segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Os primeiros secretários de Alexandre Von

Zuíla Von, Alexandre Von e Jaci Barros, em recente encontro.
Foram anunciados hoje pela manhã, 11 titulares de pastas do Governo Von, que toma posse em janeiro/2013. A maioria dos nomes já é conhecida por ter integrado os governos Lira Maia (1997/2000 e 2001/2004):

  1. Jaci Barros - Chefe de Gabinete;
  2. Irene Escher - Secretaria Municipal de Educação (Semed);
  3. Zuíla Von - Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtras);
  4. Edilson Pimentel - Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra)
  5. Mauro Maués (Adjunto Seminfra);
  6. Nato Aguiar – Secretaria Municipal de Cultura (Secult);
  7. Irene Belo – Secretaria Municipal de Turismo (Semtur);
  8. Rosivaldo Colares – Secretaria Municipal de Agricultura e Incentivo à Produção Familiar (Semap);
  9. João Clóvis Lisboa (Adjunto Semap);
  10. Darlison Maia (Coordenadoria de Defesa Civil);
  11. Edivaldo Bernardo (Coordenadoria de Apoio ao Estado do Tapajós).
Jaci Barros, Rosivaldo Colares e João Clóvis Lisboa, agrônomos, são antigos aliados do deputado Lira Maia, com forte atuação na área da agricultura, principalmente através da Emater, de onde Maia é oriundo. 


Irene Belo é professora e sócia do BeloAlter, o maior hotel de Alter do Chão e esposa de um grande amigo de Lira Maia, o empresário da área de turismo José Carlos Zampietro.

Darlison Maia, administrador de empresas que chegou a gerenciar o Detran/Santarém, ja trabalhou no Gabinete do Prefeito Lira Maia.

Edilson Pimentel e Mário Maués, são engenheiros que também teriam ligações com o deputado Lira Maia (essa afinidade foi ventilada por alguns setores da imprensa, mas não confirmada).

Da cota de Alexandre nessas primeiras indicações, sua esposa Zuila Von, administradora de empresas e filha do empresário Chico Coimbra; Irene Escher, professora cuja família tem vinculações com a esposa de Von; e o cantor e compositor Nato Aguiar, piauiense já incorporado à cultura local, tendo sido secretário de cultura em Itaituba (quando era filiado ao DEM), e agora em Santarém como professor da Uepa e filiado ao PSDB.

Edivaldo Bernardo, filiado ao PSB, é da cota do vereador reeleito Reginaldo Campos (PSB), aliado de última hora que pulou do barco de Maria do Carmo um dia antes das convenções municipais realizadas em junho, para apoiar a chapa de Von.
(Veja fotos do novos secretários na página d'O Impacto.)

sábado, 15 de dezembro de 2012

Prefeito no Bazar

Alexandre, no Bazar, domingo.
O prefeito eleito Alexandre Von (PSDB) confirmou sua presença em meu programa dominical pela Rádio Rural de Santarém e participará do Bazar Brasileiro na seção "Papo de Botequim", onde converso com meus entrevistados sobre os mais variados temas, dando maior enfoque às questões culturais. 

Quem quiser participar do programa, pode mandar sua pergunta para o e-mail bazarbrasileiro@gmail.com, com identificação. Perguntas anônimas e/ou ofensivas não serão liberadas.



O Bazar Brasileiro foi criado em 1985, por mim e pelo companheiro Dornélio Silva e ficou no ar até 1993, sendo apresentado por vários radialistas quando a dupla saiu da cidade. Em 2007, retomei o programa inicialmente com a companhia do também jornalista Ormano Sousa. Uma breve parada em 2010 e o retornei em setembro de 2011.

O Bazar Brasileiro pode ser captado pelas ondas médias (AM), na frequência 710, ou pela internet no site da rádio. O programa de domingo começa às 20h30 (oito e meia da noite).

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012



Versos brutos (Buriti versus Juá)
Veias minhas que te enterrei
Nas entranhas de teu corpo
Te fiz meu porto,
Náufrago sem mar
De águas ensandecidas
Que lagrimei em tua pele devastada... 
Seivas minhas que te singrei
Na vastidão de tua vergonha
Te fiz minha fronha
E te babei, embrutecida,
De meu furor enlouquecido
De te habitar eternamente
E te estuprei a alma estarrecida...

