domingo, 22 de abril de 2007

Encanto

A bela foto acima é o maior cartão postal de Santarém:
o encontro das águas do Amazonas com o Tapajós, em frente à cidade.
O registro é do experiente fotógrafo Édson Queiroz e foi publicado no Blog do Alailson Muniz, editor-chefe do Jornal de Santarém e do Baixo Amazonas.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Meu reino por uma pílula! (*)

Antes de qualquer interpretação apressada, não sou hipocondríaco. Muito pelo contrário: detesto ir ao médico, visitar amigos ou parentes no hospital e sou extremamente indisciplinado para acompanhar qualquer receita médica (ir ao médico já é um sacrifício!). Na verdade, tudo isso acaba sendo causa e efeito de uma série de maus hábitos que cultivei na juventude e que enfraqueceram muito cedo o organismo que não aprendi a cuidar. Já até falei sobre isso em artigo anterior, sobre obesidade e sedentarismo.
Cheguei a tal situação que já criei uma tabelinha para administrar minhas dores: segundas e quartas são dias de dor de cabeça e nas articulações; terças e quintas dor de dente, de ouvido e das vias nasais; sextas e sábados, a famigerada dor de barriga. Aos domingos, como não sou de ferro, sinto dores de dente, de barriga, de ouvido, das narinas e da cabeça o dia todo... Por isso é que atualmente vivo na chamada fase do Homem-Condor, ou seja, vivo reclamando que estou com dor disso, com dor daquilo...
Daí porque vivo atrás de pílulas! Meu reino por uma pílula para aplacar as dores!
Mas antes de falar nelas, tenho que dizer que em termos de cuidado com o corpo fui um péssimo discípulo de meu pai que naõ cansou de me ensinar: “nosso corpo é como uma máquina. É preciso saber usá-la e conservá-la, cuidando de cada engrenagem para que a máquina não quebre”. O velho grego, maquinista de si mesmo, hoje no alto de seus 86 anos esbanja saúde e está tão enxutíssimo que sempre digo a ele que ainda vai acabar enterrando os filhos (toc, toc, isola!)!
Aposentado, o velho Ninos resolveu curtir a vida na terra natal, trilhando os caminhos de Alexandre, o Grande, na velha Macedônia, norte da Grécia. Enquanto curte a bela idade, se gaba sempre de que isso tudo começou quando chegou à minha atual idade e decidiu parar de fumar (quem o vê não pode imaginar que tenha sido, algum dia, fumante) e abdicou de comer carnes verdes para optar pelo cardápio vegetariano. Sem contar com a eterna ginástica, caminhadas, sexo e outras estripulias que geralmente a terceira idade já não consegue fazer!
Eu que estou na minha segunda juventude, já pareço um velho arcaico cheio de doenças, cansado, estressado... O pior é que não bebo e nem fumo, entretanto adoro comer carnes (todas elas!), sou um workaholic e me divido em diversas funções acreditando num sonho quixotesco de salvar o mundo, mas mal consigo salvar a própria pele. Quando não estou no computador do Fórum, atrás de uma pilha de processos, estou no computador da TV elaborando mil projetos, ou no computador de casa escrevendo artigos ou trabalhos de aula.
Posso dizer que sou o Ninobanco, o banco que funciona 30 horas! Insone, assisto o Corujão e “notinavego” na internet escrevendo em blogs, acessando os orkuts da vida, batendo papos e enviando e-mails, e de vez em quando dando uma “espiadinha” em sites menos recomendáveis, pois o cansaço não me deixa dormir. Quando enfim as pálpebras capitulam, meu galo eletrônico do celular cacareja: Aco-corda, Caaaara!
E haja pílula pra dormir, pra diminuir apetite, pra acabar com a dor disso, daquilo, daquilo outro... Dia desses, na madrugada de sexta pra sábado (dia de dor de barriga) peguei o saquinho de pílulas meio dormindo-em-pé e nem vi as instruções de como e quando tomá-las. Resultado: acabei tomando um laxante (que nem era meu) e passei a madrugada sentado no velho trono!
Pior ainda foi uma época em que recebi pílulas de todas as cores e de todos os tamanhos (me recusei apenas de usar o supositório e as injeções, que aí já era demais...). “Um tratamento infalível, para curar todas as dores” – dizia, sorridente, meu médico (com cifrões no lugar das pupilas antevendo as comissões que receberia do representante da indústria farmacêutica...).
Como vivia me esquecendo do que tomar, passei a ingerir pílulas que me ajudavam a recordar de que pílulas eu deveria tomar: a pílula azul me ajudava a recordar que às seis da manhã era hora de tomar a pílula verde; a pílula verde me recordava que às 10 horas era para tomar a pílula vermelha, para recordar de tomar a pílula amarela ao meio-dia, que enfim me recordaria de tomar a pílula roxa que era para... bom, me esqueci pra que servia esta última pílula...
Podem imaginar como o tratamento não deu certo?!
Por dever de ofício e de cidadania tenho lutado pela abertura do Hospital Regional, mas pergunta se vou querer entrar lá? Tenho verdadeira aversão a médicos, clínicas e hospitais!
O último tratamento de dente que fiz abandonei no meio, quando o dentista falou que precisava fazer “uma pequena cirurgia na gengiva”. Todo paciente de dentista vive de boca aberta, pois é a única profissão que nos deixa de queixo caído e por isso perguntei, boquiaberto: “xinxeramentxe, como xerá exa xirurxia na xenxiva, dotxô?”. Ele responde simetricamente: “um pequeno corte longitudinal, para abrir uma cavidade próximo ao palato para que eu possa introduzir um aparelho e...”.
Eu já estava desmaiado... Foi o jeito me dispensar e dar mais pílulas, para que eu retornasse outro dia. Até hoje não voltei lá.
E assim vou levando minha vida em pílulas, até que a morte me separe...
(P.S.= a única pílula que ainda não é bem-vinda em meu cardápio é a pílula azul.)
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(*) Artigo inserido em minha coluna semanal Perípatos, publicado esta semana, no Diário do Tapajós, encarte regional do Diário do Pará.

