviam industriários, operários ou metalúrgicos como em São Paulo, onde fervilhavam as lutas de um certo Luís Inácio da Silva, como iniciar o movimento? Até hoje, a maior categoria de trabalhadores existente em Santarém é a dos comerciários, mas sempre foi uma categoria muito difícil de lidar, afinal, a grande maioria de trabalhadores é transitória. Dificilmente alguém escolhe ser comerciário para toda a vida. E essa mobilidade interna era um ponto negativo para criar um movimento consistente.

Mesmo assim, resolveu-se tentar. Pedro Peloso havia absorvido muito bem os ensinamento de Vieira. Enquanto ainda insistia em salvar o que restou do grupo de jovens que formou, abandonou o negócio da família – uma barraca de venda de caldo de cana no Mercado Modelo – para iniciar o processo de criação de uma célula sindical no comércio. O primeiro passo foi encontrar um emprego estratégico no comércio. Tinha que ser a loja que tivesse o maior número de funcionários, para futuras mobilizações e ele escolheu a dedo: Mundo dos Tecidos, uma empresa do grupo Pontes & Irmãos, que tinha várias lojas e dezenas de funcionários.

Nessa época, após algumas pesquisas, descobriu-se que havia um sindicato de comerciários já fundado, cuja Carta Sindical havia sido cassada na época do golpe militar, só que não por motivos políticos e sim administrativos. Reaver a Carta naquele momento seria muito difícil, por isso o grupo optou por “refundar” o movimento (para ver como as coisas se repetem...). Criou-se então a Associação dos Comerciários de Santarém e Pedro foi eleito seu primeiro (e único) presidente. A solenidade de posse foi no salão paroquial de Nossa Senhora das Graças e a diretoria era composta por comerciários de várias lojas, mas a maioria era do grupo Ponte & Irmãos, que Pedro recrutou.

A Associação dos Comerciários precisava criar um fato político para iniciar um processo de mobilização. Foi quando lançou o incendiário “O Talonário”, um boletim com denúncias sobre as injustiças praticadas pelos patrões no comércio. O n° 02 do jornalzinho foi uma edição histórica: Pedro fez fotos de comerciários trabalhando além do horário, varrendo as lojas e o mote era exatamente a exploração dos trabalhadores que não recebiam hora extra e ficavam além do expediente limpando suas lojas. Era uma coisa revolucionária, em 1979, um boletim atrevido nominando as lojas que praticavam esse abuso. Distribuído gratuitamente, “O Talonário” foi disputado à tapas e virou o maior burburinho do comércio. A genialidade de Vieira mais uma vez estava presente. No título apropriado do boletim, nos textos e na diagramação, tudo concebido nos mínimos detalhes por ele, bancado pela Fase e com a contribuição de Pedro, seu “aprendiz de feiticeiro”.

Mas o que ninguém esperava era a violenta reação. Como a maioria da diretoria da Associação era da empresa denunciada Pontes & Irmãos, eles devolveram a ousadia com a mesma moeda: fizeram uma “varrida” na incipiente militância botando toda a diretoria da Associação pro olho da rua. Isso causou um impacto na proposta inicial. As avaliações indicavam que a denúncia foi feita sem que houvesse condição para um refluxo da categoria, em caso de repressão. Era preciso recompor o movimento, buscando primeiro um apoio legal: tentou-se junto à Justiça a reintegração dos funcionários sob a alegação de que teriam estabilidade, mas a lei só definia essa vantagem para sindicatos e não associações. Entretanto havia um dispositivo que abria uma brecha apenas para o presidente da entidade (Pedro lutou por anos na Justiça pelo seu direito e um dia venceu no TST – Tribunal Superior do Trabalho, só que ao invés de ser reintegrado, aceitou uma polpuda indenização com a qual comprou uma casa!).

Com as demissões, os liderados de Pedro debandaram e procuraram esquecer a aventura sindical. Para não deixar o movimento esmorecer, tentou-se reconstituir a base da diretoria. Optou-se por recrutar funcionários de empresas menores ou que estivessem fora do epicentro da discórdia. Pedro então cooptou novos militantes que viriam a constituir o “grupo pensante” do movimento. Algo como um “campo majoritário” dos comerciários.

Éramos seis: além de Pedro Peloso, líder desempregado, mas contratado como auxiliar administrativo da Fase, participava dessa elite sua já esposa Raimundinha Monteiro (que trabalhava no Foto Meneses), Isabel Corrêa, uma funcionária da antiga loja Sousa Arnaud (que funcionava onde hoje existe um supermercado, na 24 de outubro, próximo à Semed), Orlando Gamboa (funcionário da extinta Modelo Construções, onde hoje fica a Amacon), o já falecido Apolônio Moreira (funcionário do Posto Progresso, ao lado da Modelo Construções) e eu, já conhecido por Jota Ninos, filho do “seu” Nino, o dono do lanche e que naquele momento trabalhava como funcionário do já extinto Leão das Ferragens, empreendimento de Pereira & Bastos (isso mesmo, fui funcionário do sr. Joaquim da Costa Pereira, ainda adolescente, e lá dentro tentava organizar a associação!).

Para não dar na vista de que os patrões haviam quebrado o movimento com as demissões, continuamos editando “O Talonário”. Foi ali minha estréia como um futuro jornalista. Comecei a participar da produção de textos, estudei em oficinas de redação comandadas pela Fase e pelo próprio Vieira. Convivi de perto com este “monstro sagrado”, que do seu jeito, truculento, também acreditou no meu potencial e abriu algumas portas para formar meu tirocínio político. “O Talonário” continuava fustigando os comerciantes com denúncias e denúncias, mas a Associação ia mal das pernas. Enquanto isso, a Fase já investia em outros nichos sindicais: veio a conquista da Z-20, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (durou apenas um mandato).

Naquele momento, apesar de nossa inglória campanha não conseguir avançar junto às massas (as reuniões tinham que ser às escondidas, pois todos os comerciários temiam uma nova onda de repressões), passávamos a impressão, através d’O Talonário, de que éramos mais forte do que a realidade. Os seis já caminhavam para ser dez: juntava-se ao grupo um velho funcionário da Automic (empresa do sr. Ivair Chaves, no bairro da Liberdade), o sr. Pedro Moreira, outro funcionário da extinta Cante Construções, Pedro Oliveira (formamos a tríade de Pedros no movimento), da extinta Sanmaq uma jovem promessa, Nilce Batista e da Sousa Arnaud mais uma funcionária, Cleonice Almeida (tia da jornalista Rúbia Corrêa). Para consumo interno, isso nos animava e achávamos que estávamos no caminho certo, a ponto de acreditar na possibilidade de fazer uma greve no comércio!

Numa última reunião resolvemos fazer uma grande mobilização para levar 50 comerciários para um encontro no Emaús. A idéia parecia simples (ou melhor, simplória): cada um dos 10 se comprometia em convencer cinco companheiros comerciários da importância de ir para esse encontro. Como éramos 10, teríamos 50 recrutados. Aí, no encontro de um único domingo, faríamos a cabeça de todos usando a mesma técnica da dramaturgia. Preparamos uma pequena dramatização com 6 integrantes e fomos ensaiados por um já falecido americano bonachão, funcionário da Fase, Todd Brem, que foi definido para acompanhar nosso trabalho. A idéia era que depois da apresentação e de alguns debates, desceríamos prontos para multiplicar os 50 em 500, o que possibilitaria uma parada no comércio! Começamos a mobilização. Investi todas as fichas, varei noites e dias visitando uma lista de pessoas, antigos contatos da Associação. Empolgado, saía das casas com a promessa de que todos estariam lá.

Cheguei exultante, afiançando que tinha recrutado, sozinho, três vezes mais do que o previsto. Contratamos dois caminhões para levar os novos militantes para o Emaús. Domingo de manhã, lá estavamos nós no ponto definido. As pessoas vão chegando aos poucos. Chegam cinco, mais cinco, e outros cinco e... só! Éramos 15, na verdade nosso grupo de 10 e outros cinco recrutados!! A frustração foi grande. Dispensamos um caminhão e seguimos no outro. A programação seria mantida, mas enquanto a maioria demonstrava raiva, eu chorava encolhido num canto da carroceria. Tinha acreditado que ajudaria a liderar uma greve, mas foi um fiasco. Comecei a cair na real de que aquilo não podia dar certo. Éramos tão-somente um verdadeiro exército Brancaleone ao tucupi, e nada mais...