E agora, que o vento já não faz sentido?
Que o tempo já não tem fronteiras?
O que faço de teu corpo ensanguentado?
O que digo à beleza de teus caprichos em desalinho?
Já não me resta uma tímida lembrança
Da qual eu possa te fazer relíquia... 
Diz-me qual a pena que me ordenas!
Qual penitência de tuas rezas?
Será que ainda me prezas?
Será que perdoas por usurpar-te
A natureza em meu nome-fantasia?
O que será de mim, agora que somos nada? 
Deixa que eu te faça dos meus versos
A estrofe esquecida
E do acalanto,
O estribilho mal concebido
Mas que um dia eu possa realizar-te o sonho
Do pesadelo de eu nunca ter nascido
Ser natimorto, de um passado esquecido...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Tapajós: o sonho interrompido


(*) DORNÉLIO SILVA

Depois de um ano do plebiscito, relembrando a campanha histórica para a criação dos Estados do Tapajós e Carajás, manifesto neste pequeno artigo uma releitura da campanha e demonstro uns dos pecados capitais cometidos pelas lideranças políticas que conduziram esse processo, levando a derrocada.

Dornélio Silva
Havia uma apatia muito grande no Pará Remanescente, mas era neste Pará que continha o maior número de eleitores que decidiam a eleição. Ninguém mobilizava ninguém! Ninguém motivava ninguém! Nem a causa motivava ou mobilizava alguém! Ninguém se motivava a sair de casa para abraçar a causa. A não ser alguns poucos militantes com certa consciência induzida pela emoção. A “espetacularização” dos programas de TV e rádio era a grande expectativa dos “donos” do processo para que esse ente inerte chamado povo-eleitor pudesse espreguiçar-se e, quem sabe, começar a ter forças para levantar-se e começar a comentar – pelo menos – em bares, no trabalho, em casa. Será que isso aconteceu? Será que a força da TV e Rádio conseguiu acordar o eleitor que dormia em “berço esplêndido” ao som dos bregas, dos carimbós, dos sertanejos e das vozes apelativas e chorosas nos palcos televisivos? Mesmo com a “espetacularização”  a apatia e o desinteresse continuaram a abraçar nosso Grande Eleitor!

Foi uma eleição histórica e atípica. Não iríamos votar em pessoas ou legendas. Historicamente e culturalmente não votamos em ideias, infelizmente! Os partidos existem para viabilizar candidaturas. As regras do sistema eleitoral determinam a forma que influencia na decisão do voto. As campanhas são personalizadas. Votamos em pessoas. Não há abstração. Existe o João, a Maria, o Antonio, o Manoel que receberá meu voto para me representar. Essa eleição plebiscitária foi atípica: ia votar numa ideia, numa abstração. O que move a consciência do eleitor para a decisão do voto? Em eleições personalizadas como é a nossa, muitos são os motivos, passando do psicológico/emocional, dos interesses de grupos sociais onde a conversação social pode formar opiniões individuais, e dos interesses utilitaristas; dos que  votam se esse ato for visto como potencialmente capaz de trazer-lhes algum benefício social ou econômico, e tem aqueles que votam por seus bolsos.

Em todo o processo de campanha política há os ingredientes intrínsecos ao eleitor de paixão e de interesse. O ato de votar implica em escolher a alternativa que produza o melhor resultado ou escolher entre as alternativas disponíveis que garanta minimamente a satisfação de seus interesses. Então, quando o custo de votar não for compensado pelos benefícios derivados de determinadas  ações por quem se propugna a ser governo ou legislativo, o eleitor não vota. Agora imagine numa eleição – o plebiscito – onde não existiam candidatos? A vacância na mente do eleitor seja ele médio ou comum era enorme.