Rounds

Um interesante debate sobre a questão da "honestidade intelectual", levantada pelo jornalista Miguel Oliveira (O Estado do Tapajós) por conta de meu post Grupo teatral processa prefeitura, vem sendo travado na caixa de comentários do texto enviado por aquele jornalista, com participações de Jeso Carneiro e Val-André Mutran.
Com direito à réplicas e tréplicas.
Juvêncio Arruda, especialista em caixinhas de comentários, ainda não passou por lá. E você?
Entre neste debate acessando AQUI.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Carta de um “homem-peixe-jornalista” ao Diário do Pará

Tenho 43 anos, 23 dos quais atuando como jornalista sem-diploma e quase sempre mal-remunerado nesta Pérola do Tapajós. Atualmente, exatamente por circunstâncias financeiras, sou funcionário do Judiciário, mas apesar disso me recuso em abandonar a profissão com a qual me identifiquei desde a minha primeira juventude.
Além de fazer o papel de “assessor de imprensa informal”, não-remunerado, da Comarca de Santarém (autorizado pela presidência do TJE), mantenho precariamente este blog na internet e ainda arranjo um tempo para trabalhar na TV Tapajós (Globo) auxiliando a diretoria na Comunicação Corporativa da empresa.
Tal multifuncionalidade, às vezes, me impede de reagir a determinadas informações veiculadas que merecem respostas imediatas como a que passo a dar neste momento, exatamente ao jornal com o qual também colaboro semanalmente: o Diário do Pará (através de crônicas no Diário do Tapajós, seu encarte regional), e do qual já fui correspondente por duas vezes: em 1985 e em 2005, esta última a convite do empresário Jader Barbalho Filho que aqui esteve e sempre mostrou acreditar no potencial de Santarém (e do qual não acredito que comungaria com a informação irônica publicada em seu jornal, que vou comentar).
E faço isso no meu blog sem medo de estar sendo antiético, pois creio que a nota a que vou me referir, quando foi publicada, escorregou nessa mesma ética deixando-me à vontade para um desabafo que acredito ser não só dos colegas jornalistas que aqui militam, mas também dos santarenos em geral. Escrevo sem a pretensão de uma resposta ou mesmo de sua publicação no Diário do Pará.
Mas vamos ao que interessa.
Semana Santa, ao que parece, rima com peixe. Talvez por isso que um “inspirado” colega da redação do Diário do Pará resolveu jogar a mim e outras centenas de jornalistas santarenos nas águas do Tapajós! Isso deveria ser motivo de orgulho para mim, pois foi nelas que eu aprendi a nadar quando aqui cheguei há quase 30 anos! Entretanto, fui parar nestas águas numa infeliz comparação na coluna Repórter Diário, de quarta-feira (04/04), quando o editor de plantão encerrou uma nota sobre os cursos de jornalismo em funcionamento nesta cidade de forma irônica, dizendo que “Daqui a pouco (...), haverá mais jornalistas em Santarém do que peixes no rio Tapajós”...
A nota, que começou com informações interessantes sobre a disputa acirrada entre as duas instituições de ensino superior de Santarém que lançaram os cursos de Jornalismo e Publicidade, escorregou feio no final e contribuiu para denegrir com os dois cursos e com os jornalistas daqui.
Inicialmente é bom frisar que sou favorável ao diploma de Jornalismo. Tanto é que já abandonei outros dois cursos (Letras e Direito) para tentar me formar naquela que sempre foi minha profissão. E não porque precise de diploma, mas porque almejo adquirir mais conhecimentos teóricos que, aliados à minha experiência possam servir para repartir esse conhecimento com as gerações futuras, quem sabe até como docente.
