terça-feira, 20 de setembro de 2005

Amor...

Aos que não casaram,
Aos que vão casar,
Aos que acabaram de casar,
Aos que pensam em se separar,
Aos que acabaram de se separar,
Aos que pensam em voltar...
Não existem vários tipos de amor,
assim como não existem três tipos de saudades,
quatro de ódio, seis espécies de inveja.

O amor é único, como qualquer sentimento,
seja ele destinado a familiares,
ao cônjuge ou a Deus.

A diferença é que,
como entre marido e mulher
não há laços de sangue,
a sedução tem que ser ininterrupta.
Por não haver nenhuma garantia de durabilidade,
qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza,
e de cobrança em cobrança
acabamos por sepultar uma relação
que poderia ser eterna.

Casaram.
Te amo pra lá, te amo pra cá.
Lindo, mas insustentável.
O sucesso de um casamento
exige mais do que declarações românticas.

Entre duas pessoas que resolvem
dividir o mesmo teto,
tem que haver muito maisdo que amor,
e às vezes nem necessita
de um amor tão intenso.
É preciso que haja,
antes de mais nada, respeito.
Agressões zero.Disposição para ouvir
argumentos alheios.
Alguma paciência...
Amor, só, não basta.

Não pode haver competição.
Nem comparações.
Tem que ter jogo de cintura
para acatar regras
que não foram
previamente combinadas.

Tem que haver bom humor
para enfrentar imprevistos,
acessos de carência,
infantilidades.
Tem que saber levar.
Amar, só, é pouco.

Tem que haver inteligência.
Um cérebro programado
Para enfrentar tensões pré-menstruais,
rejeições, demissões inesperadas,
contas pra pagar.

Tem que ter disciplina
para educar filhos,
dar exemplo, não gritar.
Não adianta, apenas, amar.Entre casais que se unem
visando à longevidade do matrimônio
tem que haver um pouco de silêncio,
amigos de infância, vida própria,
um tempo pra cada um.

Tem que haver confiança.
Uma certa camaradagem,
às vezes fingir que não viu,
fazer de conta que não escutou.
É preciso entender que união
não significa, necessariamente, fusão.
E que amar, "solamente", não basta.
Entre homens e mulheres
que acham que o amor é só poesia,
tem que haver discernimento,
pé no chão, racionalidade.
Tem que saber
que o amor pode ser bom,
pode durar para sempre,
mas que sozinho
não dá conta do recado.

O amor é grande,
mas não é dois.
É preciso convocar
uma turma de sentimentos
para amparar esse amor
que carrega o ônus da onipotência.
O amor até pode nos bastar,
mas ele próprio não se basta.
Um bom Amor aos que já têm!
Um bom encontro aos que procuram!
E felicidades a todos nós!
Arthur da Távola (Jornalista, escritor, ex-senador pelo PSDB do Rio de Janeiro. Atualmente comanda um programa na Rádio Senado)

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