Os defensores do SIM e do NÃO ensaiaram timidamente na região do Pará remanescente alguns momentos de campanhas. A maioria desses ensaios foi localizado através de eventos de debates. O povão, a grande maioria, aquele que decide a eleição passou ao largo. Os defensores do SIM e do NÃO apostaram tudo na TV e Rádio. O palco televisivo seria o instrumento para esclarecer, informar, mobilizar e convencer os eleitores para votar nesta ou naquela proposta.

Depois de uma semana de horário eleitoral, o que se via do lado do NÃO era uma densa dose de paixão/emoção, de sentimento de perda e de vitimização; do lado do SIM se via intensa manifestação de racionalidade propositiva.

Por outro lado, ao invés de informar, estavam desinformando a população. Os dois, tanto SIM quanto NÃO, faziam os programas como se fosse apenas UM voto (SIM ou NÃO e estaria tudo resolvido). Não apresentavam informações precisas do porque EU tenho que votar SIM no Tapajós ou Carajás; mesma situação do NÃO, não apresentavam também informações do porque que eu tenho que votar Não no Tapajós e Carajás.

Os marqueteiros, tanto do SIM quanto do NÃO, colocaram tudo dentro da mesma panela, temperaram com os mais variados ingredientes a gosto e, depois, ofereceram a sopa aos eleitores, afirmando que “a minha sopa é a mais gostosa e suculenta do que a sua”. Será que o povo estava conseguindo tomar aquela sopa? Não percebiam que dentro daquela panela existiam ingredientes completamente diferentes que tinham dificuldades de se misturar. O que se tinha em comum é que Tapajós e Carajás queriam se emancipar.

Para tornar realidade e tentar convencer o eleitor a votar nesta ou naquela proposta, cada região emancipacionista deveria falar com sua linguagem própria. Tapajós tem características culturais, econômicas, sociais, históricas completamente diferentes do Carajás; que também tem características completamente dispares do Tapajós. Por que os marqueteiros e suas lideranças políticas não mostraram isso à população? Não existia nenhum diferencial de mercado do voto sendo apresentado na TV e Rádio que mostrasse claramente porque o eleitor queria o Tapajós emancipado ou não; porque queria ou não o Carajás emancipado? Tapajós perdeu a grande oportunidade de confirmar sua luta histórica de 154 anos. E suas lideranças políticas de ficarem na história como os baluartes desta conquista. Mas, estes, por acreditarem em milagres televisivos, e em marqueteiros “deuses”, frustraram o sonho de uma população. 

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(*) Mestrando em Ciência Política – PPGCP/UFPA/ Especialista em pesquisa de opinião e diretor da Doxa Comunicação Integrada

O artigo foi escrito a pedido deste poster, sendo o primeiro de uma série que publicarei nos próximos dias, de várias pessoas que acompanharam esse movimento, como forma de analisarmos o porquê da nossa derrota e o que vem pela frente.

Tribunal do Júri fecha o ano julgando crime de 2011


O réu preso Erasmo Conceição Rocha, o conhecido "Zagaia", de 28 anos, será o último réu a ser julgado pela 10ª Vara Penal de Santarém, nesta quinta-feira, 13/12, a partir das 08h00. A sessão começará com a diplomação da última turma de jurados e o sorteio da primeira turma de jurados de 2013. 

"Zagaia" é acusado de matar com quatro facadas, no dia 25/05/2011, o servente de pedreiro Jardel Sousa da Costa, que à época tinha 35 anos. Os dois bebiam num bar e Jardel tirou brincadeiras com "Zagaia", que não gostou e saiu para buscar uma faca e teria aplicado as facadas na vítima.

O réu responde ao crime de  Homicídio Qualificado por Motivo Fútil, cuja pena varia de 12 a 30 anos. Debaterão no plenário o promotor público Evandro Ribeiro e o defensor público Daniel Archer, sob a presidência do juiz Gerson Marra Gomes.
Juiz Gérson Marra Gomes
lendo sentença.

Passional -  No penúltimo júri do ano, ocorrido ontem e que terminou por volta de nove da noite, o corpo de jurados da 10ª Vara Penal adotou uma posição salomônica, ou seja, acatou parte da tese da Defesa  e parte da tese da Acusação.