Atualmente estou engajado na luta que os jornalistas travam em todo o país a favor do diploma até porque como sindicalista, num passado recente, fui um dos que lutou para vinda deste curso para Santarém, pela UFPa., no início da década de 1980, o que só se concretizou agora com as duas faculdades particulares, FIT (Faculdades Integradas do Tapajós) e Iespes (Instituto Esperança de Ensino Superior).
Não tenho procuração dos diretores de nenhuma das instituições citadas para defendê-las, mas na qualidade de ex-aluno de uma e atual aluno de outra, creio que cabe um esclarecimento sobre a tal “Guerra das faculdades” citada na nota do Diário do Pará. Essa disputa realmente aconteceu, mas creio que isso faz parte de um processo natural de conquista de mercado e depois de algum tempo, cada qual consolida suas estratégias e, provavelmente, haverá um momento em que ambas (principalmente incentivadas por seus acadêmicos) buscarão um consenso. Uma disputa desleal não serviria a nenhuma das duas faculdades (e nem acho que essa seja a intenção delas), já que o mercado de professores para os dois cursos é problemático.
É aí que o colega de Belém, ao falar dessa “guerra”, não olhou para o próprio umbigo. Se ele for um jornalista diplomado em Belém há algum tempo, provavelmente passou pela UFPa., única instituição que oferecia o curso no Pará nos últimos 30 anos. Mais recentemente a Unama implantou o seu curso e pelo que sei (alguém me corrija se eu estiver errado), há hoje outros 5 cursos de Jornalismo funcionando em Belém!
Quer dizer, será que é só o Tapajós que vai ter “mais jornalistas do que peixes”, cara-pálida do Guajará? É por essas e outras que a população dessa região luta por sua emancipação política, já que vez por outra torna-se alvo de comentários discriminatórios como esse.
É bom que o colega olhe em volta na redação, e provavelmente se depare com algum santareno, ou descendente de, trabalhando ao seu lado. O confrade Elias Ribeiro Pinto que o diga...
E se o colega pesquisar mais em outras redações ou nos cursos das universidades, fatalmente topará com outros santarenos que colaboram com o engrandecimento do jornalismo paroara. Ele mesmo citou em sua nota um deles: Manuel Dutra, um baluarte pela implantação deste curso em Santarém (ainda pela UFPa.). Sem contar com o Lúcio Flávio Pinto e tantos outros que comprovam a tradição do jornalismo santareno de qualidade iniciado há mais de 150 anos no jornal “O Amazoniense” e consolidado nas ondas do rádio nos anos 60, com a Rádio Rural, mesmo sem-diploma até hoje.
Quero lembrar ainda ao colega, que os dois cursos já estão produzindo novos talentos, alguns já estagiando em emissoras e jornais locais. Isso sem contar que os jornalistas sem-diploma experientes continuam atuando nas empresas locais, entre elas o próprio Diário do Pará, cujo casal de correspondentes (Albanira Coêlho e José Ibanês) estudam no Iespes e na FIT, respectivamente!
Na qualidade de homem-peixe-jornalista posso afirmar que quero sim me formar, exatamente para me atirar nestas águas do Tapajós e continuar revelando os mistérios desta Amazônia sem-fim. E não como um falso homem-peixe como o que foi alardeado ano passado por um dos jornais locais, em busca de maior vendagem nas bancas. Nem tampouco como o homem-peixe da Eslovênia que tanto encantou nossos olhos com suas proezas. Muito menos como o peixe/jornalista cunhado pelo ilustre desconhecido colega do Diário do Pará.
Meu caro, sem ressentimentos: que os nossos rios tenham tantos peixes quanto jornalistas competentes que ajudam a contar a história do Pará.
Diariamente.