Mas apesar de tudo, os empresários acreditavam que nós estávamos crescendo na surdina e temiam que o movimento avançasse. Então fizeram uma reunião e resolveram dar um basta naquilo! Decidiram pedir a interferência do senador Jarbas Passarinho, então ministro do Trabalho, para reaver a Carta Sindical do Sindicato dos Comerciários. Convocaram alguns gerentes de lojas, de sua confiança e lhes deram a tarefa de estruturarem a primeira diretoria. Tudo foi feito com estardalhaço. Eles acreditavam que desta forma abafariam a Associação. Para nós foi um alento, pois nosso grupo agonizava. Corria o ano de 1981. As articulações para a criação do PT absorviam as lideranças. Pedro Peloso foi se afastando do movimento dos comerciários, deixando a liderança com Apolônio e Raimundinha, mas em seguida ela também se afastou. Isabel já cogitava viajar para Manaus e Orlando foi convocado para organizar o PT em seu bairro, a Interventoria. Acabei ficando sozinho, com a incumbência de liderar o grupo que restava.

Foi aí que decidimos numa última reunião de todos que era hora de extinguirmos a Associação dos Comerciários. Se bem me recordo, lançamos um último número de O Talonário anunciando que naquele momento todos deveriam contribuir com o Sindicato recém-constituído. Espertamente, aproveitamos que a maioria dos nossos membros não eram “queimados” junto aos patrões e nos infiltramos na formação da primeira diretoria. Assim, de repente, lá estava o sr. Pedro Moreira como primeiro presidente do Sindicato dos Comerciários. Apolônio, Pedro Oliveira e Cleonice também entraram na diretoria e eu era um membro atuante, que apesar de não ser da diretoria, passei a ter voz ativa.

Em 1983, convencemos a diretoria da importância de participar de um congresso de trabalhadores em São Paulo e acabei sendo escolhido como delegado para integrar a caravana que foi à São Bernardo do Campo participar da fundação da CUT! Lá estava eu, vendo o companheiro Lula e acreditando que o pesadelo dos comerciários teve suas vantagens. Dali em diante eu me preparava para ser o substituto de Pedro Moreira no Sindicato e já estava até filiado ao PT... Mas acabei virando jornalista, comecei a pensar com minha cabeça e isso incomodou os companheiros. Era o início do primeiro grande “racha” da Corrente, a facção soberana do movimento sindical e partidário do norte do Brasil.

Mas essa história fica para o próximo capítulo...
"Cui sit condicio dulcis sine pulvere palmae?" [Horácio]

"Quem goza de uma condição doce sem enfrentar a poeira da vitória?"

terça-feira, 27 de setembro de 2005

Mensalinho no Pará

Deu no blog Pauta Livre, do jornalista Augusto Emilio Barata:
"Está prestes a se tornar do domínio público uma denúncia acerca de uma espécie de mensalinho supostamente pago a uma deputada da base de sustentação do governo Simão Jatene (PSDB) na Assembléia Legislativa do Pará.
No caso, o mensalinho supostamente embolsado pela parlamentar seria uma contrapartida do dono de um hospital privado, em retribuição aos esforços da deputada para conseguir consideráveis volumes de autorizações de internações hospitalares, as famosas AIHs, fornecidas pela Secretaria Executiva de Saúde Pública (Sespa).
O hospital localiza-se no município que é o principal reduto eleitoral da deputada. O dono do hospital revela-se disposto a denunciar publicamente a maracutaia, depois que entrou em rota de colisão com a parlamentar".
O blog do jornalista paraense traz ainda uma relato interessante sobre o Caso Eldorado do Carajás e a imprudência do ex-governador Almir Gabriel.
Vale a pena dar uma olhada (acesse AQUI)

Sindicato debate compromisso do radialista

Matéria publicada hoje no Diário do Tapajós:

“De todos os artigos da Lei de Imprensa apenas um é favorável ao profissional da comunicação, que é o sigilo da fonte, mas até isso é relativo”. A constatação é do radialista Sampaio Brelaz (94 FM), um dos debatedores da mesa-redonda sobre o tema “O compromisso social do radialista do Oeste do Pará”, que fechou as comemorações em homenagem ao Dia do Radialista (21/09), num evento organizado pelo sindicato da categoria na sexta-feira (23/09), no auditório do Iespes.
Coordenada pelo jornalista Jota Ninos, editor-chefe do Diário do Tapajós, a mesa-redonda teve ainda a participação dos radialistas Rosa Rodrigues e Leíria Rodrigues (Rural AM) e Clenildo Vasconcelos (TV Santarém) e contou com a presença de dezenas de radialistas e acadêmicos do curso de Gestão em Publicidade e Propaganda do Instituto Esperança de Ensino Superior (Iespes).


Além da mesa-redonda, foram entregues durante a solenidade, pelo presidente do Sindicato dos Radialistas, Daleuson Menezes, o “Dada”, registros profissionais aos radialistas que se capacitaram junto ao sindicato este ano.
Desafios - “O desafio do radialista é condicionar a liberdade de expressão à linha editorial de cada empresa”, disse Rosa ao falar sobre o tema. Ninos, por sua vez citou um velho ensinamento do jornalista Manuel Dutra: “A linha editorial é uma linha imaginária entre o jornalista e o dono da empresa. Ela é tênue, mas a tarefa do jornalista não é ultrapassá-la, e sim alargá-la o quanto possível.”
Clenildo Vasconcelos, apresentador do Patrulhão da Cidade, ressaltou a importância do comunicador de promover, através de sua comunicação, a solidariedade com os excluídos, mas para Leíria Rodrigues, “a responsabilidade do comunicador é repassar a mensagem após captar a essência do receptor”, efetivando assim um processo não somente comunicativo e sim educacional. “Antes de prestar a pura assistência, a gente tem que dar condições para seu ouvinte de lutar contra a injustiça social”, finalizou Leíria. (foto de Pedro Fernando)