Por conta disso o braçal Elielson Castro das Neves, vulgo "Tatuagem", de 39 anos, acusado de tentar matar com uma facada sua companheira Maria da Conceição Ferreira Ramos acabou condenado por Tentativa de Homicídio Simples, que resultou numa pena aplicada pelo juiz Gerson Marra Gomes de 03 anos, 7 meses e 28 dias, em regime aberto.

O caso era de Tentativa de Homicídio Duplamente Qualificado, pelo motivo fútil (ciúme) e sem chance de defesa. O Ministério Público, através do promotor Evandro Ribeiro, resolveu pedir que os jurados não aplicassem a  primeira qualificadora. Já a Defesa, através do defensor público Vinicius Toledo, pediu para que fossem tiradas as duas qualificadoras, o que acabou ocorrendo.

O crime ocorreu no município de Belterra, no dia 17/12/2004, quando "Tatuagem" chegou mais uma vez embriagado e passou a discutir com a vítima que vivia com ele há 12 anos. Ela teria dito que não queria mais viver com ele, e por isso, ele usou da faca dizendo que "se não quer viver comigo, não vai viver com ninguém", segundo consta nos Autos. Conceição foi esfaqueada uma única vez nas axilas, mas teve força de expulsar de casa a remadas seu companheiro, e depois foi levada ao hospital.
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Atualizado ás 23h00 de 13/12/2012:



A maioria dos jurados definiu pela condenação do réu Erasmo Conceição Rocha, que matou com quatro facadas Jardel Costa, em maio do ano passado. O juiz Gerson Marra Gomes leu a sentença por volta de 21h00 e aplicou a pena de 13 anos, 5 meses e 15 dias, em regime fechado. O réu estava preso e não terá o benefício de recorrer em liberdade. 

A  defesa representada pelo defensor público Daniel Archer, ficou de analisar se recorre da Sentença. O promotor Evandro Ribeiro comemorou o resultado junto com o assistente de acusação contratado pela família, Marcos Nadalon. O Tribunal do Júri volta a se reunir no dia 08/01/2013.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Jornal recusa publicidade da Buriti Imóveis

Numa atitude corajosa, o Jornal O Estado do Tapajós acaba de anunciar que recusou mídia da poderosa Buriti Imóveis, responsável pelo desmatamento na área próxima ao Juá (foto abaixo). O editor Miguel Oliveira acaba de publicar no blog do jornal um post com esse teor.

Foto de Manuel Dutra

A estratégia de marketing da empresa Buriti (Imóveis e Empreendimentos), sócia da Sisa (Salvação Empreendimentos Imobiliários) tem sido tão devastadora quanto sua atividade na área em questão. Além  dos spots de TV, divulgados maciçamente com o slogan "Realizando Sonhos", invadiu a festa da padroeira dos católicos de forma acintosa, com a distribuição de milhares de ventarolas e viseiras para os romeiros.

As ventarolas da Buriti (Foto de Manuel Dutra)



BURITI: PROJETO LESIVO AO MEIO AMBIENTE

(Reproduzo aqui no blog, na íntegra, o excelente artigo da advogada Janete Gonçalves, publicado no jornal O Impacto. Janete foi minha colega no curso de Jornalismo do Iespes em 2006, onde estudou dois semestres, mas abandonou a turma para ingressar no curso de Direito. Perdemos uma grande jornalista, mas ganhamos uma brilhante advogada.)

Até bem pouco tempo atrás era aprazível pegar a estrada rumo a Alter-do-Chão e apreciar a vegetação que ladeava todo o caminho. É bem verdade que esta beleza cênica continuaria a encher nossos olhos se não fosse a ação irresponsável de uma empresa que se instalou em nossa Santarém sob o embuste de “construir sonhos”, e o que pior o Poder Executivo Municipal endossou sua entrada, facilitando a perpetração de um dos maiores crimes ambientais cometido em nosso município: o desmate de mais de 150 hectares de vegetação nativa, às proximidades do Lago do Juá e Rio Tapajós, cuja visão é apocalíptica.