Auto-retrato

Essa é a minha situação atualmente... (no belo traço do cartunista Léo Martins)

domingo, 8 de abril de 2007

A arte a serviço da ideologia

As maravilhas da tecnologia nos ajudam, há cada dia, a ter mais informações pela internet.
Há algum tempo venho recebendo notícias em meu e-mail de acordo com os temas que escolho, e isso me ajuda a descobrir textos interessantes como esse que estou postando agora, do jornalista André Cananéa do Jornal da Paraíba, sobre um de meus grandes ídolos e que faz parte de minhas propostas de divulgação neste blog: Chico Buarque.
A reportagem tem como título A arte a serviço da ideologia e faz um retrospecto do papel da música de protesto na sociedade moderna, a partir da resenha de um livro lançado recentemente sobre Chico Buarque e Bob Dylan, dois expoentes desse tipo de música, o primeiro na América Latina e o segundo em nível mundial.
Acompanhe a leitura:

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A garotada da geração iPod, com certeza, não se lembra. Mas muito, muito tempo antes de CPM-22, Pitty e até O Rappa havia um sentido social importante na música (sim, muito maior do que nas letras de O Rappa). Havia poesia, mas também ideologia. Isso foi antes do emocore, do hardcore, da música eletrônica. Antes mesmo da ascensão do rock brasileiro. Cazuza, em 1988, recla-mava: “Ideologia, eu quero uma pra viver”. Renato Russo, anos antes, já taxava a falta de idealismo da juventude de então: a geração Coca-Cola só queria saber de consumir.
Mas ali, por volta dos anos 1960 e 1970, os refrões clamavam por um país livre, pela garantia de direitos civis e contra uma máquina opressora, fosse aqui ou lá fora. No Brasil, um dos grandes porta-vozes dessas angústias sociais foi Chico Buarque. Na América, a música de protesto ganhou uma das suas melhores traduções nas letras de Bob Dylan. Inseridos dentro de um contexto histórico importante, Chico e Dylan se tornaram ícones, heróis de uma geração e exemplos de compositores que, parece, o tempo esqueceu de produzir.
Poesia e Política nas Canções de Bob Dylan e Chico Buarque (Nova Editora, 207 páginas, R$ 35) é, mais do que uma análise técnica da importância desses compositores para a música. Trata-se de um resgate de um tempo onde a música cumpria uma função social sem precedentes para a história humana e social do planeta. “Nesta abordagem, procuraremos evidenciar que, em determinado período, Bob Dylan e Chico Buarque colocaram sua poética em prol de um programa e expressaram seu pensamento crítico, apelando para o sentido de justiça e igualdade social”, escreveu a autora, Ligia Vieira César, lembrando que essa postura, no caso de Dylan, deságua na ‘protest song’ (música de protesto) americana e no caso de Chico, no samba-protesto.
Professora e pesquisadora paranaense, Ligia examina a ideologia e a contra-ideologia na literatura de protesto. Sua análise, como dita anteriormente, é técnica e seu texto, acadêmico. Portanto, não se trata de um ensaio literário sobre a beleza e a importância desses dois cânones da música, mas uma análise bem fundamentada, a luz de autores clássicos, sobre a obra de Chico e Dylan. “É necessário ressaltar que, ao analisarmos a postura ideológica das canções desses autores, partimos de pressupostos teóricos sobre ideologia”, escreveu a pesquisadora em seu livro.
Lígia começa seu livro remontando ao surgimento da balada e da canção de protesto e também do surgimento do samba-canção e da bossa-nova para contextualizar Dylan e Chico em um cenário político-histórico que remete aos idos de 1964. “Com esta obra, procura-se demonstrar que, apesar das dessemelhanças culturais e políticas, ambos os autores se coadunam ideologicamente, na temática de protesto e nas formas composicionais de suas canções”, diz a autora.
Dylan saiu de sua Minnesota natal e se mudou para Nova York, onde passou a conviver com poetas beatnik, em 1961. Abraçou o rhythm & blues, o folk e, mais tarde, o rock e aderiu às canções de protesto que pregavam contra as guerras, o establishment e desejava um mundo mais justo, como apregoava a ideologia hippie dos anos 60/70, fruto exatamente na geração beat. Enquanto isso, o Brasil vive mergulhado em uma ditadura opressora e a classe artística acaba se tornando a porta-voz de um país sufocado. E é neste ambiente que Chico, com talento e grandes sacadas, contribui para a abertura do processo democrático, sob o qual vivemos hoje.
No fim das contas, Heloísa Buarque de Holanda, que assina junto com Alice Ruiz a contracapa do livro, tem toda razão. “Se hoje se duvida da eficácia da articulação entre poesia e política, o trabalho de Lígia Vieira César, por meio de um cuidadoso exame do processo construtivo dessa articulação, aponta para o horizonte da permanência e da vitalidade do papel da poesia em nossos dias”.
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Caricaturas de Dálcio (Chico) e Vizcarra (Dylan). Capa do livro, Nova Editora (divulgação).