Separatismo - nem a favor, nem contra, nem muito pelo contrário

(*) Manuel Dutra

Em 1999 publiquei um livro, produto de dois anos e meio de pesquisa, intitulado “O Pará dividido: discurso e construção do Estado do Tapajós”. Como era esperado, poucos o leram – os escassos militantes em favor da criação do novo Estado disseram que o trabalho era contra; os contrários, que era a favor. Se ambos o tivessem lido, talvez contassem com melhores argumentos para seus discursos.
Há alguns meses, publiquei artigo no jornal Beira do Rio, da Universidade Federal do Pará, que inicia assim:
“A rigor, não existe um debate sobre as demandas das regiões Oeste e Sul do Pará por autonomia política. Em Belém, isso não existe por desconhecimento das razões desses pleitos, um desconhecimento que engendra o preconceito. Em Santarém e Marabá, candidatas a capitais, o debate é débil em virtude da profunda dependência político-partidária das elites locais em relação aos grupos de poder político e econômico sediados na capital do Pará. Não havendo, lá, diferenças sociais não partidárias engajadas no embate separatista, o que deveria ser um debate salutar, lá e cá, torna-se conversa sazonal que se transfere para o âmbito de comissões do Congresso, em Brasília”.
Há três semanas eu estava em Santarém e, mais uma vez, acompanhei, ao longe, a ida de um grupo de políticos a Brasília com o objetivo de pressionar pela inclusão do plebiscito (que desejavam ver realizar-se juntamente com o referendo sobre porte de armas) na pauta do Congresso, com o apoio – disseram – do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, que havia cancelado uma viagem ao Tapajós.
Há que se fazer uma distinção entre as demandas do Oeste e do Sul do Pará.
No caso do pretendido Estado do Carajás, a demanda vem do início dos anos 1990, quando aquela região começou a ter novo sentido econômico, a partir do significado da Serra dos Carajás e do desenvolvimento da agricultura e pecuária. Empreendimentos que ensejaram a formação de uma inda nascente elite regional, liderada fortemente por grupos não-paraenses, sem maiores ligações históricas e culturais com o Pará e com Belém, esta grande cabeça física e humana, inchadas pelas migrações, de uma unidade federativa cujas elites desconhecem profundamente o que se passa no interior do Estado.
No Oeste do Estado existe consistência histórica para o pleito, que vem do momento em que Pedro II assinou, em 1850, o decreto de criação da Província do Rio Negro, mais tarde Província e Estado do Amazonas, depois que as elites daquela unidade intentaram, sem êxito, a separação por conta própria, em 1832.
Após a perda territorial de sua imensa banda Oeste, as elites paraenses permaneceram inconformadas, e rusgas foram freqüentes entre as duas unidades. Surgiu, então, a idéia de se criar uma terceira província, que viria, naquele momento, servir de algodão entre cristais. Em 1869, segundo relata Ferreira Reis, foram intensos os debates no Parlamento Imperial sobre a necessidade de transformar o Baixo Amazonas paraense (hoje chamado de Oeste do Pará) em uma província autônoma. Em 1832, o Grão-Pará tinha três Comarcas: Belém, Santarém e Manaus. Santarém adquiria, assim, status jurídico e administrativo semelhante ao das outras duas cidades, alimentando o sonho da autonomia que jamais veio a se realizar.
Esse fracasso histórico das elites santarenas resulta de sua própria debilidade política. Ainda no Império, a ação de dois barões – o de Santarém e o do Tapajós – impediu qualquer veleidade autonomista haja vista ser o Estado brasileiro, historicamente, extremamente centralizador e cujos limites internos carregam as marcas das velhas capitanias hereditárias. Hoje, militantes favoráveis de ontem mostram-se contrários, como o ex-deputado Benedicto Monteiro, que foi um dos constituintes de frente em 1987, juntamente com Gabriel Guerreiro e Paulo Roberto Mattos.
Mas não se pode negar que se criou uma cultura da autonomia, geração após geração. E é isto que difere profundamente o pleito do Oeste daquele do Sul do Pará. E é esse sentimento popular que é explorado partidariamente por grupos políticos, que mudam de posição ao sabor das conveniências da cada campanha, iludindo os eleitores de que irão à luta. Nem vão à luta e nem se envergonham de que hoje o principal paladino do Estado do Tapajós é um deputado federal de Roraima.
É esse aspecto que deixa muitas dúvidas sobre a possibilidade da criação do Estado do Tapajós. O Oeste do Pará, e sobretudo Santarém, já abrigam uma crescente elite descompromissada com a região, com a sua cultura e com a sua história, de modo distinto mas não tanto do que ocorre em outras regiões do estado, onde a presença paraense escasseia.
Na hipótese positiva, criado o novo Estado, quem garante, neste momento, que as elites locais terão força para contrapor-se a interesses de fora da Amazônia? O primeiro governador seria quem? A olhar o panorama das atuais lideranças baseadas em Santarém, sinceramente, é apavorante o horizonte. Dessa forma, as razões históricas e atuais cairiam por terra, num momento em que grupos de outras regiões vêm a Amazônia apenas em busca de seus recursos, fazer dinheiro rápido para investir em seus lugares de origem. Nessa perspectiva, por exemplo, uma hipotética Assembléia Legislativa do Estado do Tapajós teria quantos deputados nativos?
Então, seria um Estado para servir de instrumento de melhoria de qualidade de vida para a sua população, ou seria um biombo para aprofundar a dependência da Amazônia de grupos arrivistas e sem o menor interesse no bem-estar que não seja o seu próprio? É só olhar os estados recém-criados na Amazônia.
Questões como estas não são levantadas publicamente, quando deveriam estar na agenda ao menos dos defensores do novo Estado.

(*) jornalista e professor na UFPA, artigo publicado no Diário do Pará (15.09.2005)
"Ipsae voluptates in tormenta vertuntur". [Sêneca]

"Os próprios prazeres se transformam em sofrimentos."

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

CAPA DO DIÁRIO DO TAPAJÓS - 23.09.2005

Sessão Maldita - Mulheres Choradeiras

Eu estive na sessão maldita (11 horas da noite!), na Casa de Cultura, sexta-feira passada e me rasguei de tanto rir... "As Bondosas Mulheres Choradeiras”, comédia do autor cearense Uéliton Rocon, é um puta espetáculo (literalmente!).
O Grupo Olho D'água Produções, com apoio do Banco da Amazônia, mostra três carpideiras (mulheres que choram em velórios), puritanas, de profissão, acostumadas a velar mortos e a consolar famílias enlutadas, não prevêem as surpresas e revelações que terão ao se defrontarem com seu último velório, o da falecida Tereza. Aí, travam discussões sobre suas vidas, onde deixam cair suas máscaras, revelando-se mulheres com os mesmos sonhos, anseios, paixões e desejos das outras.
Quem quiser um bom espetáculo, vale a pena entrar nesta sessão maldita. REPITO: 11 HORAS DA NOITE!!!

Tri-Alírio

O tri-atleta santareno Alírio Jr. participou, no último final de semana, da V Etapa do Troféu Brasil de Triatlhon, em Santos, litoral paulista. Aproximadamente 800 atletas, divididos nas categorias Profissional e Amadora, participaram da competição. O santareno, que compete entre os profissionais, terminou a prova na 23ª colocação, melhorando sua posição no ranking do circuito e marcando os primeiros pontos no ranking mundial da ITU (International Triathlon Union). “Agora que estou em 15º no circuito e consegui marcar meus primeiros e tão sonhados pontos no ITU, vou continuar meu ritmo de treinos e me preparar melhor para a próxima competição”, disse.
Com este resultado, Alírio Jr. vem mantendo as metas traçadas para este ano (a principal delas era constar na lista dos 15 melhores tri-atletas do país). O santareno se prepara agora para disputar a VI Etapa, marcada para o dia 16 de outubro, em São Paulo. Para isso, faz treinamentos diários e tem acompanhamentos freqüentes de médicos e uma nutricionista. “Estou feliz. Agora é a vez dos atletas do Norte”, festejou. Alírio Jr. tem o apoio do Banco da Amazônia, Ulbra, TAM, Unimed e Governo do Estado do Pará.
Prova – Disputado há 15 anos, o Troféu Brasil de Triatlhon é o circuito mais antigo do Brasil e da América Latina. Anualmente, são disputadas 7 etapas, com provas nas cidades de Santos, Goiânia, Belo Horizonte, Niterói e São Paulo. Os tri-atletas disputam 1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10km de corrida.
(Fonte: Iara Vasconcelos, Foto: Jurandir Azevedo)

Blogueiros unidos...

Recebo visitas de dois colegas da blogosfera... Podem entrar e tomem um cafezinho:
Jota,
Entro neste espaço para dizer que acesso o blog todos os dias e que gosto de acessar, porque o blog não é tão "pesado" como o meu.
O seu blog tem uma "alma poética". Eu a tinha quando estudava o ensino médio e cheguei até a escrever algumas poesias que pensava publicar em livro algum dia. Mas as circunstâncias da vida me fizeram realista e objetivo demais, perdendo-se a minha subjetividade em algum lugar entre a poeira amarela da Transamazônica e as roças pretas queimadas em que já trabalhei, ou mesmo nos pastos pisados do gado que já toquei.
Fica o incentivo: manda brasa que está bom.
Paulo Leandro Leal
Ninos,
obrigada pelo carinho e por ter publicado o meu poema.
Outros com certeza virão....
Beijos
Joelma
Comentário do Blog: conheci Paulo Leandro há pouco tempo. Somos "adversários" na escrita estadual, ele n'O Liberal, eu no Diário do Pará. Mas temos uma sintonia de idéias, até certo ponto. Talvez a interseção esteja no PT, ele sempre contra, eu decepcionado. Precisamos conversar mais vezes. Quem quiser conhecer o blog do PL Leal, clique AQUI.
Joelma foi minha estagiária na TV Tapajós. Tinha talento, mas infelizmente os desígnios nos separaram e foi bom ver ela crescer onde eu comecei: na Rádio Rural. E revelar sua alma poética em seu blog (acesse AQUI). Ainda não tenho foto da Joelma em meus arquivos.