Janete Gonçalves, advogada.
A supressão de floresta nativa foi tamanha que não passou despercebida nas imagens registradas pelos satélites de fiscalização ambiental presentes na região. Parece que só a estrábica Secretaria Municipal do Meio Ambiente não viu o desastre ecológico que aí está. É evidente, e, inclusive, uma determinação constitucional que a instalação de uma obra dessa dimensão, potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente requer do Poder Público Municipal, in casu, a exigência do estudo prévio de impacto ambiental, ao qual se dará ampla publicidade (CF, art. 225, §1º, inciso IV), o que infelizmente não foi feito.

Ao que tudo indica mais uma vez o Poder Público foi omisso à questão ambiental, já que seus agentes públicos ao licenciar a obra deixaram de exigir o estudo prévio de impacto ambiental e o respectivo relatório de impacto ambiental – EIA/RIMA – necessário quando se trata de projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental (art. 2º, inciso XV da Resolução/Conama nº 001/86).

A avaliação de impacto ambiental, que inclui procedimentos desde estudos de impacto até a audiência pública, é um dos canais de participação dos cidadãos e das organizações da sociedade civil em defesa do meio ambiente, sendo um importante instrumento preventivo da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) indispensável ao processo de negociação ambiental fundada no princípio da informação e da participação democrática.

No que pese ser um instrumento público que começou a ser legislado em 1981, sendo considerado pelos juristas como um exemplo da política preventiva (MACHADO, 1989), a prática habitual vem na contramão desqualificando esse instrumento de política preventiva à medida que a ampla maioria dos EIAs quando elaborados com antecedência são orientados para justificar a implantação do projeto em sua forma original e não para abrir um processo de negociação, quando não, como vem ocorrendo em nossa região, são feitos a posteriori, a exemplo do “caso Cargil”, para legitimar um fato consumado, ou seja, acabam tendo uma retórica destinada a convencer que foram adotadas todas as providências possíveis para proteger o meio ambiente.

Não será surpresa, portanto, que a mesma regra seja aplicada ao caso da Empresa Buriti, que negligenciou o EIA/RIMA, uma etapa essencial no processo de licenciamento do Projeto Habitacional, que já vêm sendo implantado às margens da Avenida Fernando Guilhon ao talante dos intentos puramente econômicos, sem respeitar os limites da sustentabilidade, tampouco a legislação ambiental existente em nosso ordenamento jurídico, representando uma afronta aos preceitos do Estado de Direito Ambiental que tanto perseguimos.

Nesse trágico enredo, mas uma vez assistiremos os impactos ambientais ocasionados pela obra criminosa da Empresa Buriti serem apresentados no discurso do Poder Público Municipal e da empresa como condição inevitável para que a população do município de Santarém possam desfrutar dos benefícios da realização de seus projetos habitacionais, de forma a realizar seus sonhos de ter uma casa própria.

Mais uma tentativa de ludibriar os munícipes de Santarém, afinal que espécie de “desenvolvimento” é esse que devasta nossas florestas e seca nossos rios, nossas maiores riquezas. Do que adianta ser possuidor de um lote, construir uma bela casa tendo como quintal o cenário da destruição do Lago do Juá. Assim, o que essa empresa vem nos oferecer é a miséria ao nosso povo, visando lucrar em troca do nosso ativo verde, que tem um preço bem superior no “mercado verde”. É possível sim, se ter crescimento econômico em harmonia com a Natureza, porém empresas irresponsáveis como a Buriti não querem internalizar os custos de um empreendimento sustentável, não querem dividir seus lucros senão externalizar os efeitos deletérios dos danos ambientais por ela causados. Nesse caso deve-se aplicar o princípio do poluidor-pagador que impõe a internalização à iniciativa privada dos custos ambientais (degradação e escasseamento de recursos naturais) gerados pelos seus empreendimentos.

Cumpre destacar que a Empresa Buriti ao construir seu projeto habitacional potencialmente lesivo ao meio ambiente no município em desacordo com as normas legais incorreu em crime ambiental, se não vejamos:

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:

Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Vale ressaltar, que mesmo que tenha obtido licença do Poder Público Municipal, caso esta tenha sido emitida com inobservância ao procedimento administrativo de licenciamento resta eivada de nulidade, devendo o ato administrativo (licença) ser fulminado do mundo jurídico.