quinta-feira, 5 de abril de 2007

"Honestidade intelectual"

Recebi o seguinte e-mail, sobre a notícia anterior e publico:

Jota Ninos.
Não sei se por desinformação ou leviandade trouxestes o nome do jornal O Estado do Tapajós ao teu texto sobre o grupo Olho D’Água.
Se tivesses o mínimo de honestidade intelectual, deverias informar aos teus leitores que esse assunto foi manchete de capa do jornal na última quarta-feira (PMS dá calote em grupo teatral).
Afirmar que a Sívia Vieira é a editora de O Estado do Tapajós é uma prova de quantos andas ou te fazes de desinformado. O nome do editor do jornal é Paulo Leandro Leal, desde 3 de janeiro de 2007.
Sem mais,
Miguel Oliveira - Jornalista(Reg Fenaj 581)
Minha resposta:
Miguel, realmente cometi um pequeno lapso em relação à Sílvia, mas logo depois de postar a notícia inseri um "ex" na frente (não sei onde ela está trabalhando hoje e a última referência era o teu jornal). Numa coisa realmente tens razão: ando muito desinformado, por falta de tempo em meu trabalho e não tenho lido nenhum jornal, nem mesmo no qual escrevo!
Recebi o e-mail do Élder e publiquei, assim como provavelmente o fizeste (já que foi um comunicado à Imprensa). Se O Estado do Tapajós foi o primeiro a divulgar, parabéns! Meu pobre blog não tem intenção de competir com ninguém.
Minhas desculpas se te causei algum transtorno. Não foi minha intenção, nem tampouco foi leviandade (se assim fosse nem teria enviado a informação do que postei no meu blog por e-mail pra ti, pois aí seria no mínimo burrice minha...).
Vou incluir teu comentário no meu blog como demonstração de minha "honestidade intelectual". Não tenho problema com isso.
Abraços fraternos,
Jota Ninos

Grupo teatral processa prefeitura

Recebi por e-mail e divulgo, um preocupante comunicado de um dos grupos teatrais que mais têm contribuído com nossa cultura local:
COMUNICADO À IMPRENSA

O Grupo de Teatro Olho D’água, realiza ações culturais em Santarém desde 2001 com montagem e apresentação de espetáculos teatrais premiados que já representaram a cidade em festivais regionais, estaduais e em mostras de outras regiões, representando também o Estado, sempre buscando fazer um trabalho consistente e com qualidade, assim, sistematizou apresentações teatrais numa cidade que não tem teatro, não possui um espaço digno e adequado para a realização de seus trabalhos, isto se estende com toda certeza a todos os segmentos culturais.

Nosso desabafo e indignação se dá por conta da maneira como a Prefeitura Municipal de Santarém vem conduzindo o setor cultural em nossa cidade. Desta maneira viemos trazer a público que o Grupo de Teatro Olho D’água está PROCESSANDO a Prefeitura de Santarém/Secretaria Municipal de Planejamento através do Ministério Público com a ação de cobrança judicial tendo por objeto um convênio firmado em fevereiro de 2006, entre o grupo e o referido órgão (Semplan) que não efetuou o repasse da verba desde outubro de 2006.

O que nos causa tristeza e inúmeros transtornos é a falta de comprometimento com o acordo firmado anteriormente, que reflete na forma desrespeitosa nas inúmeras vezes em que fomos procurar a Secretaria na tentativa de marcar reuniões com o secretario Dr. Everaldo Martins Filho, pois na Prefeitura a informação que nos foi dada é que ele é a pessoa que resolve esse tipo de “problema” e não tivemos nenhum retorno do mesmo, esbarrando sempre em seus assessores que não têm autonomia pra nada, assim como a Coordenadoria de Cultura.

Seus assessores foram avisados que estaríamos comunicando a sociedade através da imprensa da região bem como iríamos procurar uma instância maior para as devidas providências e ouvimos a seguinte frase: “... Cultura não é prioridade e a imprensa não vai pagar vocês...” (Manoel Batista – Contador da Semplan).

Acreditamos sim que a imprensa não paga conta de ninguém, mas, é um segmento poderoso da sociedade que sensibiliza, comunica, informa e com ética e responsabilidade denuncia e investiga os fatos.