A MASSA

A dor da gente
É dor de menino acanhado
Menino bezerro pisado
No curral do mundo a penar
Que salta aos olhos
Igual a um gemido calado
À sombra do mal assombrado
É a dor de nem poder chorar
Moinho de homens
Que nem jerimuns amassados
Mansos meninos domados
Massa de medos iguais
Amassando a massa
A mão que amassa a comida
Esculpe, modela e castiga
A massa dos homens normais
Quando eu lembro da massa
Da mandioca mãe da massa
When I remember of "massa" of manioc
Quando eu lembro da massa
Da mandioca mãe da massa
Nunca mais me fizeram aquela presença, mãe
Da massa que planta a mandioca, mãe
A massa qu'eu falo é a que passa fome, mãe
A massa que planta mandioca mãe
Quand je rappele de la masse du manioc, mére
Quando eu lembro da massa da mandioca
Lelé meu amor lelé
Lelé meu amor lelé
No cabo de uma enxada
Não conheço "coroné"
Eu quero mas não quero, camarão
Mulher minha na função, camarão
Que está livre de um abraço
Mas não está de um beliscão
Torna a repetir meu amor: ai, ai, ai!
É que o guarda civil não quer
A roupa no quarador
O guarda civil não quer a roupa no quarador
Meu Deus onde vai parar
Parar essa massa
Meu Deus onde vai rolar
Rolar a massa...
(Raimundo Sodré - Jorge Portugal)
LP A Massa - 1980
Comentário do Blog: quem tem mais de 40 anos, como eu, deve ter vibrado com o Festival MPB 80, no Maracanãzinho, que a Globo lançou na tentativa de reviver o clima dos festivais dos anos 60. O resultado não foi tão bom, mas essa música, "A Massa", foi um sucesso estrondoso. O baiano Raimundo Sodré, que surgiu naquele festival, sumiu da mídia mas foi parar na França e é cultuado em toda a Europa até hoje. Ele acabou em 3° lugar naquele festival, mas as milhares de pessoas vaiavam protestando contra o resultado (o vencedor foi Oswaldo Montenegro com "Agonia" e a Amelinha, ex-Zé Ramalho, foi a 2ª colocada com "Foi Deus que fez você"). Sodré entrou pra cantar e disse a inesquecível frase: 'É bom saber que a massa está com A Massa!". Fica a sugestão para os amigos Pedrinho e/ou Nélson puxarem essa do fundo do baú, na 94 FM...

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

"Vive pius, moriere pius". [Ovídio]
"Vive virtuosamente, morrerás com virtude".

Pornografia brasileira

Comentário de Arnaldo Jabor, ontem à noite, no Jornal da Globo:

Há uma rima entre pornografia sexual e pornografia política. Basta lembrar que o Bush foi eleito por causa das transas de Clinton com Monica Lewinski, o sexo oral que mudou a historia do ocidente.
Aqui, nesta crise pornô política só ouvimos: “não, não, não fiz”. Já que a nudez da verdade está coberta pelo manto sujo da mentira, já que não podemos ver o Dirceu nu, o Delúbio pelado, o Gushiken fazendo strip tease, só nos resta esperar que as boazudas da CPI, a mulher do Buani, a Camila assessora, até a Karina posem nuas. Seria uma verdade ao menos, porque nunca vimos tanta prostituição ao vivo como nas CPIs.
Por isso os donos de bordel devem ter pensado: se vemos o troca-troca entre PT e PP, a gigolotagem dos partidos com o executivo, o assédio sexual que fazem ao STF, conseguindo até favores jurídicos, ou o fetichismo de cuecas cheias de dólares, podemos anunciar também nossas sacanagens nos outdoors.
Já as meninas de programa devem estar chorando: “que injustiça, afinal, somos honestas, não ganhamos mensalão, o michezão é honesto, ganhamos no trabalho duro e isso aumenta o desemprego”. Afinal os pilotos fariam conosco o mesmo que os políticos fazem com o povo brasileiro todo dia.

FIT X Ibama

"O gerente do Ibama, Huyghens Caetano, deu um prazo de 180 dias para que as Faculdades Integrada do Tapajós (FIT) consiga legalizar o ZooFIT.
Para isso, falta a licença ambiental, expedida pela Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectam). “Não é intenção do Ibama retirar esses animais da região, contudo é preciso seguir a legislação”, explicou o gerente, uma vez que não há nenhum criador regulamentado na região. Contudo, há alguns anos, a FIT tornou-se fiel depositária do Ibama e recebia diversos animais apreendidos pelo órgão e que necessitavam de cuidados".
Trecho da matéria da jornalista Jeane Oliveira, da sucursal do Diário do Pará em Santarém, publicada hoje e que mostra o encerramento pacífico de um conflito entre duas instituições, por causa da insensibilidade burocrática do Ibama que ameaçou os cerca de 150 animais silvestres. Entre eles havia gaviões reais, macacos-aranha de testa branca e de testa vermelha, antas, pacas, cutias, jaguatiricas, sagüis e araras, que seriam levados para São Paulo.
Foi preciso uma manifestação de estudantes para amolecer o coração do gerente do Ibama.

Dos portugueses aos motoqueiros

"É urgente que o Conselho Municipal de Trânsito funcione, monte uma estratégia que coloque a vida humana como objetivo principal do trânsito urbano (...)
É a vida humana que está ameaçada a cada dia em Santarém. O progresso chegou agora, como os portugueses chegaram no século XVI - para se apossar da terra e gerar lucros, mesmo com extinção da população local".
Trecho do comentário de Padre Edilberto Sena, feito hoje na Rádio Rural AM e divulgado na íntegra no Blog do Jeso (Acesse AQUI), comparando a colonização portuguesa à atual invasão de motos que provocam cerca de 5 acidentes (informação que corre nos meios policiais) diários. O comentário, logicamente, foi rechaçado pela poetisa portuguesa Helena Morujão, leitora assídua daquele blog (leia AQUI).

Transamargura

"Com 20 milhões não se asfalta nada. Para fazer terraplanagem, pegar a patrol e jogar terra no buraco? A conservação da Transamazônica hoje está quase mais cara que a pavimentação. Por que a piçarra está cada vez mais longe e o transporte dela tem o custo cada vez mais caro".
Trecho da entrevista do deputado federal Nicias Ribeiro (PSDB), ao jornalista Paulo Leandro Leal, editor do Jornal de Santarém e do Baixo-Amazonas e do suplemento semanal "O Liberal Oeste". A entrevista completa, falando sobre os investimentos do Governo federal na amazônia está no blog de P.L. Leal. (Acesse AQUI)

Pra descontrair



Charge de Zota que circula na net.

Viração

Rasga esse chão, aperta o passo,
tanta gente abriu espaço
Preparando a viração
Desata esse nó aperta o cerco,

Tanta flor nasce no esterco
perfumando a escuridão
Sempre alerta a hora certa

é aquela que se tem na mão
De repente, simplesmente
rompe esse cordão
Que te aperta força o traço,

tanta falta faz teu braço
Mutilado ou feito aço,
traz a força da razão
Rasga esse chão,

aperta o passo,
tanta gente abriu espaço
preparando a viração
Rasga esse chão,

aperta o passo,
tanta gente abriu espaço
preparando a viração.

Aroldo Santarosa/Cacá Bloise/Jackie Vellego
A música Viração foi um dos grandes sucessos na década de 1980, do cantor Jessé (foto), falecido prematuramente aos 41 anos em um acidente ocorrido em 1993. A letra é um libelo à resistência e à luta e foi muito utilizado pelo movimento estudantil, inclusive nomeando chapas em DCE´s. Viração tem uma das frases mais lindas (em negrito) que já vi e que sempre cito em editoriais ou artigos para ilustrar que sempre é possível sair de uma situação adversa e alcançar o nirvana representado pelo perfume floral. Quando acontecerá uma nova Viração neste país?