O certo é que mais uma vez nós só procuramos colocar a tranca na porta depois de arrombada. O dano ambiental já se instalou e a cada dia seus efeitos se protraem no tempo e, com as chuvas que se iniciam tendem a piorar, já que a terra decorrente da terraplanagem efetuada pela empresa tende a assorear o Lago do Juá, já que não foi respeitada a área de preservação permanente, necessária a proteção do rio.

Essa realidade é uma amostra do despreparo do nosso Município no que tange a gestão do meio ambiente, ou seja, um reconhecimento implícito da crise do atual sistema gerador de políticas públicas ambientais. O que adianta termos um cipoal de leis ambientais se não possuímos Órgãos Ambientais idôneos na Administração Pública Municipal e, claro, bem estruturados, com pessoal e técnicos que de fato atuem na fiscalização e defesa do meio ambiente, tampouco, um conselho municipal do meio ambiente que proporcione um espaço de participação político-democrática de negociação ambiental. Todos nós, munícipes desta cidade somos atores indispensáveis nesse processo de negociação ambiental e, somos co-responsáveis na gestão deste “macrobem” que é o nosso meio ambiente (art. 225 da CF/88).

Desta forma, a melhor resposta dos santarenos à ação irresponsável da empresa Buriti é não comprar seus lotes construídos à custa do massacre de nossos recursos ambientais. Isso sim seria um exemplo de cidadania ambiental. Não somos contra a implantação de projetos habitacionais desde que respeitem a legislação ambiental pertinente, sendo construídos nos limites da sustentabilidade, sem comprometer os recursos naturais das futuras gerações.

AQUELE ABRAÇO!


ABRACE ESSA CAUSA. 

MAIS DETALHES NESTE LINK:

Mais um retorno, de tantos eternos retornos...

Os poucos leitores que ainda tentam me acompanhar por este pobre blog, sabem da minha incapacidade de mantê-lo sempre atualizado. Isso ocorre desde que o lancei em 31 de março de 2005!! O principal motivo são as muitas atribuições que acabo assumindo como ativista social nas diversas áreas, principalmente as de cunho cultural e artístico, além das limitações de horários de minha função principal de Analista Judiciário do TJE/PA, como auxiliar do juiz da Vara do Tribunal do Júri. 

Mas sempre retorno do mundo das trevas e volto a postar...E sempre acreditando que não pararei novamente...

Depois de quase três anos parado, retornei em maio deste ano e consegui arrastar aos trancos e barrancos minhas pequenas publicações por alguns meses. Consegui em alguns momentos ter grande audiência, principalmente por causa da cobertura de alguns eventos, em função de minha posição privilegiada. Isso até me causa, às vezes, o dissabor da incompreensão de quem não gosta de que haja transparência em alguns atos que são públicos por natureza, como uma sessão do Tribunal do Júri, por exemplo. 

Com a aproximação das eleições deste ano houve um interesse maior em minhas postagens, por trabalhar muitos anos na cobertura dos bastidores da política e fazer pequenas análises do que acreditava ser interessante divulgar. O período de campanha eleitoral começou (julho) e meu envolvimento direto com esse processo (por conta de minha filiação no PCdoB) me afastou novamente do blog. Trabalhei na eleição, diretamente, articulando com partidos e apoiando a campanha de candidatos que decidi ajudar. Por pouco cedi à tentação de ser um deles, mas felizmente, no undécimo minuto recuei.

Minha atuação na campanha foi produzindo programas de vereadores do partido e dando apoio à candidata que o PCdoB resolveu apoiar, a professora Lucineide Pinheiro (PT). Minha militância ficou evidente nas redes sociais, principalmente no meu perfil do Facebook. Por conta disso, acabei até rompendo algumas parcerias profissionais que mantinha no campo jornalístico, já que alguns colegas que atuavam do outro lado não gostaram de alguns posicionamentos meus. 

No dia das eleições (07/10) retornei para alguns posts e no último (anterior a este) cheguei a anunciar que indicaria os nomes que eu acreditava que se elegeriam. Minha intenção era apresentar os nomes que surgiam das conversas de bastidores, mas por estar envolvido no processo e ao mesmo tempo atuando na direção do programa da Rádio Rural de Santarém sobre a apuração, desisti da postagem, por falta de tempo e até por receio de que pudesse parecer campanha velada...