Não queremos uma ação paternalista, pois desde o primeiro momento da conversa no sentido de firmarmos esse convênio deixamos bem claro que seria muito bem-vindo, pois, são muitas as dificuldades em fazer este trabalho aqui na cidade, mas, não vai ser por falta de apoio do governo que nossas ações culturais deixarão de existir.

“Quando o povo está de barriga cheia e com saúde, ele procura o belo” (anônimo)

Elder Otávio Santos Aguiar
Coordenador do Grupo de Teatro Olho D’água

Contato: (93) 9123-8555/ elder.aguiar@hotmail.com
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Comentários do Blog:
  • Inicialmente, os grifos da nota acima são de minha autoria;
  • A notícia em si já não me espanta, mas não deixo de me entristecer com mais essa nota contra a cultura local. Quando imagino que chegamos ao fundo do poço, descubro que o magnânime Dr. Everaldo Martins Filho, prefeito de fato de nossa cidade, consegue se superar cada vêz mais;
  • Não bastasse o desgoverno, o destempero e o despreparo das principais figuras desta administração, nos últimos tempos elas têm conseguido provar que estão cada vêz mais distantes dos velhos ideais petistas, como por exemplo, a demissão de garis e de professores para cumprir com exigências da lei que não permite que os gastos com pessoal ultrapassem 60% da arecadação, enquanto mantém a contratação de centenas de assessores especiais bem remunerados;
  • Isso sem contar que a Cultura virou objeto de barganha política, em troca de dois votos na Câmara, um deles indicando a própria esposa para o cargo! O vereador Emir Aguiar (PR) que me perdoe, mas poderia evitar esse inútil desgaste pelo menos deixando que a Coordenadoria de Cultura fosse comandada por alguém com mais experiência do que sua mulher! E seu partido tem pelo menos uma pessoa com esses requisitos, o jornalista e poeta Ednaldo Rodrigues...
  • Conheço a batalha travada pelo casal Élder e Elizangila, à frente do Olho D'água, encenando peças de sucesso como a hilária "As Bondosas Mulheres Choradeiras" (foto) e por isso dou crédito às suas acusações e apoio à sua luta na Justiça para cobrar o que lhes é de direito, junto à Prefeitura;
  • Também conheço o Manoel Batista, irmão de um ex-sindicalista e ex-companheiro de república dos meus tempos de solteiro, o João Batista Vieira, hoje Chefe de Tributação da Prefeitura, e por isso não posso crer que tenha dito tamanha baboseira ao Élder! Até porque Manoel Batista é casado com uma colega jornalista, Sílvia Vieira, ex-editora do jornal O Estado do Tapajós!;
  • Não é a primeira vez que um agente cultural reclama publicamente do Batista. Ano passado, o artista plástico Apolinário também o criticou em Carta Aberta publicada no Blog do Jeso. Por conhecer o jeito calmo do Batista, se forem verdade tais reclamações, só posso entender que ele está sendo vítima de um intenso estresse por ser sempre escalado por Everaldo para dar desculpas esfarrapadas e enxotar credores da PMS...;
  • Tenho feito muitas críticas ao PT aqui no meu blog, decepcionado com os descaminhos do partido após chegar ao poder. Sempre deixei o espaço para o debate dialético, mas apesar de alguns sorrisos amarelos petistas (ou o ranger de dentes de alguns mais exaltados que me chamam de "traidor") que me encontram por aí, até hoje nenhum se dignou a usar este espaço e rebater qualquer informação;
  • Volto a oferecer o espaço para que tanto o Everaldo quanto o Batista, expliquem mais este imbróglio cultural.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Uma nova era para Santarém

O artigo publicado ontem aqui no blog sobre manifestação pelo funcionamento do Hospital Regional, vem recebendo alguns comentários dos leitores. Destaco o que foi feito pelo jovem designer industrial com mestrado em engenharia mecânica, Aldrwin Hamad:
Na fé cega da política partidária o "demo" a que se referiu o dr. Helenilson acaba sendo exorcisado, dia após dia, ano após ano num ritual lento e gradual de destruição de suas entranhas, ora com repressão e tortura e posteriormente com uma ilusão hipnótica de que "deuses" cuidarão do corpo enquanto a alma duela com suas assombrações. Lutemos para deixar os demos livres.
Parabéns J pelo texto. Sinto que estamos entrando numa nova era na cidade. Um momento onde as cabeças "destravadas" que esta terra gerou estão dando o retorno do investimento. A sua compreensão que parece óbvia para alguns ainda é algo chocante e inexplicavelmente ofensivo para outros que insistem na farsa, na mentira e na ilusão alheia.
Textos como este teu ajudam a sociedade a interpretar e adquirir pontos de vista diferentes do que o Stablishment (eu li seu ultimo artigo and i do speak portuguese) prega.
Este é um daqueles momentos que não podemos deixar passar. É preciso apoio de todos os lados que enxergam a importância de eventos como estes contra as "forças ocultas" que por mais incrível que pareça vem, nesta hora, justamente de quem passou a vida toda sofrendo com falsas acusações e desvirtuação ideológica.
Que a culpabilidade pelas causas sejam punidas pela justiça, mas o que interessa agora é que vidas sejam salvas com a estrutura existente.
Aldrwin Hamad.
Para ler o artigo, os comentários postados e também para comentar, clique AQUI.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Comentando "Do you speak português?"