A volta de Jader?

O jornalista belenense Augusto Emílio Barata, que também tem um interessante blog (acesse AQUI) com notícias políticas, principalmente dos bastidores do Pará, afirma que o deputado federal Jader Barbalho já teria definido que volta à disputa eleitoral pelo Governo do Estado, em 2006:
"Jader Barbalho bateu o martelo e vai, mesmo, sair candidato ao governo do Pará nas eleições de 2006.
A informação é de uma fonte fidedigna, com acesso privilegiado ao ex-governador, hoje deputado federal pelo PMDB, do qual é presidente regional no Pará.
A definição dos nomes dos candidatos a vice-governador e ao Senado na chapa de Jader, acrescenta a mesma fonte, fica em aberto, à espera do desfecho das composições políticas costuradas pelo ex-governador".
Comentário do Blog: ainda é cedo para qualquer afirmativa sobre as eleições do próximo ano. Mas não é dificil que Barata esteja certo. A confusão do cenário nacional indica que ainda há muita carta pra ser jogada, até o final deste processo de cassações e renúncias. O PMDB, como sempre acontece nas crises, será o partido a ganhar maior envergadura. Por outro lado, a divisão dos tucanos paraenses entre criatura e criador (Jatene e Almir) e o ocaso petista pós-Rocha deixam poucas alternativas no tabuleiro da política. Mas há quem diga que Jader, como sempre faz, lança seu nome para unificar e controlar o partido. Ele roubou um grande nome dos tucanos, a ex-prefeita de Parauapebas. Bel Mesquita, que vestiu a camisa do PMDB e pode ser um nome tanto para uma vaga na Câmara Federal, como para a vaga de vice, numa possível chapa peemedebista em 2006, com Jader na cabeça. Façam suas apostas!!!!

Nosso Amor

Hoje o sol amanheceu mais brilhante
O céu com azul cintilante
O canto dos pássaros parecendo uma sinfonia
Dando Graças ao nosso amor.
Hoje meu poema já não emociona
Não tem mais rimas
E sua melodia se foi
Para dar lugar ao nosso amor
Hoje as estrelas têm mais brilho
As flores mais perfume
As árvores são mais verdes
Para enriquecer o nosso amor.
Hoje os campos são mais floridos
A lua tem mais brilho
Os sorrisos são mais contagiantes
Pois todos sentem o nosso amor
Hoje a história tem um fato diferente
Não fala de guerra, não descreve a morte
Fala de duas vidas
Fala somente do nosso amor.
Hoje tenho absoluta certeza
Que nem o brilho do sol, o azul do céu,
O canto dos pássaros, o poema que escrevo,
O brilho das estrelas, as árvores da floresta,
Os campos por onde passo, os sorrisos que encontro,
Nem a vida que vivo,
Nem a história que conto
Tem a mesma magia
A mesma beleza,
A mesma riqueza,
A mesma força e veracidade
Que tem o Nosso Amor
Joelma Viana (radialista e poetisa santarena, mais nova integrante da blogosfera. Acesse AQUI o seu blog, "Gotas de Sentimento" que é na verdade uma "enxurrada de emoções"...)

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

A festa do Rádio

Já no fim do Dia dos Radialistas, registro no blog a manifestação do videomaker Jorge Cohen (o Jorge Gordo) em homenagem à categoria e principalmente ao líder sindical Dadá, citado AQUI:
Parabéns aos amigos radialistas,
Eu me orgulho de ter muitos amigos que lutam pelo bem estar da classe, em especial ao meu amigo Daleuson, que tem demonstrado uma dedicação incrível por todos os radialistas.
Champagne e caviar para todos...
Jorge Cohen

Comentário do Blog: Dadá me ligou hoje à tarde e confirmou a programação alusiva ao Dia do Radialista, que acontecerá nesta sexta-feira (23/09), no auditório do Iespes. Haverá uma mesa-redonda com o tema "A função social do radialista no Oeste do Pará". Fui convidado para comandar a mesa-redonda, que terá a participação dos radialistas Wilson Lima (94 FM), Leíria Rodrigues (Rural AM), Edinaldo Mota (Guarany FM) e Everaldo Cordeiro (Ascom Semed). No domingo, havverá uma programação espeortiva no Iate Clube.


BR-163: vantagens econômicas superam impactos ambientais

As vantagens econômicas são maiores que os impactos ambientais negativos do asfaltamento da BR-163, rodovia que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA). Essa foi a principal conclusão dos convidados que participaram nesta terça-feira da audiência pública promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável sobre a pavimentação da rodovia e a situação da Terra do Meio, no sudoeste do Pará.
Segundo o secretário de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Gilney Amorim Viana, além de facilitar o escoamento da produção agrícola e pecuária da região, a obra aumentará o trânsito de mercadorias da Zona Franca de Manaus para o Sudeste e o Sul.
O diretor de Licenciamento e Qualidade Ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Luiz Felippe Kunz Júnior, que também concorda com essa visão, acrescentou que "o asfaltamento em si não acarretará grandes prejuízos ambientais se comparado às vantagens para desenvolvimento regional".
Ele anunciou que o projeto de licenciamento da obra já está quase pronto e que até o final de setembro o Ibama deverá divulgar o parecer técnico sobre a viabilidade ambiental do empreendimento.
(Agência Câmara - leia a informação completa AQUI)
Comentário do Blog: a BR-163 deve sair do papel algum dia, mas até lá o Governo Federal prepara a criação de áreas de conservação no entorno da rodovia, para evitar a invasão de desmatadores. A área prevista é do tamanho da Bahia! Pode-se até concordar com a medida, mas fica a dúvida: sobra algum espaço para o desenvolvimento das populações urbanas já existentes na região? Ou acontecerá o que acontece há 30 anos com a população de Aveiro, que ficou encravada dentro da Flona Tapajós, sem condições de se desenvolver?
"Accidit uno puncto quod non speratur in anno". [Rezende]

"Acontece num momento o que não se espera em um ano".

Susto

Na madrugada de hoje, como de costume, eu me preparava para uma série de postagens em meu blog. Comecei pelo post abaixo, reverenciando Manuel Dutra. De repente um bug e meu blog sumiu!
Passei horas tentando acessá-lo e entrei em pânico. As mensagens em inglês me indicavam que algum problema séria havia ocorrido. Me senti pequeno. Fui dormir, mas com medo que tudo tivesse se perdido. Seria o mesmo que escrever um grande livro e ele ser queimado antes de ser publicado, mas tendo sido lido por alguns amigos.
Pela manhã, alívio. O blog voltou ao normal, inclusive com a inserção anterior. À tarde me ocupei de outras atividades e agora volto á salutar atividade de atualizar meu blog. UFA!

terça-feira, 20 de setembro de 2005

Do mestre ao discípulo

Recebi carinhoso e-mail do meu mestre Manuel Dutra agradecendo minha lista dos "Dez mais de Santarém" que indiquei no Blog do Jeso (Leia AQUI), onde logicamente constou seu nome:

Caro Jota,
Ser jornalista é barra pesada mas é divertido também. O Fernando Menezes, jornalista da velha cepa, de Recife, disse certa vez que a melhor coisa do mundo é ser um repórter bem pago, ou seja, poder viver tão-somente dessa instigante profissão de não deixar nada ficar por debaixo dos panos.
Mesmo sendo escrivão, continuas escritor. O escrivão redige, o escritor-jornalista produz. Aí a diferença específica com a qual nós não nos acostumamos...
Com este palavreado, te agradeço a menção do meu nome entre os "Mais" no blog do Jeso, mas cuidado para não ser os "Maias", ou seja, pertenço à nação Tapajós e não à nação Maia, aquela dos tempos idos lá da hoje América Central e México.
abs: Manuel Dutra
Comentário do Blog: Dutra dispensa qualquer comentário. Mais que meu mestre, o considero meu melhor amigo, abaixo apenas do meu pai. Em minha carreira jornalística, bem como em minha vida pessoal, Dutra tem tido uma influência ímpar em momentos cruciais. Tenho orgulho de ter sido escolhido entre outros como um de seus discípulos na década de 80, quando acredito ter surgido a última grande "fornada" de talentos jornalísticos de Santarém, incluídos aí, os irmãos Jeso e Celivaldo Carneiro, Anselmo Colares, Ronei Oliveira, Dornélio Silva, José Ibanês, Ormano Sousa e Adélson Sousa. Fomos todos alunos do grande mestre e vivemos a época do jornalismo engajado, combatendo Ronans e Ronaldos, políticos que fecharam um ciclo da história santarena.Coube a mim, com muito orgulho, a tarefa de continuar sorvendo os ensinamentos do mestre (eu bebendo água tônica, ele a inseparável cerveja). Seja em Belém ou Santarém, sempre nos encontramos e é como se todo o grupo estivesse junto. Incluir o nome do Dutra entre as "Dez coisas que lembram Santarém" é tarefa fácil. E acredito que quantos mais participarem da seção do Blog do Jeso, dificilmente deixarão de citá-lo. AVE, DUTRA!