Após o programa e com os resultados saídos da urna, resolvi hibernar mais uma vez, mas sempre pensando em voltar. Acho que sempre tenho muito a contribuir escrevendo. Mesmo que seja pra levar cacetadas, por minha disposição de dar a cara à tapas, quase sempre dizendo o que outros não diriam (ou simplesmente dizendo o óbvio ululante). Me exponho francamente, pois nunca gostei de silenciar diante do que vejo. Isso não significa que eu esteja certo em minhas convicções. E por conta disso, recebo ataque gratuitos de pessoas que preferem a hipocrisia do silêncio. 

Mas meu grande mestre no jornalismo, Manuel Dutra (que até se convenceu de entrar no Facebook, após várias insistências minhas), apesar de todas as atribuições e viagens, mostra que rejuvenesce a cada dia, com suas postagens no blog que mantém na internet. E sempre me sacode para voltar a postar "nem que seja uma foto com legenda, pois fotografia é notícia", diz, sempre, ele.

Mas tenho que admitir que pelo menos num ponto alguns dos meus detratores podem até ter tido razão: minha participação direta em alguns eventos, que implicam em assumir uma postura ideológica, podem em algum momento contaminar minha tentativa de ser sensato. E até paguei um preço por isso, com ataques vis à minha pessoa em jornais e blogs de antigos parceiros que me entristeceram. Não lhes guardo rancor, mas se não querem manter as velhas parcerias, paciência! Assim como multiplico amigos, também coleciono adversários ou inimigos. Isso é natural, pois nem os deuses tem a unanimidade... 

A bela e a fera.
Talvez isso tenha me afastado do blog também, mas não posso creditar meu desleixo a isso. Na verdade, minha vida tem andado bagunçada e só começou a entrar no eixo (ou quem sabe se perdeu de vez... rs), quando meu coração passou a ter uma nova inquilina, uma jovem e brilhante acadêmica de Direito, chamada Ana Charlene (foto ao lado), com quem tenho dividido as angústias do dia-à-dia nos últimos seis meses (Uau, uma eternidade!). O amor rejuvenesce e o blog começou a exigir minha volta, mas mesmo assim resistia em voltar a escrever. Ela foi mais forte e retornou a postar no seu blog perdido em um Lugar Qualquer do mundo virtual onde sempre escrevia suas "bobagens rimadas", como ela diz.  

Nos últimos dias me envolvi num evento que surgiu quase que por acaso, por conta de minha indignação estampada numa postagem, no Facebook (minha trincheira virtual nos últimos tempos), sobre o maior crime ambiental que a cidade de Santarém vivencia nos últimos anos, por conta da sanha de uma empresa imobiliária que antecipa os problemas que teremos nos próximo anos com o tal do progresso. Isso me levou a convocar, junto com outras pessoas, o ABRAÇO AO JUÁ, pelo Facebook.

Volto hoje, 11/12, às vésperas deste ato público (Abraço ao Juá), mas principalmente em mais uma madrugada sem sono (notívago que sou...) em que me recordo que há um ano estávamos todos (de Santarém e oeste do Pará) envolvidos numa grande luta: O PLEBISCITO PELA CRIAÇÃO DO ESTADO DO TAPAJÓS

Nos próximos posts falarei disto, do Abraço do Juá e em breve uma reflexão pessoal sobre as eleições deste ano, que venho preparando desde o final do processo eleitoral. Agora, o sol bate na janela e me avisa que mais um dia está chegando, e que daqui a pouco terei que vestir minha "capinha do Batman" e atuar em mais um júri popular... (rs)

Aqueles que gostam do que escrevo, torçam para que eu tenha forças de continuar as postagens. E aqueles que não gostam, continuem torcendo para que eu pare de escrever em definitivo, pois a melhor verdade, para alguns, é aquela que nunca é dita...

P. S.: Espero que o mundo não acabe dia 21/12 e minha volta tenha sido tardia (rs).