A colega jornalista e editora do Diário do Tapajós, Albanira Coêlho postou este comentário sobre meu artigo "Do you speak Português?":
Excelente seu artigo e confesso não ser suspeita para falar, não apenas por fazer parte da equipe que viabiliza a publicação, mas por estar em meu quarto ano lutando para escrever e falar fluentemente o tão exigido inglês, no atual mercado de trabalho. Até porque acredito ser "obrigação" do próprio jornalista de ampliar seu conhecimento em pelo menos uma língua estrangeira.
Tenho observado que a luta em conhecer e se adaptar ao estrangeirismo linguístico tem contribuído para que os brasileiros acabem deixando de lado a busca pelo português correto. Juro ter ficado horrorizada quando assiti em canal de televisão, um apresentador soletrar a palavra "ABSCESSO" e ele ter adicionado a letra "H" na frente, além de substituir os dois "SS" pelo "Ç"! Sem contar outros e outros artistas famosos e que fazem tudo para se manter em evidência, que erraram palavras muito usadas em nosso cotidiano, como a "HIPERTENSÃO", que eles fizeram o favor de tirar a letra "H", inicial.
Não só na periferia, mas nas áreas centrais de bairros em Santarém, Belém, Manaus, Boa Vista, Macapá, Porto Alegre..., pudemos notar os erros de português nas placas oferecendo algum tipo de serviço e que, inclusive, já foi tema de reportagem na rede de televisão de maior audiência do País. No centro de Porto Alegre, região Sul do Brasil, onde a educação é considerada bastante desenvolvida, peguei um susto ao ver uma loja oferecendo serviço de "CONCERTO" de máquinas de lavar. No entanto, observo que são pouquíssimos os erros de pessoas que, mesmo sem conhecer o significado, arranham um ENGLISH, falado e escrito, e que fazem um esforço tremendo para evitar os erros, enquanto que o português....., vamos deixar pra lá!!!!!
Albanira Coelho.

Meu Comentário: Albanira tem razão. O estrangeirismo usado de forma exacerbada pode nos levar a esquecer como se fala o português! Essa foi minha intenção em levantar o tema para que professores e estudantes de Letras discutam em sala de aula. O "internetês", língua falada por internautas, é um subproduto desse estrangeirismo "mande in MTV"...

Cidadania se constrói nas ruas, em vigílias e manifestos(*)