Nova diretoria da ATAS

Foi empossada domingo, a nova diretoria da ATAS - Associação de Teatro Amador de Santarém. A nova presidente é a professora Ivânia Pessoa, do Colégio Dom Amando e que também organiza o Grupo de Teatro São José, daquele educandário.
Ela assume o mandato num momento em que a entidade está fragilizada. Na Câmara, nem a vereadora que é atriz e foi presidente da ATAS (Odete Costa) lembrou da posse! Quem reverenciou a diretoria eleita foi a vereadora Beth Lima (PL)!
A atual diretoria da ATAS é composta por Ivânia Pessoa, presidente (GT São José), Raliene Pereira, vice-presidente (GT José Dilon), os secretários Evandro Boa Morte (GT Cenas Proibidas) e George Sardinha (GT Artes Amazônicas), os tesoureiros Darlisson Nobre (GT Experiência) e Suelen Sousa (GT Terra Firme) e os diretores de imprensa Rainério Lima (GT Onphalos) e Marcos Teixeira (GT Chico Mendes).
Ela confirmou a realização da Mostra de Teatro deste ano, que chegou a estar ameaçada de não ocorrer, em virtude dos desacertos entre os grupos e a diretoria que deixou o mandato. A Mostra ocorrerá de 15 a 30 de outubro.
Bom trabalho para Ivânia, que eu conheço dos tempos da UFPa., jutamente com seu esposo Valdenir Pessoa.

Hoje é dia de Severino

E chegou o dia do Severino, mas mesmo na hora de sair ele não perde a mania de dar uma última mamada, como registra hoje o Diário do Pará:
"O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), reuniu-se ontem no início da noite com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comunicar que renunciará ao mandato de deputado federal na quarta-feira.
Lula recebeu Severino com a disposição de manter o ministro Márcio Fortes (Cidades), indicado pelo deputado na cota do PP.
A respeito do filho de Severino, José Maurício Cavalcanti, que tem um cargo federal em Pernambuco, a tendência é mantê-lo pelo menos num primeiro momento. Seu futuro, porém, dependeria das pressões políticas para tirá-lo do posto"
(Leia a notícia completa AQUI)

Mordendo a língua

Falando em mancada na Câmara, outro que mordeu a língua foi meu ex-colega do curso de Direito da FIT, Erasmo Maia (PFL)... Veja o que comentei no Colunão:
Nada melhor do que um dia após o outro. O vereador Erasmo Maia (PFL) queixou-se ontem na Câmara Municipal da “invasão que a região começa a receber de políticos pára-quedistas que tentam aproveitar os eventos e os recursos públicos para se promover”, se referindo a especificamente ao deputado José Priante (PMDB) por causa de suas propagandas em outdoor tirando proveito da retomada das obras do viaduto.
Para ele “o eleitor santareno deve votar nos candidatos de Santarém para ter de quem cobrar mais tarde”. Só esqueceu de dizer que se Priante teve votos em Santarém nas duas últimas eleições estaduais, o responsável foi seu grupo político, liderado por seu tio, o ex-prefeito Lira Maia, que agora vai ter que enfrentar seu ex-aliado na disputa por uma vaga na Câmara Federal.^
Ô Erasmo, podia ficar sem essa... (Paulo Roberto Mattos e Alexandre Von, que o digam...)

Mancada socialista

Essa aconteceu na sessão da Câmara Municipal de ontem, e eu registrei e comentei no Colunão do Diário do Tapajós, que sai encartado logo mais no Diário do Pará:
O primeiro discurso na Câmara Municipal do recém-filiado ao PSB, vereador Reginaldo Campos (foto), foi catastrófico em termos históricos. Mostrando total desconhecimento da história política do partido ao qual se filiou, Reginaldo afirmou que é “o primeiro vereador deste partido na Câmara”.
Ledo engano vereador, o senhor é apenas o QUARTO vereador a assumir o discurso do Partido Socialista Brasileiro em Santarém!
O primeiro vereador ELEITO, foi Odonaldo Cardoso, em 92, tendo ficado no partido por dois anos para depois transferir-se ao PDT.
Nessa mesma legislatura, o então vereador eleito pelo PDS, o médico Júlio Cezar Imbiriba, ingressou no PSB, que era o partido do prefeito, também na época do PSB, Ruy Corrêa.
Em 1996, o professor Laudenor Albarado também foi ELEITO vereador pelo PSB, antes de largar o partido para se aventurar no PPS, depois no PV e agora no PSDB. Ou seja, como socialista, Reginaldo é um excelente evangélico!

Radialistas

Amanhã, 21 de setembro, é o Dia dos Radialistas. Desde já desejo a todos os colegas da área um feliz dia da classe. Em homenagem, apresentarei o segundo homenageado do meu quadro "Pérolas da Comunicação", aqui no blog. Este é um monstro sagrado!
E por falar em radialistas, meu amigo é líder sindical, Daleuson Menezes há algum tempo mantém, também um blog na internet (acesse AQUI) para informar os associados do Sindicato sobre as novidades.
O blog não está tão atualizado, mas pelo que sei, inclusive externamente, haverá uma programação especial para o Dia do radialista em conjunto com Iespes. Ao que parece, será organizada uma Mesa-redonda sobre radialismo, com jovens talentos do rádio e pelo menos um "dinossauro" como mediador (adivinha quem eles escolheram...)

Amor...

Aos que não casaram,
Aos que vão casar,
Aos que acabaram de casar,
Aos que pensam em se separar,
Aos que acabaram de se separar,
Aos que pensam em voltar...
Não existem vários tipos de amor,
assim como não existem três tipos de saudades,
quatro de ódio, seis espécies de inveja.

O amor é único, como qualquer sentimento,
seja ele destinado a familiares,
ao cônjuge ou a Deus.

A diferença é que,
como entre marido e mulher
não há laços de sangue,
a sedução tem que ser ininterrupta.
Por não haver nenhuma garantia de durabilidade,
qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza,
e de cobrança em cobrança
acabamos por sepultar uma relação
que poderia ser eterna.

Casaram.
Te amo pra lá, te amo pra cá.
Lindo, mas insustentável.
O sucesso de um casamento
exige mais do que declarações românticas.

Entre duas pessoas que resolvem
dividir o mesmo teto,
tem que haver muito maisdo que amor,
e às vezes nem necessita
de um amor tão intenso.
É preciso que haja,
antes de mais nada, respeito.
Agressões zero.Disposição para ouvir
argumentos alheios.
Alguma paciência...
Amor, só, não basta.

Não pode haver competição.
Nem comparações.
Tem que ter jogo de cintura
para acatar regras
que não foram
previamente combinadas.

Tem que haver bom humor
para enfrentar imprevistos,
acessos de carência,
infantilidades.
Tem que saber levar.
Amar, só, é pouco.

Tem que haver inteligência.
Um cérebro programado
Para enfrentar tensões pré-menstruais,
rejeições, demissões inesperadas,
contas pra pagar.

Tem que ter disciplina
para educar filhos,
dar exemplo, não gritar.
Não adianta, apenas, amar.Entre casais que se unem
visando à longevidade do matrimônio
tem que haver um pouco de silêncio,
amigos de infância, vida própria,
um tempo pra cada um.

Tem que haver confiança.
Uma certa camaradagem,
às vezes fingir que não viu,
fazer de conta que não escutou.
É preciso entender que união
não significa, necessariamente, fusão.
E que amar, "solamente", não basta.
Entre homens e mulheres
que acham que o amor é só poesia,
tem que haver discernimento,
pé no chão, racionalidade.
Tem que saber
que o amor pode ser bom,
pode durar para sempre,
mas que sozinho
não dá conta do recado.

O amor é grande,
mas não é dois.
É preciso convocar
uma turma de sentimentos
para amparar esse amor
que carrega o ônus da onipotência.
O amor até pode nos bastar,
mas ele próprio não se basta.
Um bom Amor aos que já têm!
Um bom encontro aos que procuram!
E felicidades a todos nós!
Arthur da Távola (Jornalista, escritor, ex-senador pelo PSDB do Rio de Janeiro. Atualmente comanda um programa na Rádio Senado)

Outra visita

Quem também tem andado pelo meu blog foi a colega Olga Matos, eficiente secretária com quem trabalhei na Prefeitura. Há tempos não a vejo, mas ela deixou um recado para mim no Orkut:
Jota,
amei teu blog, e tão bom ficar atualizada das notícias da terrinha.
Parabéns e sucesso!
Beijos, Olga.
Comentário do blog: Obrigado Olga. Mande notícias. Aliás, quem quiser matar saudades da Olga esse é o seu e-mail: olgammatos@hotmail.com

Nova blogueira

Mais uma jornalista santarena se rende à onda do blog. Núbia Pereira, atualmente em Belém, agora tem o seu blog, segundo comentou aqui:
Pois é, Ninos,
acho que demorei mas enfim, venci a briga com a Internet e consegui criar um blog.
Ficarei feliz se de vez em quando você passar por lá pra dar uma olhadinha, fazer criticas e sugestões.
É mais um lance que venço depois de levar duras porradas. Por sinal, amanhã (ontem) estreio como assessora de imprensa da FUNCAP aqui em Belém. E espero contar com sua ajuda, principalmente na divulgação de notícias que surgirão por lá.
Desde já agradeço. Um beijaço e parabéns pelo teu blog, tá um barato.
Comentário do Blog: já entrei lá no blog da Núbia. Simples e direto. Gostei da caixa de comentários, bem melhor que a minha e que a do Jeso (aliás a do Jeso é problemática para postar, viu baixinho!). Sobre a Funcap, ótimo! Como Escrivão da 7ª Vara Cível de Santarém (Infância e Juventude), tenho tido muito contato com a Funcap local, comandada pela amiga Ana Júlia Hamad. Há dois meses, entretanto, fui cedido à 6ª Vara Criminal (me identifico mais com o crime, não sei porquê) e ainda não sei se voltarei pra lá. De qualquer forma, gostarei de ter notícias daí, e quem sabe com essa ponte, até ajudes a resolver alguns casos de meninos e meninas infratoras que vão para Belém, para serem acompanhadas por aí. Abraços, "new blogueira"...
"Tibi ibidem das, ubi tu tuum amicum adiuvas". [Plauto]

"Quando ajudas a um amigo, ao mesmo tempo estás servindo a ti".

domingo, 18 de setembro de 2005

Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Cora Coralina
- Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, ou Cora Coralina (1889-1985), foi a grande poetisa do Estado de Goiás.

As dez mais

Falando no blog do Jeso, foi inserido hoje por lá minha homenagem à Santarém, por solicitação do baixinho, que vem fazendo uma série intitulada 0 "As dez mais de Santarém".
Clique AQUI para ler o que escrevi nesta seção.

Pensatas no além-blog

Passei o sábado tentando entrar na internet, mas problemas do meu servidor me impediram. Só no domingo à noite pude realizar essa tarefa e vi que o parceiro Juvêncio deixou aqui uma mensagem, referente a um caloroso debate que estamos vivendo no blog do Jeso Carneiro, sobre a redivisão territorail do Pará. Ele se refere a uma Pensata postada por mim no Blog do Jeso em resposta a outra que ele postou anteriormente (Leia AQUI a pensata de Juvêncio e AQUI, a minha Pensata):
Era quase meia noite quando o nosso barco se aproximou da Ponta do Cataú.
Um convés, trinta toneladas, meio lento mas muito simpático. Chamava-se Rio Ituqui e pertencia à Executoria Regional do Incra em Santarém.
Distraído pela beleza de uma das passageiras, nem liguei quando o comandante nos alertou: vai jogar! E assim aconteceu, como nunca em minha vida antes.
Ficamos todos em pé, agarrados nas redes, enquanto passavam aqueles minutos de adrenalina, vento e emoção.
E jogou, trinta, quarenta minutos. De repente, uma curva acentuada à bombordo, à Oeste, num passe da mais pura mágica, o barco empinou a proa pela última vez... e desceu com indescritível suavidade, entrando no que me parecia... um paraíso de calma e tranquilidade.
Entrávamos no Paraná de Monte Alegre. Pouco depois atracamos no porto da cidade. Essa sensação me acomete todas as vezes que saio "da trincheira do outro lado" e entro aqui, no seu blog. Mas acontece também quando levo aulas de mitologia grega, outra lembrança paterna pois ele gostava e conhecia o tema.
Valeu, Ninos. Estou apenas começando a falar. E isso tem que ser devagar, corrigindo os rumos durante a proada. Tentando perceber os momentos de encontro entre a fortuna e a virtú, como disse o príncipe italiano.
Tomara que a sorte não retarde nossos projetos... e que, ao menos uma vez, eles sejam comuns. Embora isso não seja uma condição si ne qua.
Te abraço e aos teus.
Juvêncio.
"Gaudeamus igitur iuvenes dum sumus; post iucundam iuventutem, post molestam senectutem nos habebit humus". [Canção estudantil medieval]
"Alegremo-nos, pois, enquanto somos jovens; depois de uma deliciosa juventude, depois de uma molesta velhice, ter-nos-á a terra".

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Capa do Diário do Tapajós - 16.09.05

Dossiê PT – estórias que não gostaria de contar

Capítulo III – A “pré-história” do PT em Santarém (parte 2)

Na primeira parte deste capítulo do meu “Dossiê PT”, falava sobre a utilização do teatro engajado como ferramenta para a formação de um núcleo urbano de resistência vinculado à “Corrente Sindical Lavradores Unidos”, grupo organizado por trabalhadores rurais com apoio de padres da Teologia da Libertação e técnicos da FASE (Federação dos Órgãos de Assistência Educacional e Social). (Leia AQUI o capítulo anterior)

Esse foi na verdade o espaço em que comecei a me formar um militante da causa. Os irmãos Ranulfo e Pedro Peloso foram os responsáveis pela formação do grupo, que se reuniria semanalmente na casa dos Peloso com a motivação de preparar o que se chamava de “sócio-drama”, ou seja, uma pequena historieta dramatizada, escrita com primor pelo grande guru Antonio Vieira, com apoio dos irmãos Peloso, e que levaria uma mensagem ideológica clara para populações de periferia: para vencer seria preciso a organização coletiva e dispensar qualquer aproximação dos “patrões” (ou “burguesia’).

O grupo era formado essencialmente por jovens de classe média, em sua maioria irmãos, amigos e vizinhos dos Peloso, que moravam à época numa casa da Avenida São Sebastião, quase em frente ao Colégio Ezeriel Mônico de Matos. Ali surgiria o laboratório para as futuras lideranças políticas, que em grande parte ainda lideram o movimento petista em Santarém.

Éramos 12 jovens (coincidência com os 12 apóstolos de Cristo?). Além de Pedro, participavam do grupo: seus irmãos Milton, Rita e Socorro Peloso e um sobrinho chamado Manuel (conhecido por “Bertué”), dois colegas de Pedro, Onildo e Maurício, que trabalhavam no Mercado Modelo na venda de garapa – atividade exercida por muito tempo pelos Peloso, naquele local – (de Onildo não tive mais notícia e quanto a Maurício, sempre cruzo com ele no Hemopa, onde é funcionário); participavam também as então namoradas de Milton e Pedro, respectivamente, Tânia (nunca mais soube dela) e Raimundinha (que casou e separou de Pedro, e hoje é esposa do deputado petista Aírton Faleiro); e mais duas amigas, Albertina, uma vizinha dos Peloso (que nunca mais vi) e Delza, uma professora que até pouco tempo dava aulas na escola Janelinha do Saber.