Existe uma coisa poderosa que “anda nas bocas, anda nos becos” - como diria o poeta - e que vez por outra se revela um impetuoso tsunami capaz de mudar a história, aqui e alhures.
São aqueles seres que geralmente são chamados de “povo”, massa disforme, sem rosto, que costuma encher a boca de gente sem escrúpulos para definir ideais que quase sempre terminam em latas de lixo, mas que um dia se regurgita, se agita, expele sua ira e se esparrama pelas ruas feito lava vulcânica e lava a própria alma.
É aquela gente que sofre e que se resigna, mas que um dia se exaspera e já não espera e parte para uma luta, mesmo que desesperada, em ser mais do que massa de manobra, eleitor, telespectador...
Vez por outra essa gente descobre que a cidade é realmente deles, e não logomarca. É gente que faz um verdadeiro mutirão, puxirum, e não slogan de campanha.
É gente que descobre que cidadania não se forja e nem é uma corja que chega ao poder. É gente que não tem ideologias ou fantasias. Capitalismo, comunismos ou outros “ismos” ficam para trás, porque o mais importante é gritar, é explodir, conquistar a cidadania.
Povo é mais que multidão ensandecida. Povo é poder, quando quem está lá não sabe exercê-lo.
Há muito se debate a eficácia da democracia representativa. Eleger um representante pode ser o começo de uma mudança ou a manutenção de um mesmo caos. Seja nos aeroportos, nas ruas ou num hospital que não funciona. A democracia que esse povo busca, aos poucos passa a ser a participativa.
Democracia e cidadania são conceitos amplos e que podem ser usados apenas como joguetes de minorias. Mas quando aquela gente chamada de povo decide caminhar e cantar, as coisas andam.
Santarém, como qualquer cidade do mundo, vez por outra torna-se palco desse tipo de embate. O povo daqui sabe ser povo quando quer. Pode parecer que na maioria das vezes seja pacífico, beirando o passivo, mas basta uma fagulha, uma centelha, e a gente explode.
Nos últimos tempos vimos Santarém se tornar um quase-cenário de guerra entre grupos que se autodenominam desenvolvimentistas e outros que se acham ambientalistas. Neste caso, ainda há feridas abertas e não houve um clareamento sobre o certo ou o errado. Ou pelo menos o óbvio.
Mas há quase uma década, milhares de pessoas foram às ruas exasperadas por uma situação caótica e se uniram no alto de todos os “ismos” em busca de uma luz no fim do túnel. Literalmente. Era é um tempo de trevas e desculpas esfarrapadas culpando São Pedro pelo apagão de energia. O povo foi às ruas, mesmo com lideranças partidárias que tentavam tirar proveito da situação. Isso nunca faltará. Mas o objetivo era inconteste. Venha a luz do nosso reino. O governador de plantão, capitulou, e imediatamente iniciou as obras do tão sonhado Linhão de Tucuruí.
A saúde era outro problema antigo e que há muito aguardava uma posição. As urnas começaram a ameaçar os poderosos de plantão, e num toque de caixa, lá estava o prédio, construído e inaugurado nas coxas, em busca de preciosos votos para se manter no poder por mais tantos anos.

Maquete do Hospital Regional de Santarém

Mas o povo é impiedoso com quem mente e não se deixa enganar por “presentes de grego” (ops...): surra nas urnas e a esperança de que a lição ficou. Só que a realidade vem e nos mostra que a novela estava apenas começando... Nossa nova luta por cidadania, através de uma democracia participativa é para que aquele prédio não se transforme em mais um elefante branco.
Passados três meses, o hospital não funciona e de repente algumas entidades populares e empresariais lançam um manifesto que atinge o âmago das autoridades de plantão. Está dada a senha para uma nova batalha a ser travada nas ruas, pela nossa cidadania. A resposta do novo governo de que “a ativação do Hospital Regional do Oeste do Pará, no presente momento, representaria uma atitude irresponsável, pois o mesmo não atenderia às necessidades da população”, é no mínimo hipócrita.
Sabe-se que a construção do hospital foi feita a toque de caixa e com objetivos demagógicos de um governo em fim de feira, mas isso não justifica que o novo ocupante do posto não mantenha um canal de diálogo com a população e mostre que realmente tem interesse em fazê-lo funcionar!
Os comentários de bastidores indicam que por trás do hospital há uma disputa política entre o grupo que entrou com o grupo que saiu. Fala-se em cifras de milhões de um convênio espúrio, deixado pela administração passada para que esta assumisse o ônus. E de repente, a solução é matar pelo cansaço quem foi definido como gestor do hospital regional?
O povo, essa massa disforme que vaga em busca de respeito pelas ruas não conhece o grupo que foi escolhido para gerenciar o hospital e nem se interessa se são do PQP ou de outro partido.
Se existe algo de podre no reino da Dinamarca, que o Hamlet de plantão deixe as dúvidas de lado e passe à ação. Se o convênio não é bom para o Estado, porque não o desfizeram?
Se o hospital precisa de outros investimentos para funcionar sua estrutura porque não priorizam essa ação? O mínimo que se espera de um novo governo, é transparência. Paciência tem limites. Depois não entendem porque queremos ser um novo estado.
Vamos construir nossa cidadania nas ruas, com vigílias e manifestos. As autoridades de plantão um dia usaram desses meios e chegaram ao poder. Sabem o que é força do povo e têm que saber separar o joio do trigo. Não adianta sair por aí se escudando no velho jargão defensivo de que existam “más intenções de determinadas frentes políticas”.
Políticos mal intencionados e oportunistas sempre existirão. Fora ou dentro do poder.
Mas a rua é do povo cidadão. Vigilante. Sempre.

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(*) Artigo inserido em minha coluna semanal Perípatos, publicada em 03.04.2007 no Diário do Tapajós, encarte regional do Diário do Pará.