Eu fui o último a ser integrado ao grupo. Na verdade só entrei porque um dos membros havia desistido e a peça em ato único que se ensaiava já tinha data para a primeira apresentação. Mas para eu ser convidado, houve todo um processo de seleção que eu nem percebi. Outras pessoas que foram sondadas não preencheram os requisitos e acabei sendo indicado (pelo menos foi o que soube muito tempo depois).

Corria o ano de 1979. Há um ano eu morava em Santarém e tinha acabado de completar 16 anos. Trabalhava com meu pai no Nino-lanche, uma lanchonete que funcionou inicialmente na Travessa dos Mártires, bem em frente às Boas Lojas (na época era a Paralar, o grupo se consolidou anos mais tarde). Fui vizinho do Foto Ideal, loja do peruano Alfonso Jimenez (o “Poderoso”). Mas havia uma outra loja de fotografia no canto da Travessa dos Mártires com a Floriano Peixoto (onde hoje existe uma loja de produtos importados), a filial do Foto Menezes. Ali trabalhava a então comerciária Raimunda Nonata Monteiro, até hoje conhecida carinhosamente como Raimundinha. Atualmente é jornalista e professora da Ufra. Segundo me consta, ela também buscava encontrar alguém com o perfil que se encaixasse no que o grupo precisava e eu era seu alvo.

Raimundinha era minha freguesa mais assídua na lanchonete. Com seu enorme sorriso, sempre ia lá nos intervalos de seu expediente e começava a puxar conversa comigo. Fazia perguntas e eu respondia. Eu fazia palhaçadas, mostrava um talento pra contar piadas (que, modéstia parte, sempre tive), falava de minhas preferências musicais (naquele tempo não conhecia Chico Buarque e ainda vivia uma fase meio brega). Foi quando falei que gostava de teatro e que havia feito várias peças em Belém, quando estudava no colégio anglicano Jonh F. Kennedy. Raimundinha passou a conversar cada vez mais comigo buscando outras informações sobre minha experiência teatral. Aos poucos foi me sondando e falava do grupo que participava. Eu tinha ojeriza a grupos de jovens católicos, mas ela me garantiu que a proposta do seu grupo era só fazer teatro. Não ficava bem claro para mim as idéias do grupo, mas fui me fascinando por suas narrativas e aguardava ansioso que ela me convidasse a conhecer o grupo. E parece que ela sentia isso também, mas talvez o método de abordagem ainda não estivesse completo. Até que um dia o convite foi feito.

Naquela semana de julho fui ao endereço na São Sebastião. As reuniões aconteciam no quintal da casa dos Peloso, embaixo de uma barraca coberta. Fui apresentado ao grupo e me senti muito bem. Cheguei calado, mas eles foram me descontraindo. Milton era sempre o animador. Com seu inseparável violão, tocava músicas de Chico, Caetano e outras da MPB. Mas a música de encerramento das reuniões do grupo era “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré. Foi a primeira vez que ouvi aquela canção e fiquei fascinado. Eles cantavam como se fosse um hino e eu me senti envergonhado por nunca ter ouvido tal música (o mais “ revolucionário” que eu conhecia e Gitá, de Raul Seixas...). Eu era um alienado total naquele tempo.

Resumindo a história, depois de algum tempo me enturmei e aceitei participar do grupo e da peça. Meu empenho logo me levou à condição de secretário. Fiquei responsável pela lavratura das atas. O meu papel encaixava como uma luva para mim: eu faria um jovem filho de um empresário que vivia o dilema de ser filho adotivo e cuja origem era de sua família era pobre. Assim me identificava com os trabalhadores de meu pai, chegando a participar de assembléias de sindicato. Meu “pai” era o Milton e minha “mãe” a Tânia. A idéia era mostrar o conflito ideológico que passava na cabeça de meu personagem, que no ápice da peça tinha que decidir de que lado ficaria. O final era contundente. O filho é flagrado pela polícia repressiva numa batida ao sindicato. Os sindicalistas são presos pela repressão e o pai chega e encosta o filho na parede com um discurso sobre as vantagens do capitalismo. O filho, acaba correndo atrás do pai e abandona os trabalhadores que acreditaram nele, à própria sorte. A frase que é dita no meio da peça ecoa nos meu ouvidos até hoje: “Água não se mistura com óleo!”. Esse é o cerne ideológico incutido por Vieira (o guru da Fase) naquele sócio-drama.

A peça durava algo em torno de 40 minutos. Foi ensaiada exaustivamente e seria apresentada em três bairros: Uruará (onde hoje é o São José Operário), Interventoria e Matinha. O trabalho de divulgação era feito por nós mesmos. Divididos em três grupos de quatro jovens cada, visitávamos há cada domingo aqueles bairros, fazendo abordagens junto aos moradores da periferia. Foi a experiência mais fantástica de minha vida. Andando no Uruará (o bairro para o qual foi designado), juntamente com Delza, Albertina e Tânia, aprendi o que era militância. Incorporei o espírito da Corrente e aos poucos fui sendo seduzido pelas idéias do grupo, e principalmente pelo carisma de Pedro.

Após as três apresentações nos bairros, fazíamos uma reunião com os moradores e discutíamos qual o principal problema que os afligia. A falta d´água era quase unanimidade. Recolhíamos então assinaturas para um abaixo-assinado e nos preparávamos para levar a reivindicação à Cosanpa. Estava plantada a semente das primeiras associações de bairro de que se teve notícia. Daquelas reuniões, surgiram muitas pessoas simples que acreditaram em nossa proposta e que anos depois seriam os verdadeiros militantes de base do PT. Essa mesma gente acreditou no partido e nem percebia o processo de lavagem cerebral (pelo qual nos já havíamos passado) patrocinado pela “Corrente”.

Depois de seis meses de atividades o grupo perdeu a força. Pedro, Ranulfo e Antonio Vieira chegaram à conclusão de que a experiência não progrediria. Pedro já havia assumido uma nova tarefa: elegeu-se presidente da recém-criada Associação dos Comerciários. Iniciava uma nova etapa, a da plantação das sementes do sindicalismo urbano. Mas a sagacidade de Pedro era algo fora do comum. Ele não queria desistir de todo do projeto com os jovens. Percebeu que entre os doze pelo menos três poderiam ser “salvos”, já que a maioria não queria mais saber de reunir ou andar nas periferias. Os três eram eu Milton e Onildo. Chamou-nos para uma conversa e nos desafiou a concentrarmos nossas forças no bairro que havia avançado mais em organização: a Interventoria. Aceitamos e passamos a visitá-la com freqüência. Convencemos os demais a nos ajudarem numa última apresentação da peça naquele bairro. Pedro acreditava que depois disso teríamos um foco de movimento popular na Interventoria. Só que depois da apresentação nada aconteceu. Milton e Onildo esmoreceram e só eu mostrava apetite para continuar.

Pedro, já casado com Raimundinha, me chamou à sua casa e passamos a conversar cada vez mais. Comecei a ler Marx, Lênin e outros autores. Ele me ensinava política e eu lhe ensinava xadrez. Mestre e discípulo eram unha e carne, a ponto de Raimundinha ser deixada em segundo plano. Pedro praticamente me adotou como um irmão mais novo. Minha vida vazia encontrava ali algum sentido. Estava consagrada a junção da fome com a vontade de comer. Eu nem imaginava que toda aquela experiência redundaria, dois anos depois, na minha filiação a um partido político de esquerda. E como Lula, eu odiava política...

Mas antes disso eu precisava ser batizado na vida sindical. Pedro apostou todas as fichas em mim e me convidou a fazer parte do “grupo dos seis” da Associação dos Comerciários. Mas esta é outra história, que eu conto em